Público consagra duas mulheres negras, Jojo e Thelma, no ano dos realities
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Tirando o jornalismo, nenhum outro gênero entrou com tamanha sem cerimônia na casa do brasileiro em 2020 quanto os realities shows de confinamento. Somando a duração dos dois principais, "BBB 20" e "A Fazenda 12", eles estiveram no ar por mais de 50% do ano: foram 98 dias do programa da Globo e 101 da atração da Record - um recorde.
Mais interessante ainda, os dois programas consagraram mulheres negras como vencedoras. Não é a primeira vez, mas é especialmente simbólico em 2020. Foi um ano em que atos de violência com conotação racial foram assunto no Brasil e no mundo, ainda mais depois de julho com a eclosão do movimento Vidas Negras Importam.
A médica Thelma Assis e a cantora Jojo Todynho conquistaram o apoio do público em edições que não discutiram abertamente racismo ou discriminação racial, mas deixaram o assunto no ar, como uma nuvem.
No "BBB", Thelma e Babu conversaram a respeito - o ator falou claramente de um incômodo que sentiu. "A Marcela me olha do mesmo jeito que a minha patroa me olhava. Tenho um trauma desse olhar. Aí eu evito também".
Na "Fazenda", Jojo foi obrigada a ensinar a Biel que não existe um negócio chamado "racismo reverso" - argumento citado pelo cantor numa discussão. "Eu nunca usei minha cor nem minha história para chegar em lugar nenhum. Racismo reverso não existe. O típico racismo branco, nunca será", disse a cantora.
Os participantes não viram, mas o público foi obrigado a assistir ao humorista Carioca encenar um quadro no programa fazendo "blackface" numa imitação do cantor Luis Carlos, do Raça Negra.
A escritora Conceição Evaristo, militante do movimento negro, divulgou mensagem de apoio a Jojo que ajuda a entender o significado desta vitória.
"Escutei muitas falas de Jordana, mas escutei muito também o silêncio machucado dela. Silêncio dolorido guardado que há de explodir depois, na boca da própria Jordana Gleise, ou na de alguém que saiba revestir o silêncio em grito".
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