Parlamento britânico apreende documentos internos do Facebook
Em uma manobra raramente já vista, o Parlamento do Reino Unido usou de seus poderes para apreender documentos internos do Facebook visando ter mais esclarecimento sobre as práticas da empresa.
Segundo o jornal The Guardian, os arquivos podem conter revelações importantes sobre as decisões do Facebook em relação aos dados e a privacidade dos usuários da rede social diante do escândalo da Cambridge Analytica, onde dados de 87 milhões de pessoas que usavam o Facebook foram usados indevidamente para propaganda eleitoral personalizada ? durante a eleição de Trump, e do Brexit.
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Os documentos também teriam trocas de e-mails confidenciais entre os principais executivos do Facebook, incluindo o de seu fundador Mark Zuckerberg.
A apreensão dos arquivos do Facebook envolveu uma ação incomum do Parlamento britânico. Eles obrigaram um executivo norte-americano a entregar documentos durante sua viagem de negócios a Londres.
Um oficial da Câmara dos Comuns ? como se fosse a Câmara dos Deputados aqui no Brasil— foi até o hotel em que o empresário estava hospedado e exigiu que os documentos fossem entregues ao Parlamento britânico. Se os documentos não fossem entregues, ele poderia ser preso.
O executivo é o fundador da empresa de software Six4Three, criada nos Estados Unidos, mas que hoje já não existe mais. A companhia está envolvida em uma ação judicial contra o Facebook nos Estados Unidos.
Para a empresa, o Facebook tinha conhecimento das brechas de privacidade que permitiam a coleta de dados feitas pela Cambridge Analytica.
Segundo o jornal britânico, um porta-voz do Facebook negou as alegações da Six4Three.
A ordem do Tribunal nos Estados Unidos que investiga o caso é de que os documentos devem ser mantidos em sigilo e não podem ser divulgados. Por isso, o Facebook alega que o Parlamento não deve analisá-los e sugere a devolução aos órgãos competentes ou a própria rede social.
"Estamos em território desconhecido. Esse é um movimento sem precedentes, mas é uma situação sem precedentes. Não conseguimos obter respostas do Facebook e acreditamos que os documentos contêm informações de grande interesse público?, afirmou Damian Collins, presidente do comitê responsável pela interceptação dos documentos, ao The Guardian.
A ação do Parlamento acontece dias antes de o Facebook participar de uma sabatina em Londres para esclarecer questões ligadas a privacidade, proteção de dados de usuários e disseminação de notícias falsas.
A audiência internacional está marcada para terça-feira (27) e reunirá representantes de sete países: Brasil, Argentina, Canadá, Irlanda, Letônia, Reino Unido e Singapura.
Em outubro deste ano, o Reino Unido multou o Facebook em US$ 641 mil pela responsabilidade no escândalo da Cambridge Analytica e o uso de dados de pelo menos 1 milhão de usuários britânicos.
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