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Wagner Moura defende Marighella: 'Afirmo categoricamente que era democrata'

Wagner Moura participa do "Papo de Segunda" - Reprodução/GNT
Wagner Moura participa do "Papo de Segunda" Imagem: Reprodução/GNT

Colaboração para Splash, em Pernambuco

08/11/2021 23h28Atualizada em 08/11/2021 23h45

Diretor de "Marighella", Wagner Moura, 45 anos, defendeu Carlos Marighella e afirmou que falta conhecimento de sua figura para algumas críticas recebidas.

"Eu afirmo categoricamente que Marighella era um democrata. (...) Quem estudou a história desse personagem específico (sabe)... Marighella levou um tiro no cinema, quando ele levou esse tiro, ele gritou "Viva a democracia". Ele foi preso quatro vezes lutando contra um regime ditatorial. (...) Ele morreu combatendo uma ditadura militar. No mínimo, respeite", declarou Wagner em entrevista ao "Papo de Segunda" de hoje.

O filme Marighella foi rodado em 2017 mas só chegou ao cinemas em 04 de novembro deste ano.

Questionado por João Vicente - comandando o programa hoje, dado ao fato de Porchat estar em Portugal e participando por vídeo chamada -, Wagner reafirmou ter procurado fugir dos estereótipos de herói e vilão no filme.

Não dá pra dividir o mundo dessa maneira. Esse filme nasce da minha admiração por Marighella. Nunca comprei muito isso. Meu trabalho é esse, mostrar pessoas com pessoas, seres humanos.

Ele completa: "Somos atraídos por coisas que nos movem como artistas, como pessoas. A pessoa que sou e o artista que sou são uma pessoa só. Procuro produzir coisas que tenham a ver com a minha índole, a forma que eu vejo o mundo" -

Wagner ressaltou, ainda, que procura fugir da dicotomia bem x mal em seus trabalhos e que gosta de fazer personagens completos. O diretor rechaçou, ainda, as críticas que afirmam que ele "heroificou" Marighella.

Quem fala isso não viu o filme. Marighella é colocado em xeque por todo mundo o tempo inteiro. Eu fiz um filme de um personagem que eu tenho admiração e tenho admiração por pessoas complexas".

Ataques

Se referindo a atual fase política do Brasil como uma pseudo-democracia, Wagner disse esperar os ataques que o filme recebeu.

"Porque a gente vive nesse mundo platônico. Essa polarização que eu citei na entrevista do Roda Viva. Eu fiquei pensando, será que a gente tá apanhando tanto, recebendo tanto ataque... essa situação diz muito mais sobre o estado das coisas no Brasil que a gente vive do que sobre o filme que eu fiz. Foi muito pior do que eu imaginava. Um momento duro. Ruim. E essas dicotomias são falsas", declarou.

Wagner falou ainda sobre os ataques ao escalar Seu Jorge, negro retinto, como Marighella e os classificou como racistas.

Pablo Escobar e Capitão Nascimento

Wagner comentou ainda sobre outros personagens marcantes de sua carreira, como Pablo Escobar (em "Narcos") e Capitão Nascimento ("Tropa de Elite").

"Eu só faço coisa pra aprender. Pablo Escobar me ensinou sobre ser latino-americano. Primeiro me ensinou sobre a tragédia da guerra as drogas, como aquilo é trágico, é apenas uma forma de controle social e uma guerra que mata. É um absurdo", contou o ator e diretor.

O Tropa é um filme em que todos os personagens que eu fiz depois dele, as pessoas me perguntam sobre o personagem em oposição ao Cap. Nascimento. E é uma dicotomia falso, porque é uma realidade diferentes e são personagens complexos.

"Marighella"

Protagonizado por Seu Jorge, "Marighella" retrata a história de Carlos Marighella, um dos principais opositores da ditadura militar no Brasil. Guerrilheiro, ele foi o responsável por liderar um dos maiores movimentos de resistência contra os ditadores, até ser assassinado em 1969, durante uma emboscada feita por policiais.

Completam o elenco nomes como Bruno Gagliasso, Luiz Carlos Vasconcellos, Herson Capri, Humberto Carrão e Adriana Esteves, entre outros.