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Ewerton de Castro criticou 'Globo todo-poderosa' e atuou em pornochanchadas

Ewerton de Castro no papel de Silveira em "Riacho Doce" (1990) - Jorge Baumann/Globo
Ewerton de Castro no papel de Silveira em "Riacho Doce" (1990) Imagem: Jorge Baumann/Globo

De Splash, em São Paulo

23/05/2023 14h47

Na semana passada, Ewerton de Castro, 77, foi condenado a pagar R$ 210 mil à Globo por abandonar a minissérie "O Quinto dos Infernos" há mais de 20 anos, em 2002.

À época, o ator ficou insatisfeito com o papel pequeno na produção e decidiu pedir demissão da Globo.

Castro começou a atuar nos anos 60 e, hoje, está afastado da televisão. Ao longo de sua carreira, o artista participou de uma série de novelas, peças e filmes, inclusive das chamadas pornochanchadas, gênero que foi sucesso nos anos 70.

Ewerton de Castro teve papéis de destaque em novelas da TV Tupi na década de 70, como "A Viagem" (1975), no papel do protagonista Alexandre, "Xeque Mate" (1976) e "Éramos Seis" (1977). Antes disso, no final dos anos 60, interpretou o Visconde de Sabugosa na versão de "Sítio do Pica-pau Amarelo" da Band.

"Eu apanhei na rua. Naquela época, a gente apanhava na rua quando interpretava um personagem mau", contou ele, em entrevista ao Jornal da Cidade de Rio Claro.

Naquela mesma década, atuou em pornochanchadas como "Anjo Loiro" (1973), filme protagonizado por Vera Fischer e censurado na ditadura militar, "Cada Um Dá O Que Tem" (1975)", "Adultério por Amor" (1978) e "A Noite das Depravadas" (1981). Também dirigiu o filme "Viúvas Precisam de Consolo" (1979), que tinha no elenco sua primeira mulher, a atriz Mayara de Castro.

No final dos anos 70, Castro estreou na Globo em "Malu Mulher" (1979), atuando em outras produções da emissora como "Roque Santeiro" (1985), "Riacho Doce" (1990) e "Fera Ferida" (1993) e "Os Maias" (2001).

O ator também atuou em atrações da Rede Manchete, como a primeira versão de "Pantanal" (1990), no papel do peão Quim, e "Kananga do Japão" (1989).

Em 2002, Ewerton de Castro se demitiu da Globo e criticou a emissora pelo tratamento que recebeu durante a produção de "O Quinto dos Infernos". "A relação que existe entre a Globo, todo-poderosa, e os atores é tão injusta que, quando alguém diz 'não', eles dizem que não ouviram direito. Eles não acreditam que alguém não queira trabalhar lá. Sabem que há uma fila na porta implorando para entrar a qualquer preço", disse, em entrevista à Folha de S. Paulo ainda naquele ano.

Ewerton de Castro e Maria Padilha em 'O Quinto dos Infernos' - Renato Rocha Miranda/Globo - Renato Rocha Miranda/Globo
Ewerton de Castro e Maria Padilha em 'O Quinto dos Infernos'
Imagem: Renato Rocha Miranda/Globo

Ewerton foi para a RecordTV após deixar a Globo e compôs o elenco de novelas como "A Escrava Isaura" (2004) e "Chamas da Vida" (2008). Seu último trabalho na emissora a minissérie "A História de Ester", em 2010.

Em 2012, Castro deixou o Brasil. Em sua coluna no UOL, o jornalista Flávio Ricco informou que o ator estava "triste e desiludido". Ele se mudou para os Estados Unidos, onde mora até hoje.

Castro voltou ao país em 2014 para se despedir dos palcos na peça "O Amor Move o Sol e Outras Estrelas", em Cordeirópolis (SP).

"Eu detesto competição, acho horrível competição. e esse mundo de vaidade da televisão e do teatro profissional, é um mundo onde as pessoas fazem coisas inacreditávies pra aparecer. Eu não gosto disso. Eu gosto de fazer meu trabalho com amor, dedicação. [...] Essas coisas todas me desalentaram um pouco", disse, em entrevista, à época.

O ator é pai da atriz Talita Castro, que recentemente interpretou a investigadora Patrícia em "Travessia" e atuou em novelas bíblicas da RecordTV, como "Jezabel" (2019) e "Jesus" (2018).