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Lidia Zuin

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Tecnologias estão te transformando em um novo humano. Este livro dá pistas

Sandy Flowers/ Pixabay
Imagem: Sandy Flowers/ Pixabay

Colunista do UOL

11/12/2022 04h00

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Em 2020, tive a oportunidade de conhecer Roger Spitz, futurista profissional que já entrevistei em outra oportunidade para o UOL TAB e com o qual acabei desenvolvendo o projeto "The Definitive Guide to Thriving on Disruption". Como coautora, contribuí principalmente com o terceiro volume dessa série de quatro livros sobre tecnologia, negócios, filosofia, economia e futuro.

Intitulado "Beta Your Life: Existence in a Disruptive World", o terceiro volume (com lançamento previsto para janeiro de 2023) é um convite ao leitor que quer pensar mais aprofundadamente sobre as constantes mudanças e incertezas que predominam em nossos tempos atuais.

Mas mais do que abordar esses assuntos de um ponto de vista empresarial ou macroeconômico, aqui discutimos como essas movimentações nos impactam pessoalmente, enquanto indivíduos.

Afinal, em tempos de inteligência artificial generativa e crescentes processos de automação, digitalização, descentralização e virtualização, o que significa ser humano e como continuar relevante?

Essas são perguntas que ocorrem principalmente em momentos de transição, sejam elas feitas na carreira ou então em momentos como a virada para um próximo ano.

O fato de estarmos lançando o terceiro volume logo no início de 2023 é justamente uma oportunidade para dar esse passo atrás para refletir sobre nossa existência em um sentido amplo, inclusive fazendo as mesmas perguntas difíceis já levantadas por filósofos há milhares de anos.

É por isso que esse volume abre logo com um capítulo sobre mente e matéria, ou como a noção de existência (seja ela humana ou não) é impactada pelas novas tecnologias. Diante destas, refletimos não apenas sobre nosso papel no mundo, como também o que significará ser humano conforme nos misturamos com tecnologias como inteligência artificial, robótica e realidade virtual.

Para isso, partimos de um ponto de vista existencialista no que diz respeito ao posicionamento filosófico, ao mesmo tempo em que buscamos inspiração na arte.

Através da ficção científica, encontramos uma metáfora valiosa para discutir quais são os caminhos que podemos tomar e, ao mesmo tempo, abordar questões como gênero, raça e religião.

Movimentos artísticos como o afrofuturismo e o solarpunk foram essenciais para nossa reflexão, já que ambos os gêneros subvertem a lógica do norte em detrimento do sul global de um ponto de vista artístico e cultural.

Em um capítulo sobre educação, decidimos ser ainda mais objetivos ao oferecer diferentes táticas de como se planejar para esse futuro.

Além de propor metodologias específicas, também abordamos o caso da cultura balagan na educação israelense, a dinâmica entre STEAM e STEM no que diz respeito à inclusão de arte e filosofia em um currículo focado em ciência, tecnologia, engenharia e matemática.

Conforme abordamos a educação, também nos encaminhamos para pensar o futuro das próximas gerações que navegarão das instituições de ensino para um mercado de trabalho que pode ser completamente distinto ao atual.

O próprio sentido de dinheiro pode ser modificado radicalmente, ao mesmo tempo em que diferentes processos são automatizados e virtualizados.

O atual debate sobre as IAs generativas e artistas é só um começo que aponta para a complexidade dessa relação entre humanos e tecnologia.

Afinal, conforme algumas profissões se tornam obsoletas, novas atividades surgem em substituição e extensão do que temos hoje.

É como aquela frase famosa do futurista Kevin Kelly, que diz que não dá para dizer qual será o próximo Google porque pode ser que ele nem tenha sido inventado ainda!

O mesmo vale também para modelos de negócio, conforme observamos a mecânica da economia de criadores. Se Oswald de Andrade escreveu o manifesto antropofágico para falar da modernidade brasileira, o sentimento agora se estende globalmente conforme todas as mídias e formatos são reformulados, reinventados e canibalizados.

Em tempos como o nosso, conteúdo é um rei que domina formatos e abre caminhos para as novas gerações criarem os próximos modelos de existência na virtualidade.

O objetivo do volume 3 é, portanto, trazer um pouco de ordem para a bagunça em que o mundo parece estar atualmente, de modo que os leitores possam ter uma chance de planejar o futuro de um ponto de vista mais individualizado.

A ideia é oferecer ferramentas que informem decisões e auxiliem na interpretação da contemporaneidade, de modo que se construa um sentido de agência por parte de cada um.

Apesar de isso soar como um resumo de livro de autoajuda, o propósito do "Thriving on Disruption" é, na verdade, de instrumentalizar educadores e educandos para as próximas disrupções que inevitavelmente irão acontecer.

Mais do que adivinhar o que vai ser essa mudança, nosso foco é ajudar a lidar com essa volatilidade —daí a importância dos dois workbooks que acompanham o volume 3.

Disponível em versão impressa e em ebook, "Thriving on Disruption" busca contemplar um panorama dos estudos de futuros contemporâneos e oferecer uma condensação de metodologias e debates em quatro livros temáticos.