Jogar futebol americano na infância eleva risco de depressão (estudo)
Paris, 19 Set 2017 (AFP) - Jogar futebol americano antes dos 12 anos pode ter um impacto no comportamento e no humor durante a idade adulta, devido aos reiterados impactos na cabeça que os jogadores sofrem, revela um estudo publicado nesta terça-feira e realizado entre ex-jogadores.
Aqueles que começaram a praticar o esporte quando crianças apresentaram risco maior de sofrer com depressão, apatia, ou outros problemas de comportamento aos 51 anos, segundo pesquisa publicada na revista científica Translational Psychiatry, que não o relacionou com transtornos de memória nem de capacidades intelectuais.
Esta exposição precoce "pode ter consequências neuro-comportamentais no longo prazo", afirmaram os autores.
Os jogadores mais jovens, cujo cérebro está em plena fase de amadurecimento, podem receber mais de 200 impactos na cabeça por temporada, destacaram.
No entanto, os estudiosos não encontraram conclusões de que os golpes repetidos na cabeça causem algumas das "disfunções" observadas em ex-jogadores em estudos anteriores, razão pela qual pediram que as pesquisas a respeito continuem.
Especialistas que não participaram do estudo também se mostraram prudentes sobre o tema.
O relatório "aponta que esses jogadores sofreram lesões cerebrais de forma reiterada, mas não fornece nenhuma prova a respeito", indicou Michael Swash, especialista em Neurologia da London School of Medicine.
Além disso, não incluiu o exame dos cérebros dos 214 ex-jogadores participantes, baseando-se apenas em suas respostas a uma pesquisa por telefone e Internet.
Para David Reynolds, responsável científico do Alzheimer's Research UK, esportes como futebol americano contribuem para levar uma vida saudável e ativa.
"É importante que as descobertas sobre os riscos potenciais de qualquer esporte sejam analisados detalhadamente, para que as pessoas possam tomar decisões bem informadas sobre as atividades nas quais estão se envolvendo e como minimizar os riscos", disse Reynolds em comentário divulgado pelo Science Media Centre.
Em abril de 2016, um estudo indicou que 43% dos ex-jogadores de futebol americano estudados apresentavam sinais de lesões cerebrais traumáticas.
A Liga Nacional de Futebol dos Estados Unidos (NFL, em inglês) está sendo analisada pelos traumatismos cerebrais que ocorrem nos gramados.
Em 2015, concordou em pagar um bilhão de dólares para acabar com as milhares de ações de ex-jogadores com problemas neurológicos.
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