Topo

Pergunta pro Jokura

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Ouro, prata, platina: por que metais nobres não são atraídos por ímãs?

Zlataky.cz/ Unsplash
Imagem: Zlataky.cz/ Unsplash

13/12/2021 04h00

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Por que metais nobres, como ouro, prata e platina, não são atraídos por ímãs? -Pergunta de Iraci Manchego, Nobres (MT) - quer enviar uma pergunta também? Clique aqui.

Não é bem assim, cara nobrense. Quem ajuda a responder sua pergunta —e as de tantos outros frequentadores desta coluna que chega hoje à sua 100ª postagem— é o magnético Cláudio Furukawa, do Instituto de Física da USP.

De saída, o físico esclarece que a platina, por exemplo, é, sim, atraída por ímãs, mas que essa atração é bem fraquinha, quase imperceptível. O ouro e a prata, por sua vez, são repelidos pelos ímãs mas também por forças diminutas.

"É que ao contrário do que ocorre com materiais como o ferro (Fe), o níquel (Ni) e o cobalto (Co), que são sempre fortemente atraídos por ímãs, outros metais interagem muito pouco com campos magnéticos de ímãs", diz Furukawa. Logo, fica essa impressão de que ímãs não afetam ouro, prata e platina.

O professor comenta que os metais que são mais fortemente "puxados" por ímãs são os chamados ferromagnéticos, como os já citados ferro, níquel e cobalto, por exemplo.

"Os metais ferromagnéticos podem ser imantados ou magnetizados, ou seja, podem se transformar num ímã, permanentemente ou temporariamente, e podem interagir fortemente com campos magnéticos de outros ímãs. Portanto, ímãs podem ser fabricados, mas precisam ter um destes elementos ferromagnéticos em sua composição. O ímã mais comum e mais barato é o ímã de ferrite, composto por ferro (Fe) mais boro, (B) bário (Ba) ou estrôncio (Sr)", afirma Furukawa.

A platina, por sua vez, é um metal paramagnético, assim como alumínio (Al), bário (Ba), estrôncio (Sr), cálcio (Ca), magnésio (Mg), sódio (Na), entre outros. "Os metais que fazem parte desse grupo também são atraídos por ímãs, mas sempre de maneira fraca. Mesmo usando superímãs, quase não dá para perceber essa atração", diz Furukawa.

Já o ouro e a prata são metais diamagnéticos —como cobre (Cu), chumbo (Pb), mercúrio (Hg), entre outros—, que em vez de ser atraídos são repelidos, mas com forças de repulsão tão fracas que são quase imperceptíveis.

"O que determina a interação de cada grupo de metais com os ímãs é o chamado 'spin' de seus elétrons, juntamente com seus movimentos orbitais ao redor dos átomos. Assim como a carga elétrica, o 'spin' é uma grandeza fundamental de partículas no mundo quântico e não sabemos ao certo como elas surgem. Grosso modo, seria como se os elétrons se comportassem como pequeninos ímãs com orientações de campo magnético norte e sul e que, dependendo do tipo de metal do qual fazem parte, interagem de maneiras diversas com campos magnéticos externos gerando atração ou repulsão em maior ou menor intensidade", conclui o físico.

Tem alguma pergunta? Deixe nos comentários ou mande para nós pelo WhatsApp.