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Torneio privado, festa e deportação: as polêmicas de Djoko na pandemia

Novak Djokovic e o diretor do Australian Open, Craig Tiley, em 2021 - Getty Images
Novak Djokovic e o diretor do Australian Open, Craig Tiley, em 2021 Imagem: Getty Images

Do UOL, em São Paulo

06/01/2022 04h00

O nome do tenista Novak Djokovic voltou a ganhar as páginas de jornais e sites de todo mundo. O motivo, mais uma vez, tem relação com suas posições polêmicas sobre a pandemia do coronavírus e a vacinação contra a covid-19.

Agora, ele é o protagonista de uma questão diplomática, envolvendo até autoridades da Austrália e da Sérvia. Isso porque, o tenista teve rejeitado o visto para entrar no país da Oceania por falta de comprovação de que tenha se vacinado contra a covid-19 e foi deportado. Assim, ele não poderá disputar o Aberto da Austrália, torneio do qual é o atual campeão. Segundo a Reuters, ele estaria apresentando um pedido de liminar para impedir sua expulsão do país.

Antes de embarcar para a Austrália, o sérvio informou que o governo local havia lhe concedido uma "permissão de exceção", que o isentaria de comprovar que foi vacinado contra a covid —exigência para todos os atletas. Na terça-feira (4), o Australian Open justificou que a "exceção médica" concedida ao jogador "foi aprovada após um rigoroso processo que envolveu dois painéis separados de especialistas", informou em nota. Não foi informado o argumento do atleta para não ter tomado a vacina.

Djoko chegou a viajar para a Austrália, mas ficou horas retido no aeroporto de Melbourne, depois que as autoridades apontaram inconsistências sanitárias em seu visto. Por fim, o governo estadual de Victoria rejeitou o pedido de entrada do sérvio no país.

No dia seguinte, o primeiro-ministro australiano Scott Morrison afirmou que Djokovic precisa provar ter uma isenção médica genuína para não ter sido vacinado contra a covid-19 para participar do Australian Open e ameaçou expulsar o sérvio.

"Aguardamos sua apresentação e as provas que ele nos fornece para apoiá-la. Se as provas forem insuficientes, ele não será tratado de forma diferente com ninguém e estará no próximo avião para casa. Não deveria haver regras especiais para Novak Djokovic. Nenhuma", disse Scott Morrison.

E pelo jeito, as justificativas médicas não convenceram o governo australiano. Não adiantou o ministro de Assuntos Exteriores sérvio, Nikola Selakovi, pedir ao embaixador em Camberra, capital australiana, para interceder a favor de Djoko, e nem mesmo o presidente sérvio, Aleksandar Vucic, se pronunciar sobre o caso, acusando a Austrália de "constranger" o tenista e dizer que o país europeu está "estudando todas as medidas" para ajudar o sérvio.

Morrison confirmou no começo da noite de ontem (horário de Brasília) que o visto do tenista foi cancelado. "Regras são regras, especialmente quando se trata de nossas fronteiras. Ninguém está acima dessas regras. Nossas fortes políticas de fronteira têm sido fundamentais para que a Austrália tenha uma das taxas de mortalidade mais baixas do mundo devido à covid", justificou o premiê.

Mas essa não é a primeira polêmica envolvendo o sérvio e suas posições em relação à pandemia e à vacina contra a covid-19.

Organização de campeonato e festa

Novak Djokovic comemora vitória sobre croata Nino Serdarusic no torneio Adria Tour - Antonio Bronic - Antonio Bronic
Novak Djokovic comemora vitória sobre croata Nino Serdarusic no torneio Adria Tour
Imagem: Antonio Bronic

Em junho de 2020, o sérvio organizou um torneio de tênis em Belgrado, na Sérvia, enquanto as competições da ATP estavam suspensas por causa da pandemia.

O torneio exibição chamou atenção por ter recebido público, por não haver distanciamento social e ter muitas pessoas sem máscara de proteção nas arquibancadas. Dominic Thiem foi o campeão, derrotando na final Filip Krajinovic, que havia eliminado nas semifinais o grande ídolo do país.

Depois, no mesmo fim de semana, o tenista foi criticado por promover uma festa com aglomerações em uma casa noturna na capital sérvia. Ele justificou que tanto o torneio quanto a festa estavam seguindo as recomendações sanitárias do país.

Após a competição, Djokovic, a esposa Jelena e outros participantes como o búlgaro Grigor Dimitrov, o croata Borna Coric, o sérvio Viktor Troicki, o técnico de Dimitrov, e dois integrantes do time de Djoko: Goran Ivanisevic, seu técnico, e Marco Panichi, preparador físico, testaram positivo para covid-19. Nas redes, o sérvio passou a ser ironizado com o apelido de Djokovid.

Afirmações contra vacina

Em abril de 2020, Djokovic já tinha participado de muitas lives com outros atletas e personalidades. Em uma delas, revelou ser contra vacina e disse que não saberia o que fazer caso fosse obrigado a se imunizar para voltar a competir.

Depois, em agosto, disse que sua afirmação foi tirada do contexto, negou ser antivacina e explicou que criticou a obrigatoriedade da imunização.

"Minha questão com vacinas é se alguém está me forçando a colocar algo no meu corpo. Isso eu não quero. Para mim, é inaceitável. Não sou contra vacinação de qualquer tipo porque quem sou eu para falar de vacinas quando há pessoas que estão na medicina salvando vidas pelo mundo? Tenho certeza que há vacinas que têm poucos efeitos colaterais que ajudaram pessoas e ajudaram a impedir a transmissão de algumas infecções pelo mundo", disse em entrevista ao The New York Times.

Na mesma entrevista, contudo, ele questionou a eficácia dos imunizantes, principalmente, os disponíveis contra a covid.

"Como estamos esperando que isso [vacinas] resolva nosso problema quando este coronavírus está sofrendo mutações regularmente pelo que entendo?"

Além dele, Jelena, esposa de Djoko chegou a ser bloqueada pelo Instagram depois de compartilhar informações falsas de que o coronavírus é transmitido pela tecnologia de internet móvel 5G.