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Conheça as irmãs do tênis que são chamadas de Williams brasileiras

Agatha e Tabatha Carvalho, as irmãs do tênis que são chamadas de Williams brasileiras - Reprodução/Instagram
Agatha e Tabatha Carvalho, as irmãs do tênis que são chamadas de Williams brasileiras Imagem: Reprodução/Instagram

Gustavo Setti

Do UOL, em São Paulo

07/05/2022 04h00

As irmãs Agatha, 13 anos, e Tabatha Carvalho, 11, começaram a jogar tênis vendo o pai, Augusto César, em quadra. Anos mais tarde, elas agora treinam para serem tenistas profissionais, sonham com títulos de Grand Slams e são chamadas até de "as Williams brasileiras".

As irmãs do tênis, como são conhecidas no Instagram, moram no Jardim Monte Kemel, bairro na zona oeste de São Paulo, e contam com o apoio da família para trilhar a carreira. A mãe, Rosemeire, assumiu o comando da rotina das filhas, já que o pai não consegue acompanhá-las diariamente devido ao trabalho, mas marca presença nos torneios.

"Elas começaram com seis anos. A Tabatha sempre vinha na quadra com o pai, ficava vendo os jogos e acabou gostando. Ela chegou um dia e falou que queria jogar tênis. Até me assustei, porque é um esporte que foge um pouco do nosso padrão social", contou Rose ao UOL Esporte.

Agatha e Tabatha começaram a jogar em um clube escola. Depois, passaram por projetos sociais ligados ao esporte, foram de um lugar a outro e contaram com a criatividade de Rose para treinar. Ela adaptava elásticos e colocava cones em quadras públicas de futebol e basquete para simular a rede.

"Era uma pandemia e comecei a treiná-las do meu jeito. Não tenho a técnica, mas consigo jogar a bola de um lado para o outro. Comecei a fazer sobre a laje da minha casa, mas as bolinhas começaram a voar para a casa do vizinho, e essa história não estava dando certo. Aí comecei a levá-las em uma quadra pública na Vila Sônia. Elas batiam, faziam condicionamento físico, tinha um professor que dava dicas, e assim começamos a seguir", explicou.

Há um ano, elas treinam sob o comando do técnico Claudinho Vagno, que viu no Facebook de Rose vídeos das meninas jogando. Tabatha e Agatha têm um empresário que banca o aluguel de uma quadra duas vezes por semana, mas Rose explica que elas precisam de mais horas de treino, além de auxílio com os custos altos de torneios, equipamentos e bolas. Recentemente, uma vaquinha virtual resultou em novas raquetes para as irmãs.

"Para quem quer alto rendimento, não consegue. Elas precisam de tudo, praticamente. A gente não tem nada. A gente faz com o nosso sacrifício. Elas precisam de material e bolinha para poder seguir. Elas são bolsistas na Fisk há três anos, conseguem conversar em inglês. Nossa ideia é que daqui dois ou três anos possam jogar lá fora e ter mais estabilidade, porque aqui ninguém investe."

"Foi uma decisão delas, elas que querem seguir carreira. É por isso que estamos nessa trajetória, luta sobre luta, é diariamente. Graças a esse esforço conjunto, não sou só eu sozinha, é a ajuda de muitas pessoas, que a gente consegue", acrescentou.

Serena e Venus? Melhor que seja Gauff e Osaka

Coco Gauff e Naomi Osaka são as maiores inspirações das irmãs Tabatha e Agatha - Ben STANSALL / AFP e Reuters - Ben STANSALL / AFP e Reuters
Coco Gauff e Naomi Osaka são as maiores inspirações das irmãs Tabatha e Agatha
Imagem: Ben STANSALL / AFP e Reuters

As comparações com as irmãs Williams surgiram faz tempo, principalmente de desconhecidos que assistem a treinos e jogos de Agatha e Tabatha.

"As pessoas falam muito disso: 'parecem as irmãs Williams' por serem negras. Quando elas estão treinando, algum treinamento, falam 'ah, as Williams, as irmãs'", disse Rose.

"As Williams brasileiras", completou Tabatha. "O Claudinho [técnico] fala: 'não, não, a história das Williams já foi. Agora, elas estão escrevendo as histórias delas'", contou Rose, antes de Agatha deixar o recado: "Agora é as Carvalho".

E saiba que a maior inspiração das irmãs Carvalho não são as Williams. Tabatha se vê na americana Coco Gauff, que explodiu aos 15 anos ao vencer Venus Williams em Wimbledon, em 2019.

"Eu sempre me inspirei nela. Eu quero ser bem melhor que ela. Quero ser número 1 do esporte, ganhar vários torneios, vários Grand Slams e que todas as jogadoras joguem como eu", afirmou Tabatha.

O sonho é o mesmo da irmã mais velha. Agatha tem como ídolo a japonesa Naomi Osaka.

"Eu quero ser a número 1 para as pessoas se inspirarem em mim e na minha história. Me inspiro na Naomi Osaka. Ela também começou com a irmã dela. Elas passavam oito horas na quadra. Eu acho que me pareço um pouco com a Osaka, tanto mental quanto fisicamente. Às vezes, ela [Osaka] se sentia muito sozinha, e a irmã dela estava junto", completou Agatha.