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Planta que vai bem: xerófitas como cactos e suculentas são fáceis de cuidar

Marcelo Testoni

Colaboração com Universa

10/08/2019 04h00

Você sabia que existem plantas de clima semiárido e desértico que podem ser cultivadas tanto dentro quanto fora do lar? São as chamadas xerófitas, termo do grego que significa "plantas secas". Adaptadas a uma vida hostil, plantadas em solos duros, arenosos e pedregosos, sobrevivem com pouca água e muito sol - componente fundamental para que cresçam, floresçam e frutifiquem (em alguns casos). Sendo tão resistentes, há espécies que chegam a viver décadas ou até centenas de anos.

No Brasil, as xerófitas são mais comuns na Caatinga e no Cerrado, mas há variedades comuns no país que são nativas do México e Marrocos. Entre as mais populares estão a Euphorbia tirucalli, também conhecida por avelós palito-de-fogo, Sansevieria trifasciata, a famosa espada-de-são-jorge, além de giesta, pata-de-elefante, clúsia, gravatinha, agave, dracena-de-madagascar, ipê-do-cerrado, yucca, entre outras. Pela escassez de lojas de jardinagem especializadas nelas e a dificuldade de importação, são poucas as pessoas que as conhecem.

O paisagista Luciano Zanardo, que explorou as xerófitas em seu "Jardim dos Dragoeiros", projeto exposto na CASACOR São Paulo de 2019, explica: "Estamos tentando popularizar essa cultura, sobretudo nas grandes cidades, porque há espaço para crescer. Escolhi abordar o xeropaisagismo com o objetivo de conscientizar a todos sobre uma nova forma de projetar os jardins, ou decorar os ambientes internos das casas. As plantas, em geral, trazem diversos benefícios à saúde e ao astral dos moradores. Melhor ainda se forem sustentáveis".

Dentro e fora de casa

Por serem fáceis de manter, apresentarem formatos que lembram esculturas e não mudarem tanto de visual durante as estações do ano, as xerófitas são opções bem versáteis. Como gostam de muita luminosidade, é aconselhável mantê-las próximas ou rentes a janelas e portas de entrada. Se a luz não for constante, será preciso levar a planta para fora, a fim de fazê-la tomar sol por algumas horas.

"Espaços com sombras devem ser evitados, pois xerófitas são plantas desérticas que não suportam umidade, podendo até apodrecer se o solo em que estiverem ficar úmido e não for drenado. No sol elas ficam bem bonitas, inclusive com cores intensas e chamativas", afirma o paisagista Edu Bianco, da empresa Flamboyant Paisagismo.

Em ambientes externos, algumas xerófitas, como ipê-do-cerrado e Dracaenas draco, também florescem. Mas vale o mesmo lembrete de Bianco: quem mora em regiões chuvosas precisa tomar cuidado para não deixar o solo encharcar - elas podem morrer por apodrecimento das raízes. Por isso, antes do plantio, é importante projetar no jardim um bom sistema de drenagem. Para dias de chuva sem trégua, uma tela usada em estufas chamada sombrite pode funcionar.

Quanto custam?

Os valores variam de acordo com o porte, a espécie -- que, quanto mais rara, mais cara é -- e o local de aquisição da planta. Bianco informa que nas Ceasas, por exemplo, a variedade de xerófitas costuma ser maior e os preços, menores. Ele ressalta que, por demandarem poucos cuidados -- esse tipo de planta não exige um sistema de irrigação de jardim convencional, apenas drenagem -- elas são mais simples e, consequentemente, menos onerosas.

"São mais caras que plantas comuns, mas ainda assim são acessíveis. Por exemplo, cactos-candelabro, com porte de 1 metro e em vaso, ou o avelós palito-de-fogo, também com porte de 1 metro e em vaso, custam, em média, R$ 150 cada um", exemplifica Luciano Zanardo.

De acordo com a arquiteta paisagista Catê Poli, as suculentas são as xerófitas mais em conta, com preços a partir de R$ 10. Arbustos e árvores como ipê-do-cerrado e tamareira (um tipo de palmeira comum no Mediterrâneo e no norte da África) podem chegar a valer de R$ 5.000 a R$ 10 mil. Agora, nenhuma supera as oliveiras, que podem ultrapassar 2 mil anos de vida: "Cheguei a ver algumas de R$ 100 mil", afirma Poli.

Cuidados e manutenção

Algumas xerófitas podem apresentar espinhos. Se forem mantidas em ambientes internos, o risco é com crianças e animais, por isso Zanardo aconselha tê-las em áreas mais elevadas ou afastadas da circulação, o que também ajuda a preservá-las.

Outro cuidado é com relação ao local de crescimento. "A pitaia, por exemplo, trepa em árvores e prospera até mesmo em pedras. É uma ótima opção para diversificar um jardim e dão frutos", diz Bianco.

Catê Poli afirma que, por falta de informação, as pessoas podem achar que as xerófitas são mais complexas do que outras espécies, o que diz ser um mito. "No momento do transplante, o ipê requer bastante rega, mas, depois que ele 'pega', não precisa de quase nada de água, já que é uma planta do cerrado", exemplifica.

As xerófitas geralmente não precisam de poda, a menos que se queira garantir um equilíbrio entre as formas das folhas, ou que a ideia seja não deixar a planta invadir um espaço que não seja apropriado. A poda, no caso de cactos e suculentas, pode facilitar a reprodução, já que cada pedaço pode se tornar uma nova planta.

A rega também varia de espécie para espécie, mas o comum é molhá-las a cada 15 dias ou uma vez por mês, como os agaves. "Entre as recomendações também indico a adubação leve, além de replantios esporádicos", diz Zanardo.