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Taís Araujo fala sobre ser uma exceção na realidade das mulheres negras

Taís Araujo  - Paulo Belote/Globo
Taís Araujo Imagem: Paulo Belote/Globo

Colaboração para Universa

01/04/2020 14h08

Nesta quarta-feira, Taís Araujo relembrou uma palestra que deu sobre "Como criar crianças doces num país ácido", em 2017, no TEDx Talks. Ela usou o tema para falar sobre questões atuais, como "Big Brother Brasil", machismo, coronavírus e outros assuntos que estão tomando conta nos últimos dias.

No Instagram, a atriz escreveu um texto - com base no que disse no TEDx - e pediu que seus seguidores reflitam. "Há quase 3 anos eu fiz um TEDx, você viu? Se não, será que você viu a repercussão que ele teve? Foi muita! Se você me perguntar se foi boa, eu te respondo que foi reveladora. Não pra mim, que nasci mulher e negra nesse país e o conheço muito bem e conheço também todas suas artimanhas para nos manter no mesmo lugar desde que a primeira pessoa vinda da África pisou nesse solo, sendo sequestrada de sua terra natal".

"A partir daí você já sabe, ou não sabe? Se sabe, acha natural? Se não acha natural, o que faz pra mudar? A semana começou fervendo com debates sobre racismo, machismo, BBB e um país mega polarizado, Coronavírus invadindo as favelas, mortes e mais mortes no Brasil e no mundo. Que mundo é esse? Para onde vamos? Bom, se você não viu esse TEDx, te digo que ele fala sobre a angústia de uma mãe em criar crianças doces num país tão ácido. Mas fala também da importância das pessoas em nossas vidas, as que a gente conhece e as que a gente não conhece também. Ele termina com a seguinte mensagem: não interessam a origem, o credo, o gênero ou a etnia. O que deve imperar quando se vive em sociedade é o respeito ao outro", continuou.

Nesta semana, as redes sociais foram inundadas por questões sobre racismo e machismo por conta do BBB. Desde então, discussões têm sido feitas pontualmente. Como mulher negra, Taís Araujo usou seu lugar de fala para expressar o que pensa sobre isso.

"E convido o público a construirmos juntos uma sociedade mais justa e igualitária para todos. Continuo com as mesmas angústias e com o mesmo desejo. Entendo minha realidade como o de uma mulher negra que teve a possibilidade de estudar, sonhar e existir. Uma mulher que, com muito trabalho, conseguiu ser uma exceção. O meu desejo? Ver mulheres negras tendo sucesso sem precisar lutar ou provar que o merecem. É para isso que eu trabalho e é nisto que acredito: que o outro é uma potência. E por isso sei também que muitas mulheres e homens não-negros me escutam e são aliados pois concordam que a luta é de todos nós. Então, repito o que disse no fim desse vídeo: 'Afinal, onde começa o mundo se não em nós mesmos?'", finalizou a atriz.

Assista abaixo à palestra dela:

Há quase 3 anos eu fiz um TEDx, você viu? Se não, será que você viu a repercussão que ele teve? Foi muita! Se você me perguntar se foi boa, eu te respondo que foi reveladora. Não pra mim, que nasci mulher e negra nesse país e o conheço muito bem e conheço também todas suas artimanhas para nos manter no mesmo lugar desde que a primeira pessoa vinda da África pisou nesse solo, sendo sequestrada de sua terra natal. A partir daí você já sabe, ou não sabe? Se sabe, acha natural? Se não acha natural, o que faz pra mudar? A semana começou fervendo com debates sobre racismo, machismo, BBB e um país mega polarizado, Coronavírus invadindo as favelas, mortes e mais mortes no Brasil e no mundo. Que mundo é esse? Para onde vamos? Bom, se você não viu esse TEDx, te digo que ele fala sobre a angústia de uma mãe em criar crianças doces num país tão ácido. Mas fala também da importância das pessoas em nossas vidas, as que a gente conhece e as que a gente não conhece também. Ele termina com a seguinte mensagem: não interessam a origem, o credo, o gênero ou a etnia. O que deve imperar quando se vive em sociedade é o respeito ao outro. E convido o público a construirmos juntos uma sociedade mais justa e igualitária para todos. Continuo com as mesmas angústias e com o mesmo desejo. Entendo minha realidade como o de uma mulher negra que teve a possibilidade de estudar, sonhar e existir. Uma mulher que, com muito trabalho, conseguiu ser uma exceção. O meu desejo? Ver mulheres negras tendo sucesso sem precisar lutar ou provar que o merecem. É para isso que eu trabalho e é nisto que acredito: que o outro é uma potência. E por isso sei também que muitas mulheres e homens não-negros me escutam e são aliados pois concordam que a luta é de todos nós. Então, repito o que disse no fim desse vídeo: "Afinal, onde começa o mundo se não em nós mesmos?".

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