Empate polêmico marca batalha épica de 12 rounds entre 'Canelo' e 'GGG'
Passadas três semanas do êxtase que envolveu o duelo entre Floyd Mayweather e Conor McGregor, o ginásio T-Mobile Arena, em Las Vegas (EUA), recebeu mais um grande disputa de boxe. E ao contrário do clima 'money fight' que envolveu 'May x Mac', a disputa entre o Gennady Gennadyevich Golovkin e Saul 'Canelo' garantia, além de quatro títulos mundiais, o status de melhor pugilista da atualidade.
E para garantir o roteiro de filme, a data do duelo foi escolhida a dedo justamente para coincidir com a celebração da independência mexicana, o que garantiu que a cidade fosse tomada pelos fãs do maior ídolo esporte do país na atualidade. Vibrantes como de costume, os torcedores não se furtaram de apoiar Canelo o tempo todo, assim como vaiar a entrada do rival na arena, em clara tentativa de intimidação.
Nada, porém, que abalasse a invencibilidade do atleta do Cazaquistão, que em uma demonstração de gala de agressividade e absorção de golpes, travou um dos duelos mais emocionantes de todos os tempos, mas que acabou em empate em uma decisão vaiada pela torcida, que enxergou o triunfo do campeão, que com o resultado manteve seus títulos.
Após alternarem ataques e situações de superioridade, os atletas chegaram a comemorar o triunfo, mas terminaram desiludidos diante da expectativa criada para o confronto. Enquanto um jurado anotou vitória de Canelo e outro de GGG, o terceiro e decisivo árbitro marcou empate em 114 pontos para cada, em resultado para lá de controverso e que, como manda o figurino, parece pedir uma revanche imediata.
Vale lembrar que, para que a superluta acontecesse, o mexicano Canelo precisou topar subir para os pesos médios (72,750 kg), limite quase três quilos acima da divisão em que ele se consagrou como campeão mundial por três entidades (WBC, WBA e WBO em momentos diferentes). Por sua vez, o atleta do Cazaquistão, invicto em 37 duelos profissionais e dono de uma medalha de prata nos Jogos Olímpicos de Atenas, em 2004, fez sua carreira entre os médios, divisão em que acumula quatro cinturões (WBC, WBA, IBF IBO).
"Obrigado e parabéns a todos os meus fãs", disse GGG ainda no ringue. ""Eu queria uma luta de verdade, encurtar a distância. Luta de verdade Claro que eu quero uma revanche".
A luta
Como esperado, GGG começou tomando conta das ações e dominando o centro do ringue. Maior, mais pesado e dono de envergadura superior, coube ao veterano a postura ofensiva,obrigando Canelo a optar por contra ataques, quase sempre por cima do golpe de direita do oponente. No entanto, como nenhum dos atletas foi efetivo, o atleta do Cazaquistão levou a melhor na parcial.
No entanto, o estilo agressivo também abre brechas e o preciso mexicano as aproveitou com maestria no segundo assalto, seja com ganchos no corpo na saída do ataque ou com cruzados de encontros em um displicente campeão, que se viu obrigado a desacelerar o ritmo no final do giro.
Na etapa seguinte, porém, finalmente os taques no infight se fizeram valer e a diferença física entrou em ação. Embora recebesse golpes, GGG sempre caminhava para frente e, pela primeira vez, fez o rivl acusar os atauqes sofridos: disputa equilibrada.
No quarto round, Canelo diminuiu o ritmo de seu jogo de pernas e com isso foi encurralado nas cordas de fato pela primeira vez. Nesse momento, com a guarda baixa, o mexicano chamou o rival para uma luta franca, o que levou a torcida ao delírio. GGG, no entanto,optou por pontuar com golpes no corpo e minar o oponente.
O quinto assalto garantiu ares dramáticos ao duelo. Encurralado a todo momento,Canelo não se abateu e ofereceu o rosto para que seu rival, ao atacá-lo, se abrisse. Desta forma o mexicano levou a pior no round, assimilou o direto de direita mais contundente até o momento da disputa, mas deu show de esquiva e contragolpes, que deixaram o adversário contrariado a ponto de andar para trás em duas ocasiões, algo raro em suas disputas.
Na sexta etapa, com o ritmo mais ameno pela primeira vez,o domínio territorial de GGG, sempre presente, foi equilibrado pelas respostas precisas de um já plantado Canelo. Round apertado, mas que serviu como motivação para os fãs do mexicano, que àquela altura eram suplantados pela torcida do atleta do Cazaquistão.
O sétimo round ficou marcado pela queda de poder dos golpes dos atletas, o que foi ruim para o mexicano, que já acusava sentir o cansaço ao diminuir o volume de seus ataques. Desta forma, em uma etapa usada mais para recuperar as forças, o campeão se mostrou mais efetivo.
No oitavo round, GGG atacou com tudo no início e depois pareceu usar os minutos restantes para economizar energia. No entanto, seu rival caminhou para frente para pressioná-lo e conectou forte upper, o que deixou o cazaque atordoado.
Com um poder de absorção incrível, o campeão levou dois duros golpes na etapa seguinte enquanto pressionava Canelo. No entanto, ele não diminuiu o ritmo e encurralou o oponente seguidamente nas cordas, tornando a missão de pontuar este giro quase impossível.
Mais lento, foi a vez de GGG sofrer com a queda de rendimento e, plantado no centro do cage, assimilar uma combinação de cruzados do mexicano que o fez balançar como poucas vezes em sua carreira. No final do assalto, uma nova explosiva sequência garantiu a vitória parcial para Canelo.
Na penúltima etapa, a demonstração de preparo físico dos atletas garantiu o ingresso para os cerca de 20 mil fãs que lotaram o ginásio. Mesmo cansados, os dois caminharam por todo o ringue e trocaram golpes francos, quase que deixando de lado a estratégia traçada para o duelo. Ritmo este que os acompanhou para o round final. Com direito a plateia de pé aplaudindo, Canelo e GGG mostraram porque este luta era a mais esperada do ano no mundo do boxe.
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