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OPINIÃO

Hyrule Warriors é uma boa desculpa enquanto o "novo Zelda" não vem

Hyrule Warriors: Age of Calamity é o encontro da série Zelda com a pancadaria da série Warriors - Divulgação
Hyrule Warriors: Age of Calamity é o encontro da série Zelda com a pancadaria da série Warriors
Imagem: Divulgação

Tiago Alcantara

Colaboração para o START

28/11/2020 04h00

Em um ano de pandemia e lançamento de nova geração de consoles, a Nintendo não teve grandes novidades, mas tirou da cartola Hyrule Warriors: Age of Calamity. O game foi apresentado de surpresa ao público e prometia contar a guerra que se passou 100 anos antes de Breath of the Wild, jogo de 2017.

A chegada inesperada garantiu todos os holofotes para um jogo da série Warriors, mas foi uma aposta arriscada. Se, por um lado, os fãs devem dar toda a atenção para qualquer coisa relacionada a BoTW, as expectativas foram ampliadas.

Partiu pancadaria!

Os games da série Warriors são produzidos pela Koei Tecmo e consistem na ideia de um herói derrotar milhares de inimigos de uma só vez com golpes que lembram os animes tão amados pelos brasileiros. Sim, há sempre uma pequena pausa antes do "especial" e uma cena animada. Se você quer se aprofundar no tema, confira o nosso guia com os principais games.

O primeiro Hyrule Warriors (2015) foi lançado para Wii U e agradou a base de fãs. Uma versão de 3DS e um port com melhorias para Switch foram lançados nos anos seguintes.

Hyrule Warriors Age of Calamity - Divulgação - Divulgação
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O jogo era uma verdadeira viagem pelos mais variados títulos da marca, algo como uma desculpa para reunir personagens de todos os tipos, dos realistas aos mais fofos. Por outro lado, Age of Calamity traz o mundo de Zelda com o peso e a responsabilidade de se situar apenas no universo do aclamado game de 2017.

É preciso dizer que a escolha do argumento foi bastante acertada. A Nintendo resolveu supervisionar o título mais de perto, o que garantiu a presença dos assets do game original para a equipe do Team Omega.

É por isso que modelos de personagens, texturas e ambientes inteiros da Hyrule melancólica da última edição estão presentes em Age of Calamity. Trata-se de um prequel da história original com ênfase em personagens que vemos pouco em Breath of the Wild, como Impa, Purah e os campeões de Hyrule (Mipha, Revali, Daruk e Urbosa).

Hyrule Warriors Age of Calamity - Divulgação - Divulgação
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Hyrule: estado de calamidade

Com ênfase na nova história criada, toda a equipe de dubladores do original está de volta e faz um bom papel. Como já antecipado por aqui, a Nintendo ainda não tem uma data para começar a localizar seus games em português, o que é uma pena.

Por outro lado, a trilha sonora orquestrada do original marca presença novamente nesse episódio, com releituras e até músicas inéditas. Todo esse verniz de Breath of the Wild faz com que o jogo tenha mais cara de Zelda do que de Warriors, definitivamente.

A ação acontece a todo tempo em Age of Calamity. Sempre há um novo inimigo ou ameaça nessa Hyrule quase tomada pela versão monstruosa de Ganon

Hyrule Warriors Age of Calamity - Reprodução/START - Reprodução/START
Imagem: Reprodução/START

Os produtores trouxeram elementos de Breath of the Wild para compor o gameplay frenético. Por frenético, entenda que a ação acontece a todo tempo em Age of Calamity. Sempre há um novo inimigo ou ameaça nessa Hyrule quase tomada pela versão monstruosa de Ganon. Há koroks com sementes escondidos por toda a parte, as runas da Sheikah Slate foram adaptadas ao combate de todos os personagens e os cenários são recriados com base na Hyrule devastada de 100 anos depois.

Ao trazer os cenários, florestas e corredores de travessia que involuntariamente remetem ao game original, a Koei Tecmo conseguiu trazer mais de Zelda do que qualquer outra parceria famosa que a série Warriors já lançou no ocidente. Isso torna os mapas mais atraentes aos jogadores, já que os fortes não são apenas quadrados espalhados por um grande quadrilátero para você conquistar.

Se não é um primor de exploração, o game consegue mesclar bem o senso de urgência do enredo com a pancadaria que é marca registrada na série. Até a verticalidade concebida em Breath of the Wild com o uso do paraglider (parapente) mostra sutilmente sua face em Age of Calamity.

Hyrule Warriors Age of Calamity - Reprodução/START - Reprodução/START
Imagem: Reprodução/START

Um campeão para chamar de seu

Mesmo supervisionados, os designers do Team Omega tiveram liberdade para fazer um jogo novo. Personagens que eram idosos no original, como Impa, a escudeira acompanhante da princesa Zelda em tantos games, está no jogo com uma feição mais jovem.

A história mesmo, apesar de vender em seus trailers a tragédia anunciada que todo jogador de Breath of the Wild já conhece, busca um caminho alternativo e independente. Tudo para entregar um jogo que termine com uma nota positiva.

