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OPINIÃO

'Eduardo e Mônica' emociona os fãs de Legião Urbana, mas nada além disso

Fernanda Talarico

De Splash, em São Paulo

19/01/2022 04h00

"Eduardo e Mônica" finalmente chega aos cinemas brasileiros. Gravado em 2018, o longa passou por diversos adiamentos para, então, poder ser lançado. Com direção de René Sampaio, o mesmo cineasta responsável por "Faroste Caboclo", o filme é inspirado na famosa música de Renato Russo, lançada em 1986.

A faixa pertence ao disco "Dois" do Legião Urbana, e a história já faz parte do imaginário popular. Eduardo, 16 anos, joga futebol de botão com seu avô e está se preparando para o vestibular. Um dia, em uma "festa estranha, com gente esquisita", ele conhece Mônica, uma estudante de Medicina, fluente em alemão e que fala sobre os mais diferentes assuntos. Desse encontro nasceu um amor improvável, eternizado na letra da banda liderada por Renato Russo.

Em forma de narrativa, assim como "Faroeste Caboclo", a história de Eduardo e de Mônica ensaiou se tornar um filme há bastante tempo, algo que sempre deixava os fãs de Legião Urbana ansiosos. Houve um comercial para a TV e diversos vídeos caseiros feitos, mas esta é a primeira vez que a história ganha a sua versão cinematográfica oficial.

Estrelado por Alice Braga e Gabriel Leone, "Eduardo e Mônica" é uma comédia romântica que segue à risca a forma do gênero. Um casal se conhece, mas o amor parece improvável. Os amantes enfrentam problemas, se separam, mas conseguem ficar juntos no final. Isso poderia até mesmo ser um spoiler, se não estivéssemos falando de uma das histórias mais famosas da cultura pop brasileira.

Portanto, não há novidades quanto à estrutura ou narrativa do filme. O que "Eduardo e Mônica" tem a seu favor é a saudade de uma época e a vontade dos fãs de verem a canção se transformar em uma obra audiovisual. Desta maneira, o filme pouco acrescenta àqueles que não tem ligação com a música ou com Legião.

Como a letra de uma canção não é um roteiro de cinema, a produção foi obrigada a criar outros personagens e adicionar diversas outras características à trama, como o melhor amigo de Eduardo e a família de Mônica. Esses acréscimos ajudam a sustentar a narrativa, mas não vão muito além. Isso porque o longa, ao contar com duas horas de duração, se perde na tentativa de criar novos problemas e conflitos para o casal, deixando a história desinteressante em certo momento. Novamente, o que mantém o espectador é a nostalgia.

Já os protagonistas casam perfeitamente com seus papéis. Enquanto Alice Braga entrega uma Mônica interessante e destemida, Gabriel Leone vive um garoto sem malícias que ainda está aprendendo a viver. Entre eles, há um amor verdadeiro, que facilmente transcenderia as telas. Chega a ser um desafio ao espectador apontar escolha de atores melhores para viverem esses personagens tão queridos.

"Eduardo e Mônica" não adicionada nada novo às comédias românticas, mas sabe usar o saudosismo e o carinho do fã a seu favor. Se fosse qualquer outra história sendo contada, passaria batido por todos, público e crítica, mas acerta ao dar vida a um dos amores mais conhecidos do Brasil.