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Só em setembro: como preparar crianças para a volta às escolas em SP?

Governo de São Paulo prevê volta às aulas para 8 de setembro Imagem: shaunl/Getty Images/iStockphoto

Nathália Geraldo

De Universa

24/06/2020 14h08Atualizada em 24/06/2020 18h20

Nesta quarta-feira, o governador de São Paulo João Doria convocou coletiva de imprensa para anúncio do plano de retomada de Educação no estado, para a rede pública e privada. Após o desafio de ter lidado com as crianças e jovens assistindo às aulas em casa, além de terem que explicar a ela sobre as mudanças de rotina por conta do isolamento social, os pais e responsáveis têm agora à frente outra tarefa: prepará-los para o "novo normal" na escola.

Se, em casa, a criança demonstra ansiedade para voltar à escola, é fundamental que os pais e responsáveis estejam de olho no efeito emocional que a previsão do dia 8 de setembro pode acarretar: por um lado, pode ser empolgação e alegria; por outro, medo de sair do isolamento para a retomada das atividades escolares.

De acordo com o Governo, a retomada para 13 milhões de alunos, da creche à universidade, acontecerá em três etapas. A primeira será com 35% da capacidade física da unidade escolar, da educação infantil ao Superior e Profissional. Na etapa 2, sem data para acontecer, o índice sobe para 70%. A etapa 3, então, é de 100% dos alunos nas instituições de ensino.

O Estado reforça as medidas de distanciamento — 1,5 metro de separação entre os alunos, por exemplo —, a necessidade de se manter os ambientes ventilados, higienização de banheiros constante, entre outras condutas de higiene e segurança. A previsão é de que o detalhamento seja divulgado por decreto oficial em 2 de julho.

Conversamos com a psicopedagoga Larissa Fonseca para dar dicas de como preparar as crianças para esse retorno.

Retomada das escolas no estado de São Paulo: como preparar crianças?

Tema que impacta diretamente na rotina dos núcleos familiares com estudantes, o retorno às aulas no Brasil tem sido fortemente debatido no âmbito governamental, por conta da liberação de atividades de comércio e serviço por algumas Prefeituras e Governos do Estado.

Na coletiva de hoje, o Governo de São Paulo detalhou as condições para que os alunos retornem às salas de aula nas cidades — que devem estar na fase amarela (fase 3) do plano de flexibilização da economia, o chamado Plano São Paulo, por pelo menos 28 dias.

"Conheço crianças que tiveram ataques de pânico por sair de casa. Então, pode surgir medo de ir para a escola. Mas isso depende, além de outros fatores, da relação que a criança tinha com a instituição de ensino anteriormente", diz a psicopedagoga Larissa Fonseca.

Para ela, pais e responsáveis de crianças na Educação infantil estarão diante da tarefa difícil de ensinar a elas a nova forma de se portar com coleguinhas e professores.

"No aspecto mais prático, é um desafio grande. A gente tem que trabalhar com a realidade de que a criança brasileira tem a questão do contato físico, de querer abraçar professora e os coleguinhas. Experimentar o lanche do outro, brincar com o mesmo brinquedo", analisa. "São preocupações que vão muito além do álcool em gel".

O uso da máscara usada por mais tempo, durante as aulas, também pode ser um fator que trará incômodo aos pequenos. "Eles estão agora em outra rotina, de ficar com ela por menos tempo". O jeito é estabelecer conversa lúdica para ensiná-los como se manter afastado fisicamente dos amigos, o que fazer quando espirrar e qual é a importância da máscara para a proteção contra o coronavírus. "Mostrar vídeos, conversar", diz Larissa.

O preparo, aliás, deve começar a ser feito com antecedência, e não dias antes de a criança colocar o uniforme para voltar à escola.

A retomada híbrida — com aulas presenciais e remotas — impactará na vida dos alunos, é claro. Mas, mais ainda, dos adultos. Organizar, se possível, uma rede de apoio para levá-los ou buscá-los na escola evitará confusão neste processo.

Para os alunos do Ensino Fundamental, a preocupação com o processo de aprendizagem enquanto estiveram em casa deve ser vista com atenção pelos pais e pelo corpo docente. "O jovem pode não ter entendido algo que foi dado em aula virtual e ficar com vergonha de se expor para perguntar".

A coordenadora pedagógica do Colégio Brasil Canadá, de São Paulo (SP) Bruna Elias conta que o "acolhimento emocional" dos alunos, de Ensino infantil ao Fundamental, já tem acontecido remotamente. "As famílias estão inseguras com a situação e acabam passando para os alunos; então, a qualquer situação, pedimos para que eles entrem em contato com a escola, para procurarmos a orientação da psicóloga".

O processo de fazer com que as crianças se sintam à vontade no novo esquema também contará com esse suporte. "A melhor forma de acolher essa criança é escutá-la e observá-la, para avaliar o comportamento com a família".

Bruna conta que a escola tem se preparado para as condições de higiene e segurança que serão impostas na reabertura, como medição de temperatura na entrada, troca de sapato para aula e cadeiras com distanciamento. "A hipótese é de que a gente volte primeiro com a Educação infantil, mas não está confirmado".

Possibilidade de 4º ano no Ensino Médio

Já os de Ensino Médio, às portas do vestibular, cabe lidar com a ansiedade e a possível frustração de fazer um 4º ano — conforme o plano do Governo do Estado sugere — para entrar na faculdade mais preparado. "E os pais precisam desapegar da sensação de que 'o filho está perdendo tempo e vai ficar para trás. Se ele tiver que fazer esse quarto ano, será a ferramenta que precisa para passar na faculdade. É claro que há frustração, mas é preciso trabalhar as questões emocionais, as expectativas".

Posicionamento do sindicato dos professores

Na segunda-feira (22), o Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo, a Apeoesp, emitiu nota pública contrária a volta às aulas no estado. "No momento em que nosso país se aproxima de 50 mil mortes por covid-19, sendo o estado de São Paulo o epicentro da pandemia no Brasil, é de uma inaceitável irresponsabilidade e precipitação debater a volta às aulas presenciais. Defendemos que qualquer decisão nesse sentido seja validade em conformidade com os protocolos científicos aceitos internacionalmente".

No início de junho, a informação era de que as escolas públicas, particulares, universidades e Fatecs voltariam a ter aulas presenciais em agosto, com apenas 20% dos alunos. Hoje, o início foi alterado para setembro.

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