Meligeni conta que próprios tenistas apostavam em torneios
Apostas no tênis e suspeita sobre resultados arranjados não são uma novidade. É isso que diz o ex-jogador Fernando Meligeni após a BBC divulgar que 16 tenistas participaram da manipulação de resultados ao longo dos últimos dez anos e que a Associação dos Tenistas Profisisonais (ATP) teria acobertado os casos, o que foi prontamente negado pela entidade.
Meligeni, que se aposentou em 2003, ou seja, antes de tais suspeitas virem à tona, contou que em sua época de atleta as apostas eram uma novidade e que até dentro do próprio circuito havia jogadores que tentavam ganhar dinheiro adivinhando resultados.
"Me lembro em 1994 quando estava jogando o Torneio de Kitzbuhel (AUT) tinha uma casa de apostas dentro do próprio local onde acontecia a competição. Mas ali nem era proibido, não havia nenhum tipo de maldade. Tinha jogador que ia lá e apostava contra o outro, era até normal. Eu, porém, nunca apostei", contou o jogador em entrevista ao UOL Esporte.
O ex-tenista contou também um caso que vivenciou no Masters de Monte Carlo, em 1999, quando era 56º do mundo e enfrentou o britânico Tim Henman, então o sétimo.
"Vivi uma situação curiosa no Masters de Monte Carlo. Antes do jogo, veio um jogador de duplas e me perguntou se eu estava me sentindo bem, como estava naquele dia. O cara nunca tinha falado comigo, até imaginei que ele queria fazer uma dupla. Depois fui ver que estavam pagando bem em uma vitória minha nas casas de apostas. Eu acabei ganhando aquele jogo, mas não sei o que aconteceu depois", disse Meligeni.
O atual comentarista dos canais ESPN disse ainda que nunca recebeu nenhum tipo de oferta para entregar uma partida para beneficiar um apostador.
"Nunca recebi, mas se tivesse recebido não teria problema em falar. Faz muito tempo que eu parei. Naquela época a história ainda era outra, a ATP estava tentando entender como funcionava isso de apostas", disse.
Meligeni lamentou que as suspeitas existam e que o nome dos envolvidos na fabricação de resultados não tenham sido divulgados. Isso, em sua visão, coloca uma nuvem negra sobre todo o esporte.
"É uma coisa muito grande e delicada. Tem 98, 99% dos jogadores que não fazem isso (fabricar resultados). Então não pode generalizar. Mas ao não dar nomes, colocou-se todo mundo no mesmo saco", afirmou.
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