Instituição social cria centro de escalada em antiga termoelétrica do Uruguai
Sarah Yáñez-Richards.
Montevidéu, 21 jan (EFE).- Todos os meses, centenas de crianças e adolescentes de baixa renda praticam escalada em uma parede de 20 metros de altura no local que em 1898 abrigou a primeira usina termoelétrica do Uruguai e hoje é um peculiar centro esportivo.
No século 20, esta central ficou em desuso e por 40 anos dentro dela só existiam escombros. Em 2016, o La Muralla (A Muralha), um grupo sem fim fins lucrativos, se propôs a transformar o espaço em um centro poliesportivo.
Dois anos e três meses de trabalho depois e sem 6 milhões de litros de água e 1.500 metros cúbicos de entulho, o local tem agora várias rotas de escalada horizontal e vertical, cama elástica e tirolesa, entre outros atividades nas alturas.
Esse é apenas o começo. O objetivo do La Muralla é que dentro de alguns anos o centro também tenha academia, quadra de basquete, piscina semiolímpica, teatro e uma colônia de férias para que crianças com poucos recursos que moram no interior do país possam visitar a capital e escalar.
De acordo com o presidente da instituição, Pablo Turielle, o espaço não é aberto só aos 600 jovens do Instituto da Criança e do Adolescente do Uruguai (Inau), mas também aos integrantes mais jovens da Associação Down do Uruguai (ADdU) e a todo aquele que quiser participar, pois o grande foco é promover a inclusão social direta.
"O que fazemos é criar lugares onde a comunidade queira vir para usar os espaços esportivos, recreativos e culturais e compartilhar o centro com as crianças que participam dos nossos programas", explicou.
Com esse sistema, as crianças e os adolescentes do Inau passam a se conectar de diferentes formas com os demais e tudo isso fomenta a interação em um espaço onde eles sentem a necessidade de ver como o restante da comunidade atua. Por isso, para Turielle, o importante não é pagar o uso do centro com dinheiro, mas sim com presença.
O escalador sabe bem o que fala. Ele morou em um dos abrigos do Inau dos três aos sete anos e na rua "antes e depois" disso. Segundo ele, a vontade de ter um futuro melhor veio depois de dividir o banco da escola com alunos de classes média e alta.
"Isso me deu fome de estudo e vontade de me formar, para poder ver o horizonte e não ficar nessa posição que o Estado tem que me fornecer algo e eu não ajo para mudar a minha realidade", comentou.
Para Turielle, hoje em dia as escolas públicas do Uruguai não tem essa mescla, e os jovens carentes não podem ver outras realidades. Em sua opinião, a escalada pode mudar os paradigmas dessas crianças, porque é uma atividade que ajuda a gerar confiança em outras pessoas.
"É um esporte estimulante, que propõe desafios contínuos e combina movimento físico e controle mental. É uma atividade espetacular", argumentou.
O companheirismo é outra característica da modalidade, já que quando alguém sobe uma parede tem que confiar no seu assegurador, que é quem o ajudará em uma queda ou na hora de descer quando a subida acabar.
"Trabalhamos muito com crianças de rua, e o mais importante que elas têm na vida é a própria vida", defendeu.
Além disso, a escalada é um "processo pessoal", no qual os frutos surgem à medida que a pessoa se esforça e se diferencia de outros esportes porque não gera rivalidade.
Por último, Turielle lembrou que a atividade ajuda a mudar padrões sobre as diferenças entre homens, mulheres e suas habilidades.
"Se notamos que existe uma diferença de estima entre um menino e uma menina, fazemos com que elas façam atividades ou gestos motores que eles não podem fazer ou que sejam muito difíceis. Aí a ideia muda, e o homem diz: 'Mas o que aconteceu aqui? Ela é mais fraca do que eu e pode fazer isso?'", exemplificou.
Segundo ele, com essa aposta, os instrutores tentam "tirar as crianças do lugar comum para que pensem e reivindiquem a figura feminina", concluiu o esportista.
