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Objeto espacial misterioso emite ondas de rádio a cada 18 minutos

Representação artística da colisão de duas estrelas de nêutrons formando um magnetar - Divulgação/Nasa
Representação artística da colisão de duas estrelas de nêutrons formando um magnetar Imagem: Divulgação/Nasa

Mateus Omena

Colaboração para Tilt, em São Paulo

28/01/2022 12h14

Uma equipe de astrônomos detectou um objeto misterioso que libera uma explosão gigante de energia três vezes por hora. A descoberta foi feita por meio do mapeamento de ondas de rádio.

Os pesquisadores afirmam que esse estranho elemento é diferente de tudo que já viram até agora e acreditam que pode ser uma estrela de nêutrons - remanescentes de estrelas que explodiram. Para eles, a investigação sobre a natureza deste objeto celeste pode ajudar a explicar o fenômeno do colapso das estrelas.

A equipe responsável pela identificação do objeto foi liderada pela astrofísica Natasha Hurley-Walker, do Centro Internacional de Pesquisa em Radioastronomia da Curtin University em Perth, Austrália. Com o auxílio do radiotelescópio MWA (Murchison Widefield Array), a cientista notou uma enxurrada de ondas de rádio que surgiam e, depois, desapareciam repentinamente. E com a análise de dados do arquivo coletados pelo MWA encontraram mais de 71 pulsos.

O objeto - batizado de Gleam-X J162759.5-523504.3 e localizado no centro da Via Láctea, a cerca de 4.000 anos-luz de distância da Terra - libera enormes quantidades de energia a cada pulso. "Este objeto brilhante se manifesta ao longo de algumas horas durante nossas observações. Foi algo completamente inesperado e assustador para um astrônomo, porque não há nada conhecido no céu que faça isso", disse Natasha em uma coletiva de imprensa.

De acordo com as observações dos astrônomos, o Gleam-X pulsou com um ritmo regular, iluminando por 30 a 60 segundos uma vez a cada 18 minutos. Nada com um ritmo semelhante a este foi encontrado antes - a maioria dos objetos de rádio piscando no céu pulsa muito mais rápido, brilhando e desaparecendo novamente em questão de segundos. "Ninguém realmente pensou em procurar objetos nessa escala de tempo porque não conseguimos pensar em nenhum mecanismo que os produza. Mesmo assim, eles ainda existem", pontuou a chefe do estudo.

A pulsação indicou que o objeto provavelmente estava girando, e outras medições de sua luz sugerem que ele deve ter um poderoso campo magnético. Foi esse fator que levou os pesquisadores a suspeitarem que o objeto pode, na verdade, ser um magnetar, um tipo de estrela de nêutrons com um campo magnético particularmente forte. Mas, ainda não dispõem de informações que expliquem o brilho e o giro lento do magnetar.

Para Natasha Hurley-Walker, o objeto pode ser chamado também de 'magnetar de período ultra-longo'. "É uma brilhante estrela de nêutrons que gira lentamente e que, de alguma forma, está convertendo energia magnética em ondas de rádio com mais eficácia do que qualquer coisa que já vimos antes", disse a pesquisadora.

Agora, Natasha dedica-se ao monitoramento do magnetar com o MWA para ver se ele se manifesta novamente. "Se isso acontecer, muitos telescópios em todo o Hemisfério Sul e até em órbita que podem apontar diretamente para ele", declarou. "Mais detecções dirão aos astrônomos se este foi um evento único raro ou um antigo tipo de estrela que nunca havíamos notado antes", finalizou.