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Adolescente judia faz cerimônia de gênero neutro no lugar do bat mitzvah

Bandeira representativa da comunidade LGBTQ - Istock
Bandeira representativa da comunidade LGBTQ Imagem: Istock

De Universa, em São Paulo

27/07/2020 09h46

A norte-americana Ruby Marx, 13, de família judia, decidiu fazer de seu bat mitzvah uma cerimônia de gênero neutro e recebeu o apoio de sua família e de sua rabina. Ela descreve sua experiência em texto publicado hoje no site britânico The Guardian.

O evento marca o amadurecimento do menino (bar mitzvah) e da menina (bat mitzvah) na comunidade. No caso de Ruby, foi realizado um B mitzvah ou b'nai mitzvah, diz o site.

"Minha irmã mais velha teve um bat mitzvah, então eu sabia que teria que ter um também. Mas eu não queria ser chamada de menina, que é uma parte tradicional da cerimônia. E eu também não queria um bar mitzvah. Eu queria algo no meio", diz Ruby.

Na cerimônia, a bênção da rabina para ela incluiu estas palavras: "Continue trazendo todo o seu eu para o mundo. O mundo precisa de pessoas que não se intimidam. Nós sempre estaremos lá por você."

Leia abaixo partes do relato da adolescente.

"Eu tinha três anos quando comecei a me vestir de uma maneira mais masculina. Não me sinto como um garoto, mas também não me sinto como uma garota. E a maneira como tenho expressado meu gênero sempre foi apoiada", ela diz. "Minha família sabe que serei masculina e ainda vou usar pronomes femininos e simplesmente experimentar."

"As pessoas às vezes me confundem nos banheiros, mas isso não tem sido um grande problema. Na minha escola, definitivamente existem outras pessoas na minha série que estão experimentando com o gênero. E há pessoas que são gays, como eu, e bi. Elas são todas muito aceitas."

A mãe de Ruby se informou sobre a possibilidade de haver uma cerimônia sem gênero, e foi assim que a adolescente decidiu pelo que queria: "Basicamente, eu tive um bat mitzvah comum, mas só mudamos o nome, e no serviço, as palavras 'bar' (filho) ou 'bat' (filha) nunca foram usadas."

"Para a minha B mitzvah, eu usei um terno azul e uma gravata prateada com botas pretas como Doc Martens, mas mais chiques. E usei um talit [xale de oração] que tinha arco-íris nas extremidades", ela conta.

"Fui a primeira pessoa na minha sinagoga a ter um B mitzvah. Se eu tivesse sido forçada a ter um bat mitzvah, não ia querer tanto. Eu não seria capaz de ser eu mesma enquanto isso estivesse acontecendo."

"Meu pai me perguntou como eu teria reagido se tivesse que usar um vestido. Eu nem quero pensar nisso. Eu teria cancelado tudo. Eu não uso vestidos."