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ANÁLISE

Review: FIFA 22 faz grandes mudanças na série, mas só vale na nova geração

Divulgação/EA
Imagem: Divulgação/EA

Daniel Esdras

do GameHall

27/09/2021 12h01

Todos os anos temos um lançamento de FIFA - mas só em algumas edições é que vemos mudanças significativas, que servirão de base para as versões "requentadas" dos anos seguintes. A boa notícia é que FIFA 22 é um desses raros casos. Ao menos, se você for dono de um console da nova geração, onde suas inovações são mais notáveis.

Bons primeiros toques na bola e avanço na inclusão feminina

FIFA - Reprodução/Daniel Esdras - Reprodução/Daniel Esdras
FIFA 22: Intro
Imagem: Reprodução/Daniel Esdras

A versão deste ano começa com tudo em uma introdução que deverá ser lembrada como uma das melhores da série. Após montar meu avatar em um sistema robusto de customização, fui levado pela simpática e habilidosa Lisa até o Parc de Princes, o belo estádio do Paris Saint German - time com destaque no jogo este ano. O mais divertido é que este caminho foi transformado em um tutorial muito bem executado.

Enquanto percorria as movimentadas ruas de Paris rumo ao metrô, a garota foi batendo bola com o meu personagem em um aquecimento animado, ensinando técnicas básicas como condução da pelota e passes simples. A dinâmica transpira futebol, tal qual aqueles comerciais da série Joga Bonito, do início dos anos 2000.

No estádio do PSG, somos recebidos por ninguém menos que o ídolo francês, Thierry Henry, e começamos um treino mais avançado de chutes e cruzamentos. Tudo isso alternado com cinematics bem legais com outros jogadores das categorias de base e craques como Mbappé. Tudo sempre com aquele clima de sonho sendo realizado.

Se você está pensando em adquirir a versão do PS4, Xbox One ou PC, essa introdução será a primeira ausência a ser sentida. Nos consoles da geração anterior, a introdução vai diretamente para o primeiro jogo, que serve para medir sua habilidade com a bola.

FIFA 22 - Reprodução/Daniel Esdras - Reprodução/Daniel Esdras
FIFA 22: Intro
Imagem: Reprodução/Daniel Esdras

Esses primeiros minutos mostram algo notável em quase todos os modos de jogo deste ano: um excelente polimento visual e a presença significativa do futebol feminino. Nesse quesito, os incrementos têm sido lentos, mas FIFA 22 dá o passo mais significativo desde a possibilidade de ser jogar com Kim Hunter no modo Jornada em 2019.

Agora, plea primeira vez, você pode jogar a carreira em Be a Pro como uma mulher. As atletas também marcam presença no modo Volta, dividindo times com os marmanjos. Na versão gringa, Alex Scott será a primeira narradora na história da franquia. No novo e belo menu do jogo, onde um craque fica fazendo animações no fundo, por vezes são jogadoras famosas que estão recebendo os holofotes.

FIFA - Reprodução/Daniel Esdras - Reprodução/Daniel Esdras
FIFA 22: Menu
Imagem: Reprodução/Daniel Esdras

Ainda não há cartinhas de jogadoras no Ultimate Team. A variedade de times e ligas femininos também deixa a desejar. Mas, ainda assim a evolução merece destaque e pode, quem sabe, até ajudar a categoria a ter mais visibilidade no mundo real também.

Gameplay físico e realista

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FIFA 22: CR7
Imagem: Reprodução/Daniel Esdras

A jogabilidade deste ano parece um pouco mais pesada que a do ano passado. Não chega a ser lenta, mas cadenciada de forma a buscar o realismo e a simulação. Aliás, realismo parece ser a palavra-chave desta versão

Os melhores recursos para obter essa sensação de fidelidade só estão presentes nos consoles da nova geração. O Hypermotion é mesmo o grande destaque, trazendo centenas de novas animações que foram gravadas em partidas reais, e não com jogadores de forma individual. Isso torna cada contato e reação ainda mais realista e intuitiva.

Em um escanteio, meu goleiro saiu para socar a bola e se chocou na área com outro atacante. A forma como ele fez o movimento, a trombada e a queda que empurrou outros jogadores ao redor - tudo foi impressionante. Nos anos anteriores, esses momentos eram marcados por diversos bugs. A sensação era que não havia animações para algumas situações. Agora, quase não se notam erros e, tirando algumas patinadas na hora de girar o jogador, FIFA 22 se assemelha ainda mais a um jogo visto na TV aos domingos.

Os goleiros também melhoraram bastante. Em todas as partidas que joguei, não vi sequer um frango bizarro, uma das maiores reclamações dos últimos tempos. Acho até que estão defendendo mais bolas difíceis do que deveriam. Talvez seja um problema com o chute colocado, que está bem mais difícil de acertar e exige bons atributos do finalizador.

