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Modelo brasileira diz que foi barrada em voo por ser 'gorda': 'Horrível'

Juliana Nehme foi impedida de voar na Qatar Airways por ser gorda - Reprodução/Instagram
Juliana Nehme foi impedida de voar na Qatar Airways por ser gorda Imagem: Reprodução/Instagram

De Splash, em São Paulo

24/11/2022 00h16

A modelo plus size e influenciadora digital Juliana Nehme denunciou nas redes sociais, nesta quarta-feira (23), que foi vítima de gordofobia pela companhia aérea Qatar Airways, no Líbano. Ela diz que a empresa a impediu de pegar o voo com destino a São Paulo por ser "gorda demais".

Em vídeos postados no Instagram, a modelo surgiu abalada dentro da companhia aérea contando que foi barrada de embarcar na conexão do Líbano para Doha, no Qatar, — e posteriormente voar para o Brasil — por conta de seu peso.

"A aeromoça da Qatar disse que eu não posso embarcar porque eu sou muito gorda e não tenho direito a essa passagem. Estou eu, a minha mãe, a minha irmã e meu sobrinho, nós pagamos 4 mil dólares (cerca de R$ 21 mil) por essas passagens. Agora, ela simplesmente se nega a dar as passagens e a me deixar embarcar no voo para Doha e de lá para São Paulo porque sou gorda. Agora, o que eu vou fazer?", relatou.

Segundo Juliana, a empresa afirmou que ela não tinha direito à passagem econômica, que foi comprada por 1 mil dólares (aproximadamente R$ 6 mil). Assim, ela teria de adquirir uma passagem executiva de 3 mil dólares (cerca de R$ 16 mil) ou dois bancos comuns para "caber no assento" e poder voar.

Eles estão negando o direito de eu viajar. Eu vim de Air France normal, não tive problema, e agora eles estão me negando a minha passagem... Gente, eu Tô desesperada, me ajudem. Eles não querem que eu embarque porque eu sou gorda. A passagem business custa 3 mil dólares e não tenho. Não sei o que fazer.
Juliana Nehme

Procurada, a Qatar Always justificou que a exigência da compra de uma passagem adicional está "de acordo com as práticas da indústria e de forma semelhante à maioria das companhias aéreas", mas que "trata todos os passageiros com respeito e dignidade".

"Qualquer pessoa que impossibilite o espaço de um outro passageiro e não consiga prender o cinto de segurança ou abaixar os apoios de braço pode ser solicitada a comprar um assento adicional tanto como uma precaução de segurança quanto para o conforto de todos os passageiros", afirma a companhia.

A influenciadora segue no Líbano na companhia de sua mãe a espera de uma solução e está preocupada por estar com pouco dinheiro. A empresa afirma que "a passageira já foi realocada em um voo da Qatar Airways esta noite saindo Líbano com destino ao Brasil".

Num primeiro contato com o Consulado Brasileiro, ela foi informada que poderia comprar um assento extra para viajar, além de pagar a multa por não ter voado na data marcada. Entretanto, ao contatar a agência de turismo responsável pela venda da viagem, soube que é difícil conseguir a compra do banco.

A Qatar Airways afirma que a influenciadora "foi inicialmente extremamente rude e agressiva com a equipe de check-in quando um de seus acompanhantes não apresentou a documentação PCR necessária para entrada no Brasil". Em desabafo postado no Instagram, Juliana Nehme chorou ao falar que jamais sofreu tamanha gordofobia em sua vida.

Eu sempre fui muito realista comigo mesma. Eu sei que sou gorda e atrapalho. Eu falo pra minha mãe "só vou viajar se você estiver do meu lado". Se ela ficar do meu lado, infelizmente, eu atrapalho ela. As pessoas olham pra mim como se fosse um monstro. Cada dia parece que a gente está errada. Ser gordo não é brincadeira. Não quero que ninguém passe pelo o que eu passei. Foi horrível. Não consegue sair da minha cabeça aquelas mulheres olhando pra mim como se fosse um monstro.
Juliana Nehme

O projeto Gorda Na Lei entrou em contato com a modelo plus size e influenciadora digital para prestar apoio jurídico. Eles estão em busca de advogados com conhecimento em direito internacional para ajudar no caso da brasileira.

Leia o relato de Juliana nas redes sociais:

"Estou no Líbano. Vim pela AIR France e foi tudo bem no voo! Vim de passagem econômica e não passei por nenhum constrangimento ou assédio. Comprei uma passagem de volta para o Brasil pela Qatar e chegando na hora de fazer o chek in uma aeromoça da Qatar chamou minha mãe enquanto a moça finalizava nosso chek in e disse pra ela que eu NAO ERA BEM VINDA PARA EMBARCAR PORQUE SOU GORDA. E eles não iam me receber no voo! Só se eu comprasse passagem de PRIMEIRA CLASSE.

Ela reteve as passagem da minha mãe, minha irmã, meu sobrinho e a minha! Depois de horas implorando, ela devolveu todas as malas que já tinha sido despachadas alegando que eu teria que comprar classe executiva ou não viajaria. Tentei até o final que me permitissem voar, já que estávamos em 4 pessoas viajando juntas, e ela SE RECUSOU ATÉ O FINAL a vender a passagem pra mim! Uma passagem que tem um custo de 3 mil dólares pra ser executiva. Eu paguei mil dólares. Fiquei por quase 2 horas implorando pra viajar. Minha mãe tentou de tudo.

Fui ameaçada. Ao tentar gravar o que eles estavam fazendo a moça do guichê me empurrou e nada adiantou. Fui amaçada se não parasse de gravar. Eu estou retida no Líbano. Eles queriam que minha mãe fosse embora e eme deixasse sozinha aqui no Líbano. Mas Não falo inglês nem árabe. Ela se recusou.

Minha irmã foi com meu sobrinho embora para o Brasil e ficamos aqui! Estou tendo gastos com hotel e táxi que não precisava! Não tenho dinheiro para me manter aqui por mais tempo. E eles disseram que eu tenho que pagar outra passagem pra minha mãe e o upgrade da minha pra executiva. Mas ninguém quis me vender! Fui extremamente humilhada na frente de todas as pessoas que estavam no aeroporto! Tudo isso porque sou GORDA! Que vergonha uma empresa como a Qatar permitir esse tipo de DESCRIMINAÇÃO com as pessoas! Sou GORDA Mas sou IGUAL A TODO MUNDO! Não é justo comprar minha passagem e ser HUMILHADA, AMEAÇADA E IMPEDIDA DE VOAR! PRECISO DE UMA SOLUÇÃO URGENTE!"

Posicionamento da Qatar Airways

"A Qatar Airways trata todos os passageiros com respeito e dignidade e, de acordo com as práticas da indústria e de forma semelhante à maioria das companhias aéreas, qualquer pessoa que impossibilite o espaço de um outro passageiro e não consiga prender o cinto de segurança ou abaixar os apoios de braço pode ser solicitada a comprar um assento adicional tanto como uma precaução de segurança quanto para o conforto de todos os passageiros. A passageira em questão no Aeroporto de Beirute foi inicialmente extremamente rude e agressiva com a equipe de check-in quando um de seus acompanhantes não apresentou a documentação PCR necessária para entrada no Brasil. Como resultado, a segurança do aeroporto foi solicitada a intervir, pois funcionários e passageiros estavam extremamente preocupados com a situação. Podemos confirmar que a passageira já foi realocada em um voo da Qatar Airways esta noite saindo Líbano com destino ao Brasil."