Topo

Do 'Zorra' a Eike, Nelson Freitas dá virada na carreira: 'Estava acomodado'

Nelson Freitas vive Eike Batista em filme - Divulgação
Nelson Freitas vive Eike Batista em filme Imagem: Divulgação

De Splash, em São Paulo

24/09/2022 04h00

Por quase duas décadas, Nelson Freitas foi presença constante na TV dos brasileiros dando vida às esquetes de humor do "Zorra Total".


Por isso, não seria surpresa se o público nos cinemas para assistir "Eike - Tudo ou Nada" se achar diante de um rosto conhecido, mas demorar um pouco para reconhecer o ator que vive Eike Batista.

Foram 17 anos no programa de humor da TV Globo, chegando a passar pela etapa final, em que a atração se chamava apenas "Zorra".

O programa viria a acabar no final de 2020, três anos depois de Freitas se despedir da atração. Ao mesmo tempo, Nelson Freitas entrou na longa lista de atores que deixaram de ter contratos fixos com a emissora.

Hoje, o ator está cheio de planos e celebrando a estreia do longa em que ele teve a oportunidade de viver um dos nomes mais famosos e controversos do século XXI no Brasil, Eike Batista.

Em entrevista a Splash, o ator vê que a dispensa da Globo trouxe coisas boas para ele. "Foram muitos anos de comédia, de Zorra, mas estou saindo dessa zona de conforto, é um processo que vem dos últimos quatro ou cinco anos", conta.

"Eu realmente estava acomodado. Até que eu pensei que estava ficando velho e que ainda queria emocionar as pessoas", conta o ator, hoje aos 60 anos. "Foi um processo também acelerado pela pandemia", reflete.

Hoje, os planos são altos. Além de "Eike" e outros papeis na seara do drama já combinados, Freitas tem um desejo particular: traçar carreira internacional. "É meu objetivo de vida", conta ele, que já mira um mercado pouco explorado para a sua atuação em língua inglesa.

Eike é 'muito sedutor'

Por uma decisão dos diretores do longa, Nelson Freitas não buscou se encontrar com Eike Batista pessoalmente antes de dar vida ao empresário.

"Eu gostaria muito, mas foi uma decisão da produção para que nós tivéssemos esse distanciamento. O fato é: o nosso filme está muito atrelado aos acontecimentos, às coisas que estão documentadas pela mídia", disse Freitas.

"Eike - Tudo ou Nada" é baseado em um elogiado livro-reportagem de mesmo nome escrito pela jornalista Malu Gaspar. O filme, como relato em crítica para Splash, dá um passo além no livro e consegue tornar vívido, pela atuação de Nelson Freitas, o carisma de Eike Batista, parte essencial para entender o personagem.

Nelson Freitas como Eike Batista no filme que retrata a vida do empresário - Desirée do Valle/Divulgação - Desirée do Valle/Divulgação
Nelson Freitas como Eike Batista no filme que retrata a vida do empresário
Imagem: Desirée do Valle/Divulgação

"Evitamos qualquer tipo de imitação ou de caricatura barata. No meu papel, tentamos entregar o Eike que nós imaginávamos. Eu emprestei do Nelson Freitas algumas características, não só físicas, mas também de simpatia. O Eike é um cara muito simpático, muito sedutor, um grande vendedor", disse o ator.

O longa conta a história de ascensão e queda de Eike Batista, que chegou a ser o homem mais rico do Brasil, com sétima maior fortuna do mundo, e caiu vertiginosamente quando ficou claro que não sairia petróleo dos campos explorados pela sua petrolífera, a OGX.

Se ele tivesse acertado uma, apenas uma, das perfurações, como seria hoje? A vontade era tanta, que o bom jogador não soube a hora de parar Nelson Freitas

Os planos de carreira internacional

Sua filha e seu neto vivem há 15 anos na Austrália, país que Nelson Freitas visita desde então pelo vínculo familiar. Neste ano, escolheu morar por seis meses lá, "em um meio ano sabático", e descobriu espaço para desenvolver projetos por ali.

"A Austrália não conhece o Brasil, o Brasil não conhece a Austrália. São dois gigantes planetários que precisam se conhecer melhor. Nós temos uma massa de brasileiros produzindo nos estúdios da Austrália, precisamos estreitar esse laço", reflete o ator.

"As pessoas descobriram que eu estava lá. Nenhum artista ou celebridade tinha passado tanto tempo por lá. Eu fiquei como morador mesmo e tive essa experiência local", prossegue.