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Símbolo sexual em 1970, atriz de Elas por Elas expôs HIV e morreu de câncer

De Splash, no Rio

24/07/2023 12h00

Sandra Bréa fez sucesso nas décadas de 1970 e 1980 ao participar de novelas da Globo, como "O Bem-Amado" (1973) e "Elas Por Elas" (1982) — novela que ganhará adaptação em breve. Considerada símbolo sexual da época, morreu aos 48 anos em maio de 2000 após complicações de câncer no pulmão.

A trajetória da atriz não foi marcada apenas pelas obras na TV, mas também pela luta contra o preconceito em torno do HIV. Ela foi a primeira atriz a falar publicamente que convivia com o vírus.

Sandra nasceu em 11 de maio de 1952 na cidade do Rio de Janeiro. Filha de Aurora Santorra e de um oficial da Força Aérea americana, começou como modelo aos 13.

A estreia no teatro aconteceu em 1966, seis anos antes de chegar à TV na novela "Bicho do Mato". Uma das personagens mais populares foi a Glória, de Bambolê (1987).

Luta contra preconceito

A atriz revelou ter contraído o vírus HIV em agosto de 1993. Porém, a contaminação pode ter acontecido dois anos antes por meio de uma transfusão de sangue, após um grave acidente de carro.

Tenho Aids e muita saúde, graças a Deus.
Sandra Bréa em declaração à imprensa no ano de 1993

Depois disso, não foi mais convidada para estrelar novela. Seu último papel fixo foi em "Felicidade" (1992). "Faltava um grito veemente para mostrar que o isolamento mata em maior quantidade e de forma mais impiedosa que o próprio HIV? A ciência avança léguas a cada dia. Tenho a certeza de que uma vacina ainda salvará a minha vida e a de tantos outros", disse na época.

Suas últimas aparições na TV foram relacionadas à conscientização e quebra de estigmas contra o vírus HIV e a doença Aids — na época pouco se falava sobre a distinção. Em 1997, estrelou campanha do Gapa (Grupo de Apoio à Prevenção à Aids).

No ano seguinte, fez participação no último capítulo da novela "Zazá" (Globo), de Lauro César Muniz. Ela deixou uma mensagem às vítimas da Aids — assunto abordado em trama paralela da história.

Morte

Sandra sempre dizia que não morreria em decorrência da Aids — e ela acertou. Em dezembro do 1999, um câncer no pulmão foi diagnosticado. A princípio, recusou tratamento.

Quando foi submetida a uma cirurgia para a retirada do tumor, a atriz descobriu que já estava em metástase — ou seja, se espalhou para outros órgãos. Sandra morreu na manhã do dia 4 de maio, em sua casa, na zona oeste do Rio de Janeiro, após uma parada respiratória.

Nas últimas semanas de vida, ela tinha dificuldades para falar e se locomover, além de precisar de uma dieta especial e cuidados médicos contou 24 horas por dia, afirmou uma reportagem do jornal Folha de S.Paulo na época.

Ao jornal, uma amiga de Sandra disse que ela era uma amiga "guerreira", porque não a viu se abater com as dificuldades impostas pela enfermidade. "Ela estava sempre brincando, tinha uma personalidade cativante e não se deixava vencer."

Já o caseiro da residência em que vivia Sandra, que trabalhava para a atriz havia pouco mais de um ano, disse que estava muito triste porque vinha adoecendo com frequência nos últimos meses. "Ela estava cansada da doença, de tomar todos aqueles remédios. Mas sempre foi muito amável, eu vou sentir a sua falta."

Vida pessoal e amorosa

Desejada pelos homens de sua época, Sandra Bréa posou nua para as revistas Status, Playboy e outras na década de 1970, em plena ditadura militar, que reprimia esse tipo de conteúdo. Também participou de filmes eróticos e pornochanchadas.

Sandra Bréa falava abertamente de seus relacionamentos. Foi casada com o engenheiro Eduardo Espínolla Netto, com o fotógrafo Antonio Guerreiro e com o empresário gaúcho Arthur Guarisse.

Ela teve um filho. Alexandre Bréa Brito foi adotado em 1981 e estava brigado com a mãe na data de sua morte. Ele desapareceu misteriosamente um ano após a partida da atriz e, em 2019, foi dado como morto pela Justiça em processo judicial sobre a herança de Sandra.