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Mercado de lan houses encolhe mais de 60% e deixa games em segundo plano

Théo Azevedo

Do UOL, em São Paulo

13/04/2015 17h48

“Camper maldito, não sai da porta. Droparam a bomba na B! Defende, defende! Tomei um headshot varado quando passei no corredor. Alguém tá tomando conta da varanda?! Ih, plantaram na A”.

O diálogo acima, que pode ser ininteligível para muita gente, era comum nas partidas de “Counter-Strike” que dominavam as lan houses durante os “corujões” lá pelos idos dos anos 2000, quando dezenas de aficionados varavam a madrugada para jogar em rede.

As lan houses começaram a aparecer em 2002 e, anos depois, no auge, havia cerca de 120 mil estabelecimentos do gênero espalhados pelo Brasil. Hoje o número caiu para um terço disso, algo estimado entre 42 mil e 44 mil. O maior acesso à banda larga e aos computadores, além da popularização dos smartphones e da internet móvel, figuram entre as razões da queda.

Dez anos atrás, contudo, não era todo mundo que tinha PC e internet parrudos o suficiente para jogar “Counter-Strike”, “Gunbound”, “Ragnarök Online” e outros jogos que bombavam nas lan houses. Além disso, havia o fator social, afinal, era muito legal reunir uma turma de amigos e varar a madrugada num ambiente seguro e controlado – uma imagem bem diferente dos fliperamas de então, muitos deles decadentes e mal frequentados.

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    Segundo Mario Brandão, da ABCID, as lan houses hoje em dia não vivem apenas do 'acesso à internet' e oferecem também outros serviços

Mas quem frequenta as lan houses hoje em dia? Segundo Mario Brandão, presidente da Associação Brasileira de Centros de Inclusão Digital (ABCID), o perfil é bastante diverso: “Tem quem quer navegar com segurança e ‘não estragar o PC de casa’, quem busca privacidade ou que precisa imprimir um documento ou fazer o currículo”, explica.

Além disso, as lan houses se aproximaram do modelo de loja de conveniência: “Da mesma forma que farmácia hoje em dia não vende só remédio, ou que a padaria não vende apenas pão, as lan houses não vivem mais do acesso à internet, e sim dos serviços agregados, como bomboniere”, conta Brandão, ele mesmo proprietário de um estabelecimento do gênero, no Rio de Janeiro.

Como nem todo mundo possui um computador ou conexão de internet preparados para rodar os jogos de hoje em dia, ainda há quem vá às lan houses para jogar “DotA 2”, “League of Legends” ou “Crossfire”.

Porém, os saudosos corujões viraram mesmo uma boa lembrança do passado.