Esculturas em papel são peças de arte únicas com leveza e significado
Carol Scolforo
Colaboração para Nossa
13/10/2020 04h00
Há mais de 30 anos, Tânia Araújo não trabalhava fora. Como vivia criando ideias para decorar sua casa, resolveu estudar Artes Plásticas. "Foi quando me deparei com muitas técnicas e vi um mundo. Comecei a fazer quadros de madeira com colagem e levei a uma loja para ver se gostavam", lembra.
E gostaram. Logo, ela passou a vender mais peças. Com o tempo, precisou sustentar a família e viu seu hobby virar profissão. Tânia trilhava um caminho bem comercial, participando de feiras importantes, mas em determinado momento quis liberdade e mais controle sobre a produção.
"Comecei a ter meu trabalho copiado e vi que não dá para controlar. Brigar também não vale a pena." Foi aí que a quantidade deu vez à qualidade.
Cinco anos atrás ela se interessou pela papietagem e mergulhou fundo nesse universo. "Queria fazer algo pelo puro prazer de criação e tirei o comercial da frente pela primeira vez. Fiz uma coleção chamada 'Singular no coletivo', da qual gosto muito. Teve ótimo retorno", diz.
Bichos estranhos
Com a técnica da papietagem, que consiste em criar esculturas usando camadas de papel, ela inventa formas surrealistas em diversos tons de branco. Repare nos bichos estranhos, que assumem significado, remetendo a figuras femininas.
"Quando crio um bicho estranho estou me construindo. Conto minha história com útero, óvulos, asas, papo, bicos. Longas e muitas pernas que me sustentam."
O papel, protagonista de suas criações, pode ter gramaturas e texturas diferentes. "São pelo menos 10 camadas de papel para ficar firme", diz ela. Mas o processo envolve ainda estruturas de arame, madeira, garrafas de plástico.
Por fim, após três ou quatro dias de criação, os itens ganham uma caixa de acrílico e vão para a Marché Art de Vie, onde estão à venda. Cada peça é numerada e impressiona pela leveza e pelos detalhes. "É leve como uma pluma na mão", diz.
O papel é como uma pele: um material delicado, mas não frágil. Com o passar do tempo ele muda de cor, porque respira, por mais que esteja protegido".
Formas nascem das mãos
Lúdicas e surrealistas, as esculturas são resultado de um trabalho árduo. "Do meu caderno de rabiscos saem temas, mas a forma nasce nas mãos. Tem dias ótimos e dias ruins", diz ela, acrescentando que algumas ficam na "UTI", aguardando mais um toque para existirem. Como tudo na vida, exigem paciência e as mil ideias de Tânia, que - ainda bem - não para de criar.
Faz papel maché com uma pegada de contos europeus, quase um teatro medieval. Gosto do desenho, da pincelada. Um trabalho bem sensível. É uma mestra que ensina a fazer flores realistas de papel perfeitas, nada a ver com meu trabalho. Ela é uma professora generosa e transmite todas as informações técnicas e o processo criativo como um todo. @s que me inspiram
@julianabollini
@marisa_tatibana