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RJ: Policial e filho médico espancam ator, que relata ter sofrido homofobia

Tatiana Campbell

Colaboração para Splash, no Rio de Janeiro

23/09/2022 11h37Atualizada em 23/09/2022 15h00

A Polícia Civil do Rio de Janeiro abriu investigação após um episódio de agressão em um condomínio no bairro de Jacarepaguá. Nas imagens de câmeras de segurança, é possível ver o ator Dadu Santho, 39, sendo atingido por socos e pontapés pelo policial civil Luiz Cláudio Rodrigues e o filho, um médico.

Segundo Dadu, ele foi vítima de homofobia. O caso aconteceu no dia 17 de agosto, mas só agora o artista divulgou as imagens, devido ao avanço das investigações. O policial alega que sua esposa teria tido as pernas imprensadas pela bicicleta de Dadu Santho, dentro de um elevador do condomínio.

Dadu afirmou a Splash que decidiu sair de bicicleta pouco antes das 18h e usou o elevador de serviço. Quando a porta abriu, Lana Figueiredo - esposa do policial - estava no local. Dadu conta que pediu para a mulher chegar para o lado para poder entrar com a bicicleta, porém Lana teria dito que não iria sair do lugar.

Em seguida, o ator aparece entrando no elevador com a bicicleta. Segundo a mulher, nesse momento ele teria a atingido dando início a um bate boca com ofensas, que segundo Dadu, foram homofóbicas.

"Ela disse que eu não prestava, que eu já tinha tido outros problemas com outros moradores. Eu perguntei quais problemas e que nunca tinha nem conversado com outras pessoas. Ela disse que eu não deveria estar ali e falou que eu era um 'viado fresco', que 'viado era tudo igual'. Eu falei pra ela que ela só podia ser uma pessoa muito infeliz e mal amada por ter uma atitude dessas. Ela disse que tinha um marido, que eu ia pagar caro", relatou Dadu.

Cerca de uma hora após voltar da rua, as imagens das câmeras de segurança do hall de serviço mostram o início das agressões. O policial civil Luiz Cláudio Rodrigues, lotado na 53ª DP (Mesquita), dá socos em Dadu, que cai no chão.

"Ele me enforcou, me deu gravata com o braço, me jogou no chão. Ele me deu muitos socos na cabeça, tentou quebrar meu braço e eu pedindo pra ele parar, pedindo socorro", afirmou o ator.

Em seguida, uma outra pessoa aparece nas imagens, Luan Figueiredo, um médico de 28 anos, filho do policial. "Veio então o filho dele e me deu vários golpes na cabeça, chutes. Eu consegui levantar e correr", disse Dadu. O policial civil tira a arma que estava na cintura e entrega ao filho.

agressões - Arquivo Pessoal e Reprodução de vídeo - Arquivo Pessoal e Reprodução de vídeo
Agressões em Jacarepaguá são investigadas pela polícia; Dadu Santho fala em homofobia
Imagem: Arquivo Pessoal e Reprodução de vídeo

Durante a fuga, Dadu Santho diz que o agente gritava: "Joga a bicicleta em mim, seu viado desgraçado. Fala que minha esposa é mal amada". O ator fala ainda que Luiz Cláudio alegou que, por ser policial, nada iria acontecer.

"Tudo isso, porque eu pedi para usar o elevador de serviço para entrar com minha bicicleta. Eu quero me mudar de lá, estou com medo", desabafou o ator.

Outro lado

Splash contatou Luiz Cláudio Rodrigues, mas o agente pediu para que tudo fosse esclarecido com o advogado que o representa.

"As partes já foram ouvidas e estou aguardando a conclusão do procedimento na delegacia. O que posso lhe assegurar é que a pessoa que se diz vítima, também é agressor. Portanto, acho que os fatos precisam de melhores esclarecimentos", afirmou Sávio Corrêa, que faz a defesa do policial.

Em depoimento, Luiz Cláudio e a mulher disseram que Lana teria tido a perna imprensada pela bicicleta de Dadu e que ficou com medo de ser agredida. Com relação aos socos, o agente alegou que sentiu que poderia ser agredido e, por isso, se defendeu.

Procurada por Splash, a Polícia Civil informou que "todos os envolvidos foram ouvidos na delegacia, imagens de câmeras foram arrecadadas e a vítima foi encaminhada para fazer exame de corpo de delito. O caso foi encaminhado para o Juizado Especial Criminal. A Polícia Civil acrescenta que será instaurada uma sindicância para apurar a conduta do servidor e possíveis infrações administrativas".