Age of Calamity é quase um anime interativo em alguns pontos. Se Breath of the Wild dizia muito com pouco, aqui não foi poupado o dramalhão

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Hyrule Warriors Age of Calamity
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Faz sentido que as marcas ofereçam algo menos sombrío e catastrófico. No entanto, nesse ponto, Age of Calamity volta a ser só um spin-off. Havia potencial para bem mais. Evitando spoilers, dá para antecipar que as escolhas de enredo vão fazer os fãs passarem meses discutindo o que aconteceu realmente.

Ainda assim, o pequeno robô guardião —que tem toda pinta de BB-8, de Star Wars— é carismático o suficiente para carregar a trama.

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Imagem: Reprodução/START

A riqueza de The Legend of Zelda, em tantos anos contando e recontando suas histórias está mais na mitologia criada pela marca do que em qualquer uma das (confusas) linhas do tempo. Ponto positivo para a quantidade de cutscenes. Há muito o que assistir entre os sete capítulos do game, divididos em missões menores e inúmeras sidequests.

Age of Calamity é quase um anime interativo em alguns pontos. Se Breath of the Wild dizia muito com pouco, aqui não foi poupado o dramalhão.

Há personagens bastante inusitados, e a quantidade de lutadores disponíveis é razoável —o que nos leva a crer que pacotes de DLC com novos heróis e histórias paralelas devem surgir em breve. Vale ressaltar que alguns desses personagens garantem horas para lá de satisfatórias de jogatina. E, além do gameplay prazeroso, há verdadeiras surpresas nas escolhas de "campeões".

O quarteto é um dos pontos altos do jogo, apesar de a história não entregar tanto contexto assim sobre os escolhidos para pilotar as divine beasts e salvar Hyrule. Depois de quase 30 horas de jogatina, Urbosa segue sendo a campeã mais maneira de todo o reino, podem confiar.

O game ainda consegue diversificar os cenários ao incluir as divine beasts em algumas fases. Não chega a ser nada extremamente elaborado, mas vale a pena para manter a atmosfera. Fica aqui também um registro de que as lutas contra chefes são bem empolgantes, apesar de repetirem o combo: enfraqueça o adversário, dê um golpe especial e repita.

A grama da next-gen é mais verde

Se no quesito atmosfera Age of Calamity mais acerta do que erra, não dá para deixar passar batida a parte técnica. Como de praxe, os games da série Warriors sofrem com o framerate, e a Koei Tecmo parece ter dificuldades em manter uma taxa de quadros estável por conta de sua própria mania de grandeza.

Um exemplo claro é a grama de Breath of the Wild, somada com centenas de inimigos em cena. Sim, o cenário de Hyrule Field (um dos primeiros e últimos) vê o jogo alternar entre momentos de performance muito ruins a diversos outros toleráveis. São raros os capítulos em que tudo flui bem, como os 30 quadros por segundo almejavam.

O modo cooperativo, com tela dividida, piora ainda mais a situação —a recomendação pessoal é que você "passe o controle" se quiser se divertir ao lado de um amigo.

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Não são problemas novos: o primeiro Hyrule Warriors, em sua versão de Wii U, já sofria do mesmo mal. No entanto, as arestas foram quase totalmente aparadas quando o game ganhou um relançamento no Nintendo Switch. Num mês em que só se comenta tanto os tais 60 frames por segundo (ou até mais), resolução 4K e carregamentos rápidos da nova geração, não deixa de ser notável o esforço que o Switch faz para rodar Age of Calamity.

Um retorno agridoce para Hyrule

Se houve pouco tempo para entregarem algo mais polido, é incontestável que fica a sensação de que jogos da Nintendo feito por parceiras padecem de problemas técnicos, enquanto as marcas "de casa" mantém performances mais estáveis em seus títulos. Basta lembrar que o próprio BotW recebeu várias atualizações para melhorar quedas de framerate e reduzir tempos de carregamento após o lançamento.

Apesar dos problemas técnicos, Age of Calamity está longe de ser injogável e saldo é positivo. Os controles são mais fluidos que outros musous, especialmente em relação ao primeiro Hyrule Warriors. Os combos são gratificantes e é notório o respeito que os desenvolvedores da Koei Tecmo possuem não apenas com a franquia Zelda, mas com o próprio Breath of the Wild.

Para o fã da série da Nintendo, Age of Calamity é quase obrigatório. É outra chance de ver por que a monarca que leva o nome da série é uma das personagens femininas mais interessantes da indústria. Ah, claro, e você pode detonar na porrada os monstros todos entre uma cutscene e outra.

Hyrule Warriors: Age of Calamity

Hyrule Warriors Age of Calamity - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

Lançamento: 20/11/2020
Plataforma: Nintendo Switch
Preço sugerido: R$ 299
Classificação indicativa: 10 (Violência)
Desenvolvimento: Koei Tecmo
Publicação: Nintendo
Jogue também:The Legend of Zelda: Breath of The Wild, série Warriors/Dynasty Warriors

*A cópia do jogo foi enviada pela Nintendo ao START.

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