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BGS 2014: 'Gameterapia' ajuda a melhorar a vida de autistas e deficientes

Pedro Henrique Lutti Lippe

Do UOL, em São Paulo

09/10/2014 19h26

Um grupo diferente de crianças animou o Brasil Game Show nesta quinta-feira (9), tomando conta do estande da Ubisoft para dançar suas coreografias ensaiadas em "Just Dance".

Diferente porque as crianças em questão têm todas as idades, e são chamadas assim carinhosamente pelos coordenadores e instrutores da instituição beneficente Casa de David, que se especializa no tratamento de deficientes intelectuais e autistas carentes.

"Cuidamos de crianças que, em sua maioria, são abandonadas ou de famílias muito carentes", explica a coordenadora de relações institucionais da Casa, Cleize Bellotto. "Elas moram na Casa, e não têm muitas perspectivas de cura. Então trabalhamos com terapias e atividades que tornam as vidas deles melhores dentro do possível".

Na busca de tratamentos alternativos para os moradores da Casa, o time de instrutores pensou na possibilidade de utilizar games como uma forma de terapia. E a ideia deu certo.

"Algumas das crianças têm muitas dificuldades motoras, até mesmo de andar. Mas quando chegam na frente do videogame conseguem se soltar e se divertem muito", revela Bruno Sartori, instrutor de educação física e um dos idealizadores do projeto de 'gameterapia'.

DOAÇÕES

  • Situada em São Paulo, a Casa de David aceita doações. Todos os alimentos coletados pela organização do Brasil Game Show na venda de meias-entradas serão entregues à instituição.

Jogos como "Just Dance" passaram a ajudar no dia-a-dia de um grupo de cerca de 30 pacientes, e Bruno quer que esse número cresça ainda mais.

Além do Kinect, que capta os movimentos de dança das crianças, o Wii também é utilizado nos tratamentos - especialmente no caso de cadeirantes.

"Temos um paciente cadeirante que não tem o movimento dos braços. Então, para que ele pudesse participar das atividades, improvisamos com uma meia para prender o controle ao seu pé", conta o fisioterapeuta Paulo Alexandre Mascarenhas, que também trabalha no projeto. "Com isso, ele consegue sacar e rebater as bolas no tênis do 'Wii Sports'".

"Essa 'gameterapia' tem mostrado muitos resultados. Algumas das crianças, que nunca aceitam participar de nenhuma das outras atividades, se divertem com os games de bom grado", afirma Cleize.

"Observamos um grande ganho motor em alguns dos pacientes, e de uma forma ou de outra eles se divertem muito com os jogos", confirma Paulo.

Gilmara, uma das pacientes mais animadas com o tratamento, confirma com entusiasmo: "Eu gosto muito do jogo das frutas e do que tem as danças. Minha atividade favorita ainda é o basquete, mas jogar é muito legal. Sinto que jogar me ajuda muito a me mexer".