Doença da mãe é ponto sensível para Chitão e Xororó em série: 'É realidade'

Historicamente discretos em relação a problemas pessoais na família, Chitãozinho e Xororó terão boa parte de seus dramas de infância expostos a partir desta sexta-feira (18), com a estreia da série "As Aventuras de José e Durval", no Globoplay.

O ponto mais sensível para os dois irmãos mais velhos de uma família de oito filhos certamente está na doença da mãe, dona Araci, vivida magistralmente por Andréia Horta. O desempenho da atriz emocionou a dupla, que falou a Splash sobre a série com exclusividade.

Bipolar, Araci demorou a receber um diagnóstico que pudesse ajudar a ela e à família. José (Chitãozinho), Durval (Xororó) e Rosária, em especial, os três filhos mais velhos, sofreram bastante com o problema de saúde mental da mãe, por vivenciarem o luto pela perda da irmã Lurdinha, que morreu ainda bebê, o que afetou de modo visceral o comportamento da matriarca.

Com o tempo, a gente vai entendendo algumas coisas que vamos vivendo. Demorou a sabermos que o que minha mãe tinha era bipolaridade, todos nós sofremos junto com ela. Trouxemos isso porque é a realidade, toda família tem suas dificuldades.
Xororó

Chitão também destaca a comoção trazida pelas cenas com Andréia Horta: "A parte que me surpreendeu muito foi dos momentos difíceis que passamos durante a doença de nossa mãe. Isso me impressionou porque está bem interpretado. Tenho certeza de que essa emoção vai chegar no público também."

A reportagem de Splash assistiu a quatro dos oito episódios da produção, que tem direção-geral de Hugo Prata, com roteiro final de Rafael Lessa e produção da O2 Filmes. O enredo mostra ainda como a fragilidade mental da mãe, aliada ao alcoolismo do pai, agravou ainda mais as dificuldades daquela família pela qual José e Durval desde cedo se sentiram muito responsáveis.

Marco Ricca dá vida a Mario, o patriarca, que foi motorista de caminhão e ônibus, mas era um cantor frustrado. Os irmãos Simas — Rodrigo, como Chitãozinho, e Felipe, como Xororó — protagonizam a produção, que conta ainda com Augusto Madeira (vivendo o radialista Geraldo Meirelles, autor da ideia de batizá-los artisticamente como Chitãozinho & Xororó), e Thiago Briantti, intérprete de Homero Bettio, produtor musical e empresário dos dois por quase três décadas.

Chitão e Xororó asseguram que não impuseram qualquer restrição à retratação de sua trajetória e não tiveram acesso aos roteiros com antecedência. Só assistiram aos oito episódios após a conclusão da série e garantem que não mudariam uma vírgula sequer.

"Está sensacional, um trabalho muito bem-feito", diz Chitão. "Nos emocionamos, achei interessante olhar a nossa história 'de fora'", fala Xororó, que conta como se deu o processo de criação: "Nós tivemos contato com o diretor e os roteiristas, conversamos muito para que eles pudessem captar a nossa essência e deu muito certo."

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Para o pai de Sandy e Júnior, a escolha por Rodrigo e Felipe Simas para representarem a dupla na ficção também foi muito feliz. "Na vida real, individualmente eles também são diferentes, como nós. Rodrigo é mais extrovertido, como o Chitão, e o Felipe é mais na dele, como eu. Acredito que isso também trouxe ainda mais verdade para a série".

"O fato do Rodrigo e o Felipe Simas serem irmãos ajudou a representar a sensação de parceria e união que vivemos ao longo da nossa história. Eles são muito talentosos, fizeram um ótimo trabalho", entusiasma-se o primogênito.

Fora as cenas com os Pedros Tirolli e Lucas, que vivem a dupla na infância, e uma sequência em que Rodrigo Simas arrisca uma apresentação à capela, as canções vistas em cena são todas nas vozes dos próprios Chitãozinho e Xororó.

A produção não ousou colocar Felipe na cilada de cantar como se fosse Xororó, dono de um timbre e um alcance vocal ímpar. Para o diretor, manter as vozes originais foi também uma questão de respeito com a trajetória da dupla. Os atores concordam. E brincam que seria uma afronta tentar alcançar o talento vocal da dupla.

No máximo, os dois passaram por minucioso trabalho corporal para "dublar" o comportamento físico dos verdadeiros José e Durval, mas Felipe confessa que até hoje tem falhas na voz por tentar experimentar os timbres de seu personagem.

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Chitãozinho (Rodrigo Simas) e Xororó (Felipe Simas) na série "As Aventuras de José e Durval"
Chitãozinho (Rodrigo Simas) e Xororó (Felipe Simas) na série "As Aventuras de José e Durval" Imagem: Aline Arruda

Momento mais emocionante

"A lembrança de quando cantamos pela primeira vez", conta Xororó, foi o momento que mais o emocionou na série. "Não sou de me apegar ao passado, gosto de viver o hoje e pensar no futuro", pondera Chitão, de modo que "relembrar vários momentos da nossa vida, da nossa carreira, me emocionou muito".

"São muitos momentos especiais", endossa o irmão, que continua: "É uma obra inspirada na nossa história, mas que os elementos de ficção se encaixam muito bem para tudo fazer sentido. Quando assistimos à nossa própria história sendo contada, vemos detalhes que vivendo passaram despercebidos. Vendo 'de fora', vemos o quanto foi sofrido, você vê a tristeza que a gente viveu em alguns momentos".

O enredo recupera as dificuldades em Rondon, no Paraná, cidade a cerca de 147 km de Astorga, no mesmo estado, onde nasceram José, Durval e Rosária. Os outros irmãos vieram já em Rondon, a saber Maurício, Sebastião, Nilva, Ricardo e Amauri. Dessa trupe, Tiãozinho também seguiu os passos dos manos, formando dupla com Rafael (Tiãozinho Lima e Rafael), e Maurício e Amauri se tornaram Maurício & Mauri.

A série "As Aventuras de José & Durval" faz parte das comemorações pelo cinquentenário da dupla, pioneira na chegada da música sertaneja às estações de rádio FM e às grandes casas de espetáculo de metrópoles como São Paulo e Rio de Janeiro.

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"Confiamos plenamente na equipe de direção, de roteiro, a nossa história é pública, as pessoas já conhecem como somos e o que fizemos em 50 anos de carreira", afirma Chitão. Até por isso diz que "não houve receio" em expor a trajetória da dupla. "Trouxemos pontos importantes da nossa vida, que mostram que vivemos dificuldades e desafios como todas as pessoas."

Se o início enfrentou tantas dificuldades, o êxito do final feliz é um ponto incontestável para que essa história seja compartilhada em detalhes. O próximo passo nas celebrações do cinquentenário é a produção de um documentário. "Estamos celebrando os 50 anos ainda, é difícil concentrar todas as comemorações em um tempo curto de tempo? Ainda tem muita coisa pela frente", afirma.

Além da turnê dos 50 anos, que continua se apresentando no Brasil, gravamos o audiovisual [do show] em Nova York, que está disponível no YouTube para todo mundo assistir, acabamos de fazer o cruzeiro internacional de 50 anos com fãs e muitos amigos viajando juntos. Ainda tem muita coisa para acontecer. Xororó

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