Após fechadas e indiretas, Verstappen encerra ano de ouro vencendo na pista
As percepções no paddock da Fórmula 1 são praticamente unânimes: Max Verstappen é o piloto mais duro do grid, o que mais batalha por posição e se defende de forma agressiva. Toda esta tenacidade, às vezes, vira polêmica, mas foi fundamental para vencer um rival muito mais experiente e ser campeão mundial. O ano cheio de controvérsias do holandês termina com seu primeiro título.
Ao longo do ano, Verstappen fez manobras discutíveis pelo menos em Monza, Interlagos e principalmente na Arábia Saudita, em que foi punido cinco vezes —inclusive por uma freada no meio de uma reta que causou acidente com Hamilton. O comportamento alimentou a tensão de que poderia haver um acidente proposital em Abu Dhabi, um "jogo sujo" pelo título, mas não foi necessário: o holandês foi campeão na pista.
Com um fim de prova incrível, Max Verstappen, da Red Bull, ultrapassou Lewis Hamilton, da Mercedes, na última volta, venceu o GP de Abu Dhabi e se sagrou campeão da Fórmula 1 pela primeira vez na carreira. O título estava nas mãos de Hamilton, mas o safety car entrou na pista nas voltas finais após batida de Nicholas Latifi (Williams) e permitiu que o holandês se aproxima-se do britânico. Na liberação da pista, o piloto da Red Bull atacou a Mercedes na última volta, passou o rival e foi ao delírio.
Rivalidade quente com Hamilton
O duelo particular entre Max e Lewis foi a história inesquecível da temporada: teve acidentes, xingamentos no rádio, fechadas de todos os tipos e até freada no meio da pista, em uma disputa que chegou empatada na última corrida. Se fosse roteiro de cinema, alguém diria ser forçado demais. A briga foi tão acirrada que inevitavelmente abalou a relação dos pilotos. "Com certeza minha visão [sobre Hamilton] mudou, e não de um jeito muito positivo", disse o holandês há dois dias.
A disputa parecia sadia na primeira metade da temporada. Max enfileirou três vitórias inquestionáveis e liderava o Mundial de Pilotos em um campeonato sem grandes polêmicas. O cenário mudou radicalmente a partir de Silverstone, onde ambos dividiram oito curvas lado a lado até um toque mandar o carro de Verstappen para fora da pista em uma batida brutal. Daí em diante a disputa pelo título se transformou.
Verstappen retomou a liderança do Mundial após uma "não-corrida" na Bélgica e a vitória em casa, na Holanda. Em Monza, a cena foi inesquecível: ao fechar Hamilton na curva, seu carro decolou e caiu em cima do rival, que foi salvo pelo halo. Nos EUA, eles se estranharam ainda em um treino livre, e Max chegou a mostrar o dedo do meio. "Idiota estúpido", bradou no rádio.
Em Interlagos, vendeu tão duro uma ultrapassagem para Hamilton que quase fez os dois abandonarem —"ambos freamos tarde", alegou. No Qatar, foi punido por ignorar bandeiras amarelas no treino de classificação, e na Arábia Saudita, "passou do limite", na opinião do rival pelo título: por várias vezes os dois estiveram a centímetros de um acidente, até que Verstappen freou no meio de uma reta e provocou batida de Hamilton em sua traseira —naquela altura, se os dois abandonassem seria vantajoso para Max.
Sinceridade crua
Na escala de carisma da F1, é seguro dizer que Verstappen está mais perto de Kimi Raikkonen do que de Daniel Ricciardo. As declarações fora da pista o tornam um daqueles personagens que dividem qualquer grupo de fãs de velocidade: é absolutamente amado por uns e odiado por outros. Soma-se a isso o estilo de direção agressivo, algumas vezes no limite entre dedicação e ética esportiva, e por aí já dá para entender porque nem todo o mundo simpatiza com o agora campeão.
Neste ano sua versão "sem filtro" apareceu logo na primeira corrida, no Bahrein, após terminar atrás de Lewis Hamilton. "Se tivermos mesmo o carro mais rápido, [esta derrota] não importa. Temos mais de 20 corridas para ganhar deles", disse. A lógica pareceu correta no GP seguinte, em que Max venceu na Emilia-Romagna, mas se provou errada com o equilíbrio cada vez maior do campeonato: cada ponto importou.
Bravo com a falta de aderência em Portimão, Verstappen não poupou críticas. "Espero que a gente nem volte aqui", reclamou. Na França, sorriu e disse ter feito uma "ultrapassagem razoavelmente fácil" sobre Hamilton; e na Estíria, onde reclamaram de sua comemoração pós-vitória, disparou que "da próxima vez vou tentar fazer zerinhos", em referência à celebração do britânico.
Depois da batida com Lewis em Silverstone, Max se irritou. "Assistir às celebrações [de Hamilton] ainda no hospital é um comportamento desrespeitoso e antidesportivo dele, mas seguimos em frente", escreveu, voltando a reclamar no GP seguinte, o da Hungria, após ser acertado por Bottas na largada. "Mais uma vez, fui atingido por uma Mercedes", disse.
As polêmicas são tantas que por vezes ofuscam o talento excepcional de Verstappen, que é campeão logo no primeiro ano em que lhe dão um carro competitivo para o título. O fantástico desempenho em treinos classificatórios, o bote preciso na largada e as decisões invejáveis sob pressão o colocam entre os pilotos mais preparados da era moderna da F1, e nunca é demais lembrar que o agora campeão tem apenas 24 anos. Vem mais por aí.
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