"Toda vez que visto esta camisa, sinto um pedacinho da minha avó comigo"
Fabianna Carraro, em depoimento a Marilia Marasciulo
Colaboração para Nossa
07/02/2022 04h00
Minha avó era uma fashionista muito antes de esse conceito existir. As roupas dela eram incríveis, pois ela é quem fazia as próprias peças: comprava o tecido, criava a modelagem e costurava. Todo o guarda-roupa dela era único.
Desde pequena, o armário dela me fascinava. Sempre que a visitava no sítio onde ela morava, em Minas Gerais, pedia para ver o guarda-roupa. Ainda lembro que ela me dizia "mas você gosta de coisa velha, hein, menina, gosta de tranqueira!". É claro que eu adorava sair com alguma roupa "nova" herdada da minha avó, mas o que eu gostava mesmo era das histórias que ela contava quando ia me mostrando cada peça.
Uma delas foi essa camisa de seda que ela fez para o casamento da irmã. Hoje a camisa tem pelo menos 50 anos. Quando ela me mostrou, fiquei encantada pela modelagem, pelo tecido e pela história do casamento. Mas ela disse que ainda não estava pronta para me dar, então esperei alguns anos, até que ganhei a camisa.
Passei a usá-la muito — não só como camisa, como minha avó gostava de usar, mas como chemise, saída de praia, vestido. Já usei até em festa, com salto alto e acessórios mais chiques. E a camisa permanece firme e forte: tudo nela ainda é original, das ombreiras até os botões. Minha avó tinha o maior cuidado com as peças e eu pretendo manter isso.
Toda vez que visto a camisa, sinto um pedacinho da minha avó comigo. É como se voltasse para aqueles momentos no quarto, com pilhas de roupas em cima da cama, experimentando as peças e ouvindo as histórias. É quase como uma viagem no tempo.
Mas a camisa se tornou também um símbolo da proposta do meu trabalho hoje: busco mostrar para as pessoas que roupas não são descartáveis."
Elas devem ser doadas, repetidas, contar histórias, carregar afeto. A moda ganha muito mais significado quando se torna circular, e quanto mais enxuto for o seu armário, mais combinações consegue fazer.
A camisa da minha avó é prova disso e me dá essa sensação de dever cumprido: além de guardar com carinho e usar muito, tenho certeza que ela será herdada por minha filha, que vai continuar usando e se lembrando da história da sua bisavó fashionista.
Clássico, básico e estiloso, o vestido chemise é um tem-que ter no guarda-roupa feminino. Invista no atemporal modelo branco, ou aposte em tecidos diferentes, como o jeans. A estampa de por nunca sai de moda, mas pode ser atualizada para uma produção mais fashionista. Uma dica é brincar com a mistura de tamanhos ou cores das bolinhas.Como usar
Chemise
Mix de poá