FIFA - Reprodução/Daniel Esdras - Reprodução/Daniel Esdras
FIFA 22
Imagem: Reprodução/Daniel Esdras

O novo sistema de física para a bola também está mais realista. As curvas nos cruzamentos e lançamentos convencem; os quiques na grama e o ganho de velocidade também. Fica até difícil imaginar a justificativa para lançar o jogo nos consoles da geração passada e no PC sem essas novidades tão essenciais.

O balanceamento entre ataque e defesa continua falho. É delicioso atacar no FIFA, na velocidade ou trocando passes, mas um baita porre defender. Os jogadores saem facilmente de posição. É preciso entender bem do sistema de estratégia e ter muita paciência para conseguir pressionar a bola sem correr riscos.

Imagino que jogadores menos experientes precisarão de um bom tempo para se acostumar e não tomar gols ridículos enquanto tentam desvendar o uso de três botões para conseguir dar um bote certeiro. Nesse sentido, não é possível apenas "pegar o controle e se divertir": é preciso um tempinho de dedicação.

Finalmente deram atenção ao modo carreira

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FIFA 22: Carreira
Imagem: Reprodução/Daniel Esdras

Durante anos, o modo carreira foi esquecido nos porões da EA. Com exceção de algumas adições tímidas, como jogadores veteranos disponíveis como técnicos, foram poucas as novidades. Como alguém que joga mais esse modo do que o Ultimate Team, esse potencial desperdiçado. Neste ano, eles finalmente acertaram. E em cheio.

Um dos maiores pedidos da comunidade era poder criar um time fictício do zero, assim como fazemos no FUT. Esse recurso finalmente está presente no Modo Carreira. A customização é ampla e surpreende: inclui o tamanho dos times, seu nível de investimento, as expectativas da diretoria e até a idade dos jogadores. Depois, é só substituir um time em uma das ligas disponíveis e escolher seu maior rival.

Não chega a ser um sistema tão robusto na parte visual quanto nos tempos de ouro de Winning Eleven (onde era possível elaborar um escudo e a camisa do time), mas traz opções suficientemente boas em todas as frentes para permitir uma criação única.

A edição de estádios é um dos grandes destaques. Passei bons minutos escolhendo o formato e a cor da grama, das redes do gol e as bandeiras da torcida. É possível escolher até mesmo o hino que tocará na entrada dos jogadores e os gritos da torcida. Isso gera uma ligação mais íntima com seu time e traz uma imersão que finalmente justifica dedicar horas ao Modo Carreira.

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FIFA 22: Carreira
Imagem: Reprodução/Daniel Esdras

Se você escolher a carreira de treinador, também pode simular os jogos sem participar jogando. A partida rola como se acontecesse em uma prancheta. Cada jogador é representado por um ponto colorido em um fundo azul. Enquanto esses pontinhos se movimentam, é possível acessar estatísticas e fazer mudanças táticas em tempo real, como um técnico real. Se for preciso, você pode entrar na partida e jogar de forma normal a qualquer momento, mesmo que seja só para cobrar uma falta ou um pênalti manualmente. Isso foi introduzido no FIFA 21, mas chega de forma bem mais robusta aqui.

Há várias outras novidades positivas no gerenciamento do time, mas uma tristeza permanece: a falta de licença dos clubes brasileiros, que estão todos com jogadores genéricos. Qual a graça de escolher o campeonato brasileiro?

FUT continua sendo o FUT

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FIFA 22: FUT
Imagem: Reprodução/Daniel Esdras

Já o Modo Ultimate Team continua sendo aquele amado e odiado de sempre. Há diversas inovações, como um novo sistema de níveis para ganhar mais recompensas. Mas a dinâmica não mudou: você precisa obter cartas para montar o melhor time. Então, ou joga por várias horas... ou compromete logo o limite do cartão de crédito.

Pelo menos, agora você pode olhar um pacote por dia antes de gastar seus suados FIFA Coins. Se decidir abrir, surgirá outro pacote que permite olhar o que há dentro. Caso contrário, em 24 horas ele será substituído. Para quem compra muitos pacotes, não faz tanta diferença. Mas, para quem joga sem gastar muito e abre poucos, é uma ajuda muito bem-vinda.

Um pacotão de bom conteúdo

FIFA  - Reprodução/Daniel Esdras - Reprodução/Daniel Esdras
FIFA 22: Volta
Imagem: Reprodução/Daniel Esdras

No fim das contas, FIFA 22 agradou muito mais do que eu esperava. Seu conteúdo é enorme, as novidades justificam o novo título e todos os modos de jogo ganharam adições que valem o tempo investido.

Para aqueles que gostam do fator simulação e realismo, este ano está mais do que bem servido. O primeiro contato com o jogo nas últimas semanas foi promissor e, de forma geral, FIFA 22 é um excelente game de futebol.

A grande questão para a maioria dos fãs será conseguir um console de nova geração para aproveitar tudo o que é oferecido. Não é justo nem comparar as versões.

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL