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Ricardo Cavallini

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Gastamos horas nas redes sociais e somos pouco produtivos; é coincidência?

Camilo Jimenez/ Unsplash
Imagem: Camilo Jimenez/ Unsplash

30/06/2021 04h00

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Estes dias fui impactado por um gráfico mostrando a quantidade de horas médias que passamos na internet e usando redes sociais. Fiquei curioso para ver se poderia existir uma correlação com a produtividade.

Fui atrás dos números de PIB por hora trabalhada, uma medida que exclui o desemprego e pode ser usada como índice de produtividade. Montei dois gráficos que vocês podem ver abaixo. Aparentemente existe uma correlação bem clara entre os índices.

grafico1 - produtividade - Global Digital Overview, Jan 2019 - Global Digital Overview, Jan 2019
Fonte: ourworldindata.org, Digital 2019
Imagem: Global Digital Overview, Jan 2019
grafico3-produtividade - Global Digital Overview, Jan 2019 - Global Digital Overview, Jan 2019
Fonte: ourworldindata.org, Digital 2019
Imagem: Global Digital Overview, Jan 2019

Obviamente que os números estão todos abertos ao escrutínio de suas fontes, mas o padrão salta aos olhos. E a primeira pergunta a ser feita seria se trata-se apenas de uma coincidência. Acredito que não, mas você pode dar sua opinião nos comentários.

A segunda pergunta seria entender se esta correlação seria causa ou consequência. O fato de sermos pouco produtivos é o que nos permite ficar mais tempo nas redes sociais ou seria o fato do nosso vício nas redes sociais estarem impactando negativamente a nossa produtividade?

A terceira pergunta tem relação com os outliers, ou seja, os fora da curva como os EUA e Irlanda. Sabendo que a tecnologia pode ser usada para o bem ou para o mal, será que estes países estariam usando a tecnologia de forma mais eficiente enquanto nós estaríamos fazendo o uso não produtivo da tecnologia?

As redes sociais ajudam muito no meu trabalho, seja para divulgar meus trabalhos, buscar possíveis fornecedores ou manter relacionamentos. Não apenas com amigos e família, mas com clientes e colegas de trabalho. É inegável que mesmo as redes mais fúteis podem ter um bom uso.

Outra possível explicação para os fora da curva seria a distribuição de trabalhos. É natural que profissionais que trabalham em empresas de tecnologia fiquem mais horas na internet. Um programador precisa usar mais a rede que alguém que é contador. Até mesmo o índice de países com mais empresas em um estágio mais maduro de transformação digital pode ter impacto nos números. Empresas mais maduras digitalmente fazem melhor uso de ferramentas e soluções que usam a internet.

A última pergunta talvez seja a mais relevante de todas. Como revertemos estes números? É claro que produtividade passa por diversas questões que estão fora do nosso alcance, mas será que não deveríamos começar a olhar com mais atenção na quantidade de horas que ficamos nas redes sociais? Android e iPhone permitem que você descubra quantas horas está ficando em cada aplicativo e ambos têm ferramentas para limitar esse uso.

Sim, é mais uma coisa que talvez a gente precise controlar. Além da dieta, dos exercícios, horas de sono e dos gastos. Mas a partir do momento que passamos tanto tempo na internet e nas redes sociais, já passou da hora de fazermos isso.