Resident Evil Village: inspiração ousada em RE 4 rende um ótimo terror
Resident Evil Village é ousado, algo que pode ser perigoso, mas necessário, em maior ou menor medida, para se fazer terror em videogame.
A ousadia acontece de várias maneiras e com resultados também diferentes no jogo: das influências de Resident Evil 4 até as decisões de história (fique tranquilo que essa análise é SEM SPOILERS). E engana-se quem pensa que isso tem a ver só com a ausência de zumbis.
Resident Evil Village é a continuação direta de Resident Evil 7. Inclusive, assista nossa recapitulação do game para não chegar perdido.
Três anos após os acontecimentos do jogo anterior, estamos mais uma vez na pele de Ethan Winters, que vai sofrer mais um bocado de novo, agora atrás da filha raptada.
Inspirações ousadas
Apesar de continuar com a perspectiva em primeira pessoa de RE 7, não é segredo pra ninguém o quanto Village é inspirado em Resident Evil 4.
Já estava nos trailers e nas demos antes do lançamento: de coisas pequenas, como o inventário em forma de maleta, o cenário em uma vila isolada e até a volta da figura de um mercador para comprar, vender e melhorar as armas.
Essa inspiração é a primeira ousadia de Village, porque ainda que Resident Evil 4 seja um dos games mais influentes da indústria, o seu legado é mais visto em games de ação, como a visão "por cima do ombro" no personagem.
Também foi ele quem afastou a série Resident Evil do survival horror que ajudou a criar, direcionando para uma ação mais visceral que se intensificaria em RE 5 e 6, e influenciaria games como Dead Space.
E o que Village faz? Se apoia nessas influências para entregar uma experiência de survival horror. E dos bons. É até irônico.
Com o jogo em mãos, os aspectos emprestados do game de 2005 ficam ainda mais evidentes.
Algumas homenagens são até exageradas, ao ponto de Village recriar momentos de Resident Evil 4 sem vergonha na cara.
Isso faria sentido se esse fosse um remake, mas da forma como é apresentado no game parece mais um fan servisse sem propósito.
Felizmente, o que acontece na maioria das vezes é uma reciclagem de ideias que são usadas para enriquecer a experiência em Village.
Um exemplo disso é a ambientação, que tem até a mesma configuração de vila com um grande castelo medieval próximo. Porém, a forma como o novo Resident Evil usa esses cenários faz toda a diferença para entregar um clima de terror próprio, principalmente no castelo e da presença dela, Lady Dimitrescu.
Grande ousadia
A "vampirona" que virou meme realmente mete medo.
Dimitrescu é uma verdadeira evolução do conceito de gameplay de perseguição de Mr. X no Remake de Resident Evil 2, e de forma mais assustadora
O quão imponente ela fica com seus 2,90 metros e uma personalidade ao mesmo tempo carismática e sádica ajudam muito para isso.
Tentar explorar o castelo e dar de cara com Dimitrescu saindo de uma porta e crescendo diante de você com aquele sorriso vermelho está entre os momentos mais tensos do jogo, talvez até de toda a série Resident Evil.
Outra inspiração que Village reconstrói a seu favor é a figura do mercador. Em RE 4, ele era mais um aspecto da jogabilidade do que um personagem, salvo pelas frases que soltava e davam um toque mínimo de personalidade ("What ya buying?").
Já o novo mercador, o Duque, é um personagem de fato, que interfere e é importante para a narrativa.
Duque parece querer ajudar Ethan a resgatar a filha, dando dicas onde a menina poderia estar, mas sempre com um ar de quem está tramando algo por trás. Até mesmo o visual, com suas proporções gigante e expressões caricatas dão a ele uma personalidade realmente única.
Aqui é importante também comentar a dublagem em português brasileiro, uma das novidades de Village.
No geral, todas as vozes estão muito boas e, ouso aqui afirmar, melhor até mesmo do que a versão em inglês, principalmente no Duque, que se encaixa e acrescenta tanto ao personagem, que faz ele ser, sem dúvidas, uma das melhores coisas do jogo.
Ousadia polêmica
Resident Evil Village também é ousado em algumas decisões que toma para a história. A premissa central, de um pai desesperado atrás da filha é, sim, interessante e até bem desenvolvida, mas algumas reviravoltas vão ser polêmicas entre os fãs.
Em certos momentos, Village também abraça um lado galhofa, o que gerou gostosas risadas do meu lado.
Não é o que se espera de um jogo de terror, mas esse não é nem o problema, e sim que isso não parece se encaixar bem com o resto do clima e atmosfera do game.
Falar mais já entraria em terrenos perigosos e aqui é SEM SPOILERS.
Como qualquer bom jogo de terror deveria ser, Village também sabe o momento certo em que tem que acabar
No total, explorando bastante e achando todos os segredos, a campanha demora pouco mais de 12 horas para ser completada.
Porém, a vida do jogo é prolongada pelo modo extra Mercenaries e, principalmente, pelos vários desafios que incentivam a rejogar a campanha para desbloquear novas armas e em dificuldades maiores.
Várias formas de terror
A última e maior ousadia de Village é seguir uma linha Resident Evil 6 de reunir vários estilos, só que aqui estamos falando de vertentes do gênero do horror.
Resident Evil Village não é sobre um terror, e sim vários, pois em cada novo ambiente, o game brinca com estilos e presta homenagens a eles, normalmente relacionados a filmes:
Há desde terror atmosférico de A Bruxa, os sustos e clima de Ringu/O Chamado, o brutal visto em produções como O Albergue, e até slashers como Sexta-feira 13.
Tudo isso poderia gerar um monstro de Frankenstein sem sentido, mas felizmente Village sabe equilibrar bem os temas, assim como o próprio gênero de terror misturado com a ação.
Há momentos mais intensos com tiros e muitos inimigos na tela, não é à toa que o arsenal de Ethan também é bem generoso
São diferentes tipos de armas que podem ser encontradas na campanha, incluindo aí clássicos da série, como a Magnun e lança-granadas.
Seria fácil para Village cair na armadilha de ser um Resident Evil 4 em primeira pessoa, até pelas influências que tem, mas estamos em outro momento da série, e a Capcom acerta ao saber quando colocar mais ação e quando deixar o ritmo do jogo mais lento e aterrorizante.
Para aqueles que ainda não estão na geração PS5 e Xbox Series, a boa notícia que, pelo menos no PS4, Resident Evil Village também está um espetáculo visual, e não tão distante assim da versão de PS5, com a única grande diferença no tempo de loadings bem maiores.
Esse é mais um exemplo da qualidade técnica impressionante do motor gráfico RE Engine.
Resident Evil Village
É difícil analisar agora se Resident Evil Village vai ter a importância que Resident Evil 4 teve, só mesmo com um distanciamento maior poderemos saber com certeza.
O certo, por enquanto, é que ele vai causar um impacto nos games de terror, em mostrar que é possível ter momentos realmente assustadores, de se sentir indefeso, mas sem deixar a ação de lado.
Village fez um novo jogo da série principal de Resident Evil ser realmente bom novamente, do começo ao fim. Já é um feito e tanto.
Lançamento: 07/05/2021
Plataforma: PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series X/S e PC (Steam)
Preço sugerido: R$ 249
Classificação Indicativa: 18 anos (Violência Extrema)
Desenvolvimento: Capcom
Publicação: Capcom
Português: Sim (legenda e dublagem)
Jogue Também: Resident Evil 7, Resident Evil 4
*A cópia do jogo foi enviado pela Capcom ao START
**O PS5 usado para jogar foi enviado pela Sony ao START
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