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Amostra de rocha em Marte coletada pelo robô da Nasa sumiu misteriosamente

Buraco deixado na rocha em Marte pelo Perseverance Imagem: Nasa/Divulgação

Marcella Duarte

Colaboração para Tilt, em São Paulo

10/08/2021 13h19

A Nasa, agência espacial dos Estados Unidos, não consegue achar amostras de rocha que o rover Perseverance extraiu diretamente do solo de Marte na última sexta-feira (6). O tubo coletor de amostras, misteriosamente, está vazio.

O robô-jipinho esticou seu braço, perfurou a rocha marciana com uma broca especial e puxou seu núcleo para fora. Há um buraco do tamanho de um dedo lá, que comprova o sucesso da primeira etapa do procedimento. Porém, a amostra desapareceu, sem deixar qualquer rastro no coletor ou no terreno ao redor. Simplesmente não está lá.

Tubo coletor de amostras do Perseverance vazio Imagem: Nasa/Divulgação

O que pode ter acontecido?

A suspeita é que a rocha reagiu inesperadamente, e não que o Perseverance tenha cometido algum erro. Para tentar descobrir o que aconteceu, foram tiradas fotos em close do buraco, e todos os dados do evento estão sendo minuciosamente analisados. Os controladores da missão já planejam uma nova tentativa de coleta.

A Nasa gastou nove anos e cerca de US$ 2 bilhões (cerca de R$ 10,5 bilhões) para desenvolver um complexo sistema de coleta e armazenamento de amostras do solo de Marte — um dos principais objetivos da missão. O tubo que acabou vazio é um dos 43 que o robô carrega. A ideia é encher todos de rochas e guardá-los para que uma próxima nave os busque e traga para a Terra.

Assim, os cientistas conseguirão estudar as amostras e, possivelmente, responder nossa grande pergunta: existe ou já existiu vida em Marte?

O local onde o Perseverance está, chamado cratera Jezero, foi um grande lago marciano, há bilhões de anos. É o local do planeta com mais chances de guardar evidências de organismos.

Como funciona?

Nesta tentativa de coleta, o rover, primeiramente, usou uma ferramenta abrasiva para limpar a camada de poeira e detritos que cobriam a rocha. Depois, esticou seu braço robótico de dois metros, que tem uma ferramenta de coleta na ponta — é como uma broca oca giratória, especialmente desenvolvida para a missão, que consegue retirar um núcleo rochoso intacto (e não pulverizados, como seria o normal neste tipo de extração).

Detalhe da broca Imagem: Nasa/Divulgação

Todo o procedimento é realizado de maneira autônoma. Os controladores da missão em Terra apenas enviam um comando para que seja iniciado. Os registros de sexta-feira mostram que tudo aconteceu como planejado, o que torna mais estranho o tubo estar vazio.

A rocha que tentou ser coletada é bem típica da região, que a Nasa chama de "pedras pavimentadoras" (paver stones). Elas podem ser sedimentares, formadas pela atividade de rios e lagos, ou vulcânicas. Uma amostra nos ajudaria a entender a composição do fundo da cratera, e os processos geológicos que aconteceram durante sua história.

Outras missões a Marte já encontraram dificuldades inesperadas relacionadas ao solo. Recentemente, a Nasa recentemente teve que abandonar a "toupeira" de sua sonda InSight, que deveria penetrar na crosta marciana para medir temperaturas. A base do solo, porém, era muito mais dura que o previsto e deixou o instrumento quicando, impenetrável.

"Eu estive em todas as missões com rovers em Marte, desde o início, e este planeta está sempre nos ensinando o que não sabemos sobre ele", disse Jennifer Trosper, gerente de projeto do Perseverance, em um comunicado. "Uma coisa que descobri é que não é incomum termos complicações durante atividades complexas realizadas pela primeira vez."

Veja as fotos que a missão Perseverance está enviando de Marte

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