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Nunca é tarde: psicóloga troca consultório por ateliê e borda tela de 4 m

Imagem: Aline Monteiro

Carol Scolforo

Colaboração para Nossa

26/09/2023 04h07

Se você pensa em seguir um caminho novo na vida, mas acredita que é tarde para isso, precisa ouvir a história da artista Cristiane Mohallem, 49 anos.

Depois de se formar em psicologia no ano 2000, ela seguiu a carreira e trabalhou na área por sete anos. Em uma das entidades em que atuou, coordenou um projeto de artes idealizado a partir do trabalho da psiquiatra Nise da Silveira e da educadora Maria Amélia Pereira.

O que seria para alguns apenas mais umas horas na jornada semanal, foi para ela uma virada de chave e o despertar de uma nova paixão. "Eu me inscrevi em um curso de desenho e isso me levou a uma nova percepção do mundo. Passei a ver os matizes de uma sombra, as relações entre as formas e entre as cores, além da beleza e do mistério das coisas sob a luz e a sombra. Isso me encantou", conta Cristiane.

Os emaranhados de linhas compõem telas com imagens de árvores e outros elementos naturais Imagem: André Conti

Dois anos depois dessa primeira experiência, a psicóloga estava cursando um mestrado no Art Institute of Chicago, na área de arteterapia. "Essas oportunidades significaram uma experiência única para amadurecer meu olhar", diz.

E a transição, então, acabou sendo algo natural. Em 2014, a artista superou a psicóloga e trocou a clínica pelo ateliê.

O desenho passou a ser uma forma de expressar o que eu via e sentia. Cristiane Mohallem, psicóloga e artista

Entre pincéis e agulhas

No começo, pinturas e desenhos eram sua forma de expressão. Depois surgiu o bordado, inspirado em um projeto artístico-terapêutico em que mulheres se reuniam para bordar e contar suas histórias. "Ao me deparar com a forma como uma linha alinhavada em um tecido, intuí o potencial expressivo dessa linguagem."

A obra Baobá começou a ser alinhavada na pandemia e ficou pronta depois de ano e meio Imagem: André Conti

Surgiam de suas mãos telas com emaranhados de linhas que compõem imagens de árvores, pedras, peixes e outros elementos naturais. "Levo os registros, a presença e a memória dessas imagens para o ateliê e começo a costurar", define.

A obra Baobá se alinhavou assim: com 4 m x 3 m, durante o período mais crítico da pandemia, e só chegou ao fim um ano e meio depois. "É um sonho ver a beleza do mundo ao meu redor, ficar encantada por momentos como uma certa luz da manhã ou da tarde, e depois ir para o ateliê costurar, dançar, pintar, usar cores", ela conta.

A história da psicóloga artista é prova de que sempre há tempo para se reinventar. Quem sabe o raiar do próximo ano não seja esse momento?

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