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Palco invadido, show da vida e choro: memórias de quem viu todos os Lollas

Neste ano, o Lollapalooza Brasil celebra sua 11ª edição —e tem gente que, até agora, não perdeu uma!

É o caso do biólogo Bruno Gomes, que desde os 15 anos viaja de Maceió a São Paulo pelo festival. Fã de Foo Fighters, ele explica que planejou a viagem após ver a banda no line-up da primeira edição: "Minha mãe gosta de aventura, aí resolveu ir comigo e com meu irmão. Eu com 15, meu irmão com 12, fomos para São Paulo assistir a um festival de música de dois dias. Terminou que ela adorou, ela gostou tanto quanto eu. No outro ano veio o Pearl Jam, que é uma das bandas favoritas dela. Aí virou tradição: vamos sempre eu, minha mãe e meu irmão".

Bruno Gomes com a mãe e o irmão no Lollapalooza 2013
Bruno Gomes com a mãe e o irmão no Lollapalooza 2013 Imagem: Arquivo pessoal

Bruno foi a todos os dias de todas as edições. "Eu me lembro de todas as edições como se fosse ontem. É o momento que eu espero o ano todo todinho, sabe?", reflete o biólogo de 27 anos. Questionado sobre as memórias mais especiais, ele cita momentos como Liam Gallagher invadindo o palco do The Killers em 2018 e o line-up inteiro de 2013, mas crava: "O show do Foo Fighters, pra mim, até hoje, é o melhor show da minha vida".

Para quem é frequentador assíduo, o line-up é o que define uma boa edição. O médico Douglas Manso, de 31 anos, também destaca a edição 2018: "Teve um line-up inacreditavelmente bom: The Killers, Red Hot Chilli Peppers, Liam Gallagher. Bandas indies que são muito boas e quase nunca vêm pro Brasil, como LCD Soundsystem e The National, lendas como o David Byrne, que fez um show histórico e talvez um dos meus prediletos. Foi um show que muitos amigos estavam comigo, ninguém foi esperando nada e todo mundo saiu extremamente encantado".

Douglas Manso com a namorada e amigos no Lollapalooza 2018
Douglas Manso com a namorada e amigos no Lollapalooza 2018 Imagem: Arquivo pessoal

Em 2022, o festival teve um de seus momentos mais tensos: a morte de Taylor Hawkins, baterista do Foo Fighters. "Nossa, foi o momento mais triste relacionado a show da minha vida. Quando eu estava voltando do primeiro dia, que era o dia do Strokes, eu tava sentado no metrô, meus amigos estavam do outro lado. Eles olharam assim: Bruno, o baterista do Foo Fighters morreu. E eu demorei uns minutinhos pra entender... Nossa, acabou meu festival ali. Eu ainda cheguei pros outros dias e tal, teve as homenagens da Miley Cyrus, o Planet Hemp. Foi legal, foi bonito. Muita gente reclamou, mas eu entendo que não tinha o que fazer", relembra Bruno.

A chuva também é sempre um empecilho quando se trata do Lolla. "Nunca vou esquecer 2019, que a gente teve uma chuva enorme com raio, vento levando estruturas, e o festival teve que ser evacuado. Eu me lembro de estar vendo um show com capa de chuva, mas a capa não segurava. Não tinha onde se esconder, porque numa situação dessa não dá para ficar embaixo de estruturas metálicas que podem ceder ou pode cair um raio", conta Douglas.

Douglas Manso e dois amigos na edição 2019 do Lollapalooza, quando o autódromo foi evacuado
Douglas Manso e dois amigos na edição 2019 do Lollapalooza, quando o autódromo foi evacuado Imagem: Arquivo pessoal

A gente ficou tomando chuva até que abriram as portas para evacuar o festival. Eu ainda tinha esperanças de que fosse retornar, então não saí totalmente do festival. Fui para um cantinho bem na saída e fiquei lá, tomando chuva e esperando. Eventualmente os shows voltaram. Douglas Manso

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Nos últimos anos, no entanto, o maior perrengue tem acontecido antes mesmo do festival. Tanto Bruno como Douglas citam os cancelamentos de atrações como um aspecto em que o Lolla piorou: "Tinha época que não se falava nem cancelar, cancelava um artista ou outro. Hoje em dia vários artistas têm cancelado, principalmente headliners. E aí fica uma coisa meio esquisita, muita gente não está colocando muita fé no festival depois de dois headliners terem sido cancelados no ano passado", diz o biólogo.

Você compra o ingresso sem saber se a atração vai estar lá no dia ou não, porque resolveu cancelar. Douglas Manso

Que dicas eles dão para quem vai ao Lolla pela primeira vez? "Esteja preparado para andar bastante", recomenda Douglas. "Sei que muita gente gosta de ir estiloso para tirar fotos. Entendo, quando a pessoa é jovem ela tira isso de letra, vai com uma roupa que não é tão confortável e passa o dia bem. Mas eu recomendo ir com roupas e calçados bem confortáveis. Eu uso roupas de trilha, com proteção para água, porque se chover meus pés ficam sequinhos e eu consigo curtir o dia todo."

Bruno recomenda organização para ver os shows. "Eu gosto de ficar muito perto do palco. Para mim, se eu fico muito longe do artista, é como se eu não tivesse visto o show. Então, por exemplo: vou pro show do Blink-182, que eu tô esperando há muito tempo pra vir. Eu gosto de chegar cedo e já ficar no palco. Ah, vai ter o Arcade Fire do outro lado, que eu também gosto muito. Mas eu já vi o Arcade Fire. É triste não assistir, mas você tem que saber priorizar o que você quer."

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