Montevidéu, 21 jan (EFE).- Todos os meses, centenas de crianças e adolescentes de baixa renda praticam escalada em uma parede de 20 metros de altura no local que em 1898 abrigou a primeira usina termoelétrica do Uruguai e hoje é um peculiar centro esportivo.
No século 20, esta central ficou em desuso e por 40 anos dentro dela só existiam escombros. Em 2016, o La Muralla (A Muralha), um grupo sem fim fins lucrativos, se propôs a transformar o espaço em um centro poliesportivo.
Dois anos e três meses de trabalho depois e sem 6 milhões de litros de água e 1.500 metros cúbicos de entulho, o local tem agora várias rotas de escalada horizontal e vertical, cama elástica e tirolesa, entre outros atividades nas alturas.
Esse é apenas o começo. O objetivo do La Muralla é que dentro de alguns anos o centro também tenha academia, quadra de basquete, piscina semiolímpica, teatro e uma colônia de férias para que crianças com poucos recursos que moram no interior do país possam visitar a capital e escalar.
De acordo com o presidente da instituição, Pablo Turielle, o espaço não é aberto só aos 600 jovens do Instituto da Criança e do Adolescente do Uruguai (Inau), mas também aos integrantes mais jovens da Associação Down do Uruguai (ADdU) e a todo aquele que quiser participar, pois o grande foco é promover a inclusão social direta.
"O que fazemos é criar lugares onde a comunidade queira vir para usar os espaços esportivos, recreativos e culturais e compartilhar o centro com as crianças que participam dos nossos programas", explicou.
Com esse sistema, as crianças e os adolescentes do Inau passam a se conectar de diferentes formas com os demais e tudo isso fomenta a interação em um espaço onde eles sentem a necessidade de ver como o restante da comunidade atua. Por isso, para Turielle, o importante não é pagar o uso do centro com dinheiro, mas sim com presença.
O escalador sabe bem o que fala. Ele morou em um dos abrigos do Inau dos três aos sete anos e na rua "antes e depois" disso. Segundo ele, a vontade de ter um futuro melhor veio depois de dividir o banco da escola com alunos de classes média e alta.
"Isso me deu fome de estudo e vontade de me formar, para poder ver o horizonte e não ficar nessa posição que o Estado tem que me fornecer algo e eu não ajo para mudar a minha realidade", comentou.
Para Turielle, hoje em dia as escolas públicas do Uruguai não tem essa mescla, e os jovens carentes não podem ver outras realidades. Em sua opinião, a escalada pode mudar os paradigmas dessas crianças, porque é uma atividade que ajuda a gerar confiança em outras pessoas.
"É um esporte estimulante, que propõe desafios contínuos e combina movimento físico e controle mental. É uma atividade espetacular", argumentou.
O companheirismo é outra característica da modalidade, já que quando alguém sobe uma parede tem que confiar no seu assegurador, que é quem o ajudará em uma queda ou na hora de descer quando a subida acabar.
"Trabalhamos muito com crianças de rua, e o mais importante que elas têm na vida é a própria vida", defendeu.
Além disso, a escalada é um "processo pessoal", no qual os frutos surgem à medida que a pessoa se esforça e se diferencia de outros esportes porque não gera rivalidade.
Por último, Turielle lembrou que a atividade ajuda a mudar padrões sobre as diferenças entre homens, mulheres e suas habilidades.
"Se notamos que existe uma diferença de estima entre um menino e uma menina, fazemos com que elas façam atividades ou gestos motores que eles não podem fazer ou que sejam muito difíceis. Aí a ideia muda, e o homem diz: 'Mas o que aconteceu aqui? Ela é mais fraca do que eu e pode fazer isso?'", exemplificou.
Segundo ele, com essa aposta, os instrutores tentam "tirar as crianças do lugar comum para que pensem e reivindiquem a figura feminina", concluiu o esportista.
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