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Torcida da Chapecoense transforma tristeza em orgulho durante bela homenagem

30/11/2016 23h49

Carlos Meneses Sánchez.

Chapecó (Brasil), 30 nov (EFE).- A torcida da Chapecoense transformou nesta quarta-feira a tristeza por ter perdido a maioria de seus jogadores em um acidente de avião em orgulho através de uma homenagem cheia de esperança realizada na Arena Condá, casa da equipe catarinense.

O ato aconteceu na mesma hora em que estava previsto o confronto entre a Chapecoense e o Atlético Nacional-COL, pela partida de ida da final da Copa Sul-Americana, que seria realizado em Medellín.

"Com muito orgulho, com muito amor" ou "este sentimento nunca vai parar" foram alguns dos gritos entonados em comunhão que uniram uma torcida ainda em estado de choque pelo trágico acidente, mas que tirou forças para lotar o estádio, com capacidade para cerca de 19 mil pessoas.

Na noite da última segunda-feira, o avião da companhia boliviana Lamia, que levava a bordo 77 pessoas, caiu a poucos quilômetros do Aeroporto Internacional José María Córdova, localizado perto da cidade de Medellín, onde hoje também aconteceu homenagem para as vítimas.

Dos 71 mortos no acidente, 19 eram jogadores da Chapecoense, além de diretores e praticamente toda a comissão técnica, liderada por Caio Júnior.

As cenas de tristeza dos primeiros dias se transformaram em uma celebração orquestrada pelos torcedores, como se tratasse da prévia de uma grande final, onde não faltou a exibição do grande escudo do "Furacão do Oeste", apelido da equipe.

Os torcedores não pararam de cantar nem um instante, exceto quando a organização do clube passou alguns vídeos cuja trilha sonora era "Knockin' on Heaven's Door", em um estádio que neste momento ficou às escuras, apenas iluminado pelas telas dos telefones celulares.

Alguns torcedores acenderam velas enquanto cantavam os hinos da "Chape", cantos que se misturaram com aplausos improvisados cada vez que passava a mascote da equipe, um menino de aproximadamente 7 anos, representando o Índio Condá.

No círculo central foram instalados um altar e dezenas de cadeiras reservadas para amigos e familiares das vítimas, onde se celebrou uma missa em lembrança dos jogadores.

Até o sacerdote se encorajou e pediu para a arquibancadas cantar um dos gritos de guerra da "Chape".

O fato afetou a vida de Chapecó, município de aproximadamente 200 mil habitantes, no estado de Santa Catarina, já que entre a população e os jogadores existia um forte vínculo de proximidade, algo estranho no mundo do futebol.

As vozes dos moradores de Chapecó não apenas se juntaram na distância com as do estádio Atanasio Girardot, em Medellín, também com a de outras torcidas de outras partes do mundo, como a do Paris Saint-Germain que cantou na França: "Vamos, vamos Chape".

Jogadores das categorias de base da Chapecoense deram uma volta olímpica na Arena Condá, enquanto os torcedores nas arquibancadas, vibrando, cantavam "Olé, olé, olé, Chape, Chape".