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O melhor e o pior da primeira fase da Eurocopa

23/06/2016 17h59

Paris, 23 Jun 2016 (AFP) - O mata-mata da Eurocopa começa no sábado, depois de 13 dias de competição cheios de emoção, com azarões surpreendendo, como a Islândia, torcedores fazendo uma festa incrível, como os irlandeses, mas o torneio também foi manchado pelo retorno dos hooligans e a péssima qualidade dos gramados.

O MELHOR. 'Will Grigg's on fire'A versão personalizada 'Freed from Desire', sucesso de Dance Music lançado há quase vinte anos pela cantora italiana Gala, virou o hit dessa Eurocopa. Tanto que é muito mais conhecida que o próprio jogador homenageado pela música, o atacante norte-irlandês Will Grigg, que não atuou um minuto sequer no torneio. Na verdade, a música "Will Grigg's on fire" foi criada por um torcedor do Wigan, que acaba de subir da terceira para segunda divisão inglesa graças a 25 gols do jogador. Torcidas e outras seleções passaram a fazer adaptações próprias, como "Vardy's on fire" para os ingleses ou "Gylfi (Sigurdsson)'s on fire" para os islandeses.

Os torcedores da República da Irlanda também deram um show de simpatia na França, levando até polícia local a cantar com eles, em vídeo que viralizou na internet, ou ajudando um motorista a trocar um pneu. Uma forma de marcar a diferença com os rivais ingleses, que tiveram grupos de torcedores envolvidos em brigas com os russos em Marselha ou em Lille.

. Azarões em altaMuita gente criticou o novo formato, com 24 seleções ao invés de 16, alegando que iria enfraquecer o nível da competição. A fase de grupos mostrou que quase todos os jogos foram muito disputados e equipes que todo mundo via como potenciais sacos de pancada acabaram avançando para as oitavas.

Das cinco seleções estreantes em Eurocopas, quatro conseguiram a classificação para o mata-mata (Islândia, País de Gales, Eslováquia e Irlanda do Norte). Apenas a Albânia ficou pelo caminho, mas teve o mérito de ganhar uma partida (a última, contra a Romênia) e terminou em terceiro lugar da sua chave, deixando os romenos na lanterna.

Desses azarões, quem mais se destacou foi o País de Gales, que contou com ótimas atuações do astro Gareth Bale para terminar em primeiro lugar do grupo B, na frente do rival inglês. Outra surpresa foi a Hungria, líder do grupo F, na frente de outra grande sensação do torneio, a Islândia, que deixaram para trás a seleção portuguesa de Cristiano Ronaldo. A Irlanda, considerada a equipe mais fraca do 'grupo da morte' (o E) com Itália, Bélgica e Suécia, também conseguiu se classificar e enfrentará a França nas oitavas.

. A lição do professor ConteA "mais fraca seleção italiana da história", de acordo com a imprensa do país, mostrou que o peso de uma camisa tetracampeã mundial nunca pode ser menosprezado. Com grande atuação coletiva, a 'Nazionale' calou todos os críticos ao derrotar a favorita Bélgica por 2 a 0 na estreia. Uma aula de tática de Antonio Conte, que se apoia na base defensiva da Juventus (Buffon, Barzagli, Chiellini, Bonucci) que levou ao tricampeonato italiano antes de assumir o comando da seleção, em 2014.

. "Presidente Payet"Na França, ninguém ousaria dizer que "Payet é melhor que Zidane", como cantam os torcedores do West Ham. Por mais que não tenha o mesmo talento que o herói do título mundial de 1998, o meia salvou a pátria na partida de abertura, ao anotar o gol da vitória na partida de abertura contra a Romênia (2-1) com um lindo chute no ângulo a dois minutos do fim.

o jogador de 29 anos, que há um ano sequer fazia parte dos planos do técnico Didier Deschamps, também balançou as redes nos minutos finais contra a Albânia (2-0) e acertou o travessão no empate com a Suíça (0-0), em jogada que poderia tê-lo credenciado para o prêmio Puskas de gol mas bonito do ano.

O jogador aparece na capa da revista Society, com a manchete "Presidente Payet, quem é o novo salvador da França".

O PIOR. 'Tapetes' desgastadosO técnico da França, Didier Deschamps, considerou o gramado do estádio Vélodrome de Marselha um "desastre". Em Lille, chamou o campo de "desolador" e muitas críticas também foram ouvidas em Nice. Até o Stade de France, palco da final, foi criticado pelo estado do gramado na partida entre Alemanha e Polônia.

Vários jogadores foram vistos escorregando na primeira fase, um espetáculo constrangedor. A Uefa foi acusado pela Sociedade Francesa dos Gramados (SFG) de ter "replantado gramado não compatíveis nos estádios de Marselha, Lille e Nice". Em Lille, os organizadores precisaram importar o novo gramado na Holanda, cuja seleção é a principal ausência nessa Euro, mas encontrou uma forma de participar da competição, a sua maneira.

. Despedida amarga para IbraConhecido pelo ego inflado, o atacante de 34 anos criou muita expectativa ao afirmar que chegava ao torneio "como uma lenda", mas acabou saindo pela porta dos fundos. Artilheiro da Ligue 1 com o Paris Saint-Germain, o astro não conseguiu brilhar nos gramados franceses com seu país. Não marcou um gol sequer, perdendo a oportunidade de se tornar o primeiro a balançar as redes em quatro edições da Euro, façanha que Cristiano Ronaldo acabou alcançando.

Na véspera da última partida da fase de grupos, Ibra anunciou que se aposentaria da seleção sueca depois dessa Euro e a derrota por 1 a 0 para a Bélgica se transformou em despedida amarga.

. A volta do hooligansPaís-sede da próxima Copa do Mundo, a Rússia é uma das maiores decepções dessa Euro, não apenas por ter sido eliminada na primeira fase. Fora das quatro linhas, os torcedores do país também tiveram destaque negativo, por se envolver em brigas antes, durante e depois de cada uma das partidas da equipe. Os incidentes mais graves aconteceram logo no início da competição em Marselha, na estreia contra a Inglaterra.

Os torcedores croatas também aprontaram, ao lançar sinalizadores no gramado durante o empate em 2 a 2 contra a República Tcheca, para protestar contra a federação do país.