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'Morning Show' termina provocativa, atual e candidata a melhor série do ano

Nesta semana, o Plano Geral celebra finalmente o fim da greve dos atores de Hollywood que, depois de 118 dias, termina prometendo uma abertura maior de informações sobre as audiências nos streamings.

E por falar em streaming, em sua terceira temporada, "The Morning Show", da Apple TV+, entra para a lista das melhores séries do ano e larga bem na corrida à temporada de prêmios 2024.

Estrelada e produzida por Jennifer Aniston e Reese Witherspoon, a série seguiu entregando tudo com um final que nos fez torcer pelos bons jornalistas e a mídia tradicional, contra os bilionários que controlam as redes sociais.

"Uma das grandes séries do ano, não deixa cair o fôlego. Os roteiristas se esmeram muito e continuam tendo os melhores diálogos. Nesta terceira temporada, a grande ameaça, ao contrário da primeira, que girou toda em torno dos escândalos de assédio sexual, agora a gente tem um assunto contemporâneo, que é a velha mídia versus a nova mídia", explica Thiago Stivaletti.

Reese Witherspoon e Jennifer Aniston em "The Morning Show"
Reese Witherspoon e Jennifer Aniston em "The Morning Show" Imagem: Divulgação

Desta vez, o futuro da grande rede de TV e do próprio jornalismo estão em cheque e em um momento de mudança. Nada mais será como antes no mundo dos algoritmos, redes sociais e BigTechs. Quando um bilionário da tecnologia, vivido por Jon Hamm, quer comprar a UBA, os ânimos se acirram, o que era certo passa a ser questionado e a organização não só da informação, mas de toda a empresa pode mudar completamente.

Sem spoilers

Tudo é questionado, inclusive a ética e a lealdade de todos dentro deste jogo de poder que envolve também machismo, racismo, relações de poder, de família, política e até paixão. Alianças improváveis são feitas, segredos se tornam armas, e todos da equipe se deparam com situações que os colocam de frente com suas convicções, ética e valores.

O último, sem spoilers, é de tirar o fôlego e termina em um clima de "Succession", em que tudo pode acontecer, nesta reunião de acionistas. Thiago Stivaletti

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Flavia completa que o roteiro inclui, de forma muito natural e orgânica, pautas cruciais do mundo contemporâneo, como a relação entre a democracia e a informação. "Pautas como tecnologia, o assédio, a polarização política, com direito à invasão do Capitólio, o que houve também no Brasil, entram no roteiro e na história de forma natural, fazendo parte da história das vidas dos personagens", analisa.

"A série nos faz torcer pela velha mídia e pelo bom jornalismo, a gente torce para que os profissionais se deem bem. E a história do Capitólio entra na série de uma forma muito engenhosa, com consequências na vida de todos os personagens. O mundo não é uma bolha e tudo pode afetar diretamente a nossa vida", continua Thiago.

Com Aniston e Witherspoon, o elenco da terceira temporada repleto de estrelas é liderado por Billy Crudup, Mark Duplass, Nestor Carbonell, Karen Pittman, Greta Lee, Jon Hamm, Nicole Beharie e Julianna Margulies.

"O Assassino"

Diretamente dos cinemas, "O Assassino", de David Fincher estreia na Netflix mostrando como até os grandes cineastas estão adaptando suas histórias de cinema para a linguagem do streaming.

Os festivais estão com tudo e trazemos damos dicas de três festivais ótimos que ocorrem em São Paulo: o Varilux de cinema francês, o Festival de Cinema Italiano e o Mix Brasil.

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"Tia Virgínia"

Na entrevista da semana: o diretor Fábio Meira fala sobre o drama familiar "Tia Virginia", que traz Vera Holtz, Arlete Salles e Louise Cardoso no auge de suas performances, nos cinemas.

No longa, que deu a Vera Holtz o Kikito de Melhor Atriz em Gramado 2023 e o de Melhor Roteiro para Meira, entre outros prêmios, a atriz dá vida à personagem título, Virgínia, que nunca se casou ou teve filhos, e foi convencida pelas irmãs, Vanda (Arlete Salles) e Valquíria (Louise Cardoso), a deixar a vida que tinha para cuidar dos pais.

Com roteiro que mescla drama e comédia, com olhar atento ao cotidiano e aos diálogos que passam despercebidos muitas vezes, mas que dizem muito sobre cada um dos personagens, "Tia Virgínia" é um dos melhores filmes brasileiros do ano.

Ao colocar no centro da ação uma protagonista que está encarando a velhice e ainda tem seus sonhos e quer se lançar a uma vida que ela deixou praticamente pausada, o filme coloca o espectador em contato com a urgência do tempo, com o passar deste tempo e com o que tantos anos construíram, ou destruíram, nas relações dessa família e das três irmãs.

Plano Geral entrevista o diretor Fabio Meira
Plano Geral entrevista o diretor Fabio Meira Imagem: Reprodução/Youtube
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Sim, o filme tem essa urgência. As coisas têm seus tempos. São as personagens que definem a narrativa. A minha tentativa sempre é a de escutar as personagens e entender o que elas vão trazer para a narrativa. Fábio Meira

Para Fábio, que também dirigiu o premiado "As Duas Irenes" (em cartaz na Netflix), o filme tem uma urgência, pois toda a ação se passa em 24 horas dentro da mesma casa.

"Os personagens estão em situações limite. E isso foi antes da pandemia, que a gente viveu depois. E os personagens são obrigados a conviver. A Virgínia está presa naquela casa há muito tempo. O tempo dela não é o da sobrinha, não é o do sobrinho. A vida de cada uma das irmãs tem a questão do tempo, que, para mim, é muito importante. Tento sempre partir disso também", explica ele.

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