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Uefa investigará possível transferência de Neymar mesmo sem denúncia

31/07/2017 10h32

Madri, 31 jul (EFE).- A Uefa informou à Agência Efe nesta segunda-feira que mesmo que não receba denúncias investigará a possível transferência do atacante Neymar para o Paris Saint-Germain caso se concretize para ter certeza que as regras de jogo limpo serão respeitadas.

O diretor executivo de fair play financeiro e sustentabilidade da entidade máxima do futebol europeu, Andrea Traverso, confirmou à Efe que até agora não houve qualquer reclamação quanto à negociação e advertiu que o impacto potencial da contratação poderia afetar o clube francês por muitos anos. O dirigente lembrou que não é permitido ter perdas de mais de 30 milhões de euros em um prazo de três anos.



Agência Efe: a Uefa recebeu alguma denúncia do Barcelona ou da Liga Espanhola de Futebol sobre o interesse do PSG pelo jogador Neymar?

Andrea Traverso: Não recebemos denúncia alguma em relação a esse assunto.

Efe: a liga espanhola anunciou que vai denunciar em qualquer caso porque entende que o PSG não dispõe de dinheiro para pagar a cláusula de rescisão do jogador, segundo as contas publicadas pelo clube, e que, dessa forma, o dinheiro viria de outro lugar e quebraria as regras do fair play financeiro. Essa opinião é correta?

Traverso: O PSG tem que respeitar as regras do fair play financeiro como todos os clubes da Europa. Têm que demonstrar que não têm perdas de mais de 30 milhões de euros em um prazo de três anos. O impacto potencial da contratação de Neymar pelo PSG teria efeitos na economia do clube durante muitos anos. É muito complicado julgar este tipo de operação com antecedência, já que não sabemos os planos do clube francês. Podem vender alguns jogadores por um preço similar ou superior. Só podemos fazer cálculos a posteriori e garantir que as regras sejam cumpridas.

Efe: O que a Uefa poderá fazer se receber algum tipo de denúncia a respeito?

Traverso: Independentemente de recebermos ou não uma denúncia, analisaremos os detalhes dessa transferência para nos assegurarmos que as regras do fair play financeiro sejam respeitadas.

Efe: O PSG já recebeu uma punição por descumprir o fair play? Se fizesse outra vez haveria uma punição maior? Na Espanha, chegou-se a falar de impedir a participação na Champions.

Traverso: Os casos prévios são levados em conta quando se opta por uma punição potencial, mas atualmente não há um caso aberto e não há razão para especular sobre um resultado hipotético.

Efe: Desde a implantação do fair play por parte da UEFA, parece que os clubes são mais cuidadosos neste aspecto. Acredita que a normativa é a adequada à situação ou falta alguma mudança ou conscientização maior por parte dos clubes e seus donos?

Traverso: Os clubes têm plena consciência das regras, e o fato de que as dívidas dos clubes europeus tenham caído de 1,7 bilhão de euros em 2011 a menos de 300 milhões de euros atualmente mostra que o fair play financeiro teve um impacto positivo na estabilidade e sustentabilidade do futebol europeu. Mas sempre há margem de melhora, e estamos analisando várias possibilidades para reforçar a medida.

Efe: Na Espanha alguns jogadores de primeiro nível estão tendo problemas com a Fazenda, e inclusive Cristiano Ronaldo prestou depoimento nesta segunda-feira. Essa situação preocupa a Uefa?

Traverso: Estamos acompanhando o tema com atenção, mas não temos nenhum envolvimento direto, já que este é um problema fiscal a nível nacional. Mas os jogadores devem, obviamente, pagar todos os impostos, como qualquer outro cidadão.