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Qual foi o primeiro site de apostas esportivas? Foi uma fezinha de US$ 50

Apostador finlandês fez a primeira fezinha online em uma partida no Reino Unido - Freepik
Apostador finlandês fez a primeira fezinha online em uma partida no Reino Unido Imagem: Freepik

24/04/2023 04h00

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Qual foi o primeiro site de apostas esportivas? - Pergunta de Denílson Valverde, Betim (MG) - quer enviar uma pergunta também? Clique aqui.

Caro betinense, aposto que você duvidava da capacidade deste colunista de entregar o resultado de sua dúvida esportiva. Acertei?

O ancestral dos sites de "bet" ("aposta", em inglês) que viralizaram aqui no Brasil desde 2018 —e que recentemente estão bombando no noticiário criminal, político e econômico do Brasil— é atualmente conhecido como everygame.eu. Só que esse nome é um rebrand (mudança de marca) recente, de 2021.

Até completar 25 anos, o site de apostas mais antigo do mundo atendia por Intertops. Foi nele que em 17 de janeiro de 1996, um finlandês batizado Jukka Honkavaara lançou a primeira fezinha online. Mal sabia que aqueles US$ 50 seriam os primeiros trocados de um mercado que, atualmente, gira bilhões anualmente —somente no Brasil, a estimativa é de R$ 12 bilhões.

Jukka apostou seus 50 mangos em um jogo da FA Cup inglesa entre o tradicional Tottenham Hotspur, da capital, e o modesto Hereford United. Uma vitória do favorito era cotada em 1,04. Ou seja, para cada dólar apostado no triunfo do mandante, a casa - no caso, a Intertops, retornava 4 centavos. Como o placar foi de 5 a 1 para o time londrino, o finlandês recuperou o valor da aposta e embolsou mais US$ 2.

Um detalhe divertido dessa história é que o desbravador finlandês só ficou sabendo do seu pioneirismo em 2006. Provavelmente por ocasião de seus 20 anos, a Intertops tirou as teias de aranha de seus arquivos e entrou em contato para informar que o ticket #1 era o dele.

Pois é, caro betinense, a banca saiu perdendo de primeira, mas o jogo virou. Depois de pagar esses US$ 2, o negócio das apostas esportivas online atravessou fronteiras, se espalhou pelo mundo e, atualmente, além de movimentar cifras astronômicas, é patrocinador quase onipresente em eventos esportivos de elite —o que, para muitos, representa um flagrante conflito de interesses entre quem organiza, financia, compete e consome esse tipo de entretenimento.

Na série A do futebol brasileiro, para ficar num exemplo próximo, todos os 20 times têm patrocínio de alguma casa de apostas estampado no uniforme. Isso tudo em meio à expansão da operação Penalidade Máxima, da Polícia Federal, que investiga participação de atletas na criação de lances específicos, dentro de partidas, para gerar lucros em apostas combinadas e à iminente taxação das atividades de apostas esportivas até hoje não regulamentadas no Brasil.

Como cantou a bola Cazuza (que nem era chegado em esportes, mas esse é outro assunto): "Quero ver quem paga pra gente ficar assim".

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