Topo

Ricardo Cavallini

Beliscar é o novo comando: como você toca na roupa vai controlar o celular

Jovem controla comandos do celular apertando um cordão - Reprodução/ Youtube/ Alex Olwal
Jovem controla comandos do celular apertando um cordão Imagem: Reprodução/ Youtube/ Alex Olwal

29/05/2020 04h00

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Nas últimas décadas, passamos da exclusividade da mão (teclado e mouse) para usarmos também o dedo (smartphones) e a voz, com os assistentes pessoais como Siri (Apple), Google e Alexa (Amazon).

Com o universo digital cada vez mais presente em nossas vidas, incluir novas formas de interface pode ter um impacto tremendo, pois a camada que une o mundo físico do digital acaba sendo um gargalo para ampliar nossas experiências.

Com a evolução da internet das coisas, criar novas maneiras de fazer essa comunicação passa a ser ainda mais necessário.

Enquanto está correndo, para um esportista todo suado ter que pegar o celular para mudar a música que esta escutando não é apenas pouco prático, mas perigoso.

Se sua casa é conectada e a lâmpada do quarto pode ser controlada por um comando, ter que pegar o celular, abrir o aplicativo, achar a lâmpada na lista e apertar "apagar" é muito pior que simplesmente dizer "Alexa, apague a luz do quarto".

Para isso, um grupo de pesquisas do Google vem criando e testando novas formas de interação. Em 2015, lançaram o projeto Jacquard, que além de desenvolver um pequeno aparelho para ser inserido em roupas, criou um tecido inteligente usando fios condutivos.

Dois anos depois, a Levis lançou uma jaqueta usando a tecnologia. Com toques na roupa, é possível controlar GPS, alertas, música e assistente de voz do celular.

Agora a Google deu um passo adiante divulgando o que pode ser a evolução da interface têxtil. A solução tem codinome de I/O Braid. Em tradução livre, algo como "trança de controle de entradas e saídas".

Usando uma trança (similar a um cordão de capuz), a tecnologia permite que seus usuários controlem dispositivos em tempo real usando até oito gestos discretos como torcer, esticar ou beliscar.

Muitos dos cordões das roupas já são trançados, usando três ou mais fios, seja por uma questão estética ou por integridade estrutural, para ficarem mais firmes ou resistentes. O que o time de pesquisas da Google fez foi usar essas tranças para detectar gestos básicos de toque.

Usando fios condutivos (assim como fizeram no projeto Jacquard), os pesquisadores conseguiram receber vários tipos de informação do usuário, como área de toque, tempo de contato, torção e pressão exercida. Podem, inclusive, inserir um LED flexível como uns dos fios da trama para dar resposta a interação.

Desta forma, é possível, por exemplo, torcer para um lado ou para o outro para aumentar ou diminuir o volume do celular.

Para alguns pode não parecer uma evolução tão grande, mas me permita fazer uma analogia. Imagine que o projeto antigo seria um controle das primeiras gerações de videogame, com botões digitais que só reconheciam comandos como "pula" ou "acelera". Com o I/O Braid, os tecidos passam a ser similares aos controles mais modernos e seus botões analógicos. O tamanho (ou posição) da pressão exercida permite que ações como "pular" ou "acelerar" tenham diferentes graduações de força.

Apesar do uso óbvio em roupas, a tecnologia também poderá ser usada em outros objetos. Um abajur sem botões, um microfone de lapela ou até um controle remoto sem botões.

Quando o iPhone surgiu, não era tão simples entender como o dedo iria ocupar parte tão importante das nossas vidas digitais. É esperar para ver como os fios ocuparão este cenário.