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"Confusão" é trunfo para brasileiros na disputa da vela, diz Torben Grael

Torben Grael, coordenador da vela brasileira, e Robert Scheidt, que disputará os Jogos de Tóquio - Reprodução
Torben Grael, coordenador da vela brasileira, e Robert Scheidt, que disputará os Jogos de Tóquio Imagem: Reprodução

Denise Mirás

Colaboração para o UOL, em São Paulo

14/07/2021 07h40

Se as condições climáticas na baía de Enoshima estão mais para imprevisíveis e a preparação de velejadores também passou por instabilidades nestes dois anos que antecederam os Jogos Olímpicos de Tóquio, esses são pontos que podem favorecer os brasileiros, na opinião de Torben Grael, o coordenador da equipe de vela, em entrevista realizada hoje (14). A facilidade de adaptação é uma característica que se destaca entre brasileiros, diz Torben, que sabe bem: são seis Olimpíadas como atleta (somando cinco medalhas olímpicas — dois ouros, uma prata e dois bronzes) e agora mais duas no comando.

Por causa da pandemia, a preparação foi bem truncada, com fronteiras fechadas e eventos cancelados. O que resultou em um trabalho pesado nestes dias antes das competições em Enoshima - a disputa da vela começa no dia 25 de julho. "Estamos preparando barcos novos para a competição. Equipamentos e mesmo botes de apoio ficaram dois anos parados, sem manutenção. As condições não são simples nem serão fáceis, mas toda essa confusão favorece um pouco a gente, na minha opinião. O brasileiro se adapta fácil e isso vai ajudar em uma Olimpíada bem difícil".

Sobre as condições locais, Torben disse que os brasileiros estiveram algumas vezes na baía de Enoshima, mas comentou que, em relação ao Rio de Janeiro, por exemplo, a raia é muito diferente. "No Rio, as condições são bem parecidas no ano todo. Pouco variam, seja verão, inverno... O que muda muito é de acordo com a posição da raia na baía. Pode ter ventos fortes, menos fortes, ou rondados - no caso de estar localizada na sombra do Pão de Açúcar", explica. "Aqui em Enoshima, os locais onde se colocam as raias são muito parecidos. Em compensação, a condição climática muda muito. Em 15 dias. É difícil fazer uma preparação mais intensa. A gente precisava sempre estar aqui no mesmo período dos Jogos - não adiantava vir em outro."

O Brasil optou por competir em oito das classes olímpicas, sob critério de equipes com chance de chegar ao pódio. "Optamos por concentrar naquelas com chance", destaca. Daí a expectativa por "manter a tradição de medalhas do nosso esporte", tomando por base da Olimpíada da Cidade do México-1968, quando as regatas foram disputadas em Acapulco. "Desde então, o Brasil só não teve medalhas em Munique-1972 e Barcelona-1992."

Assim, Torben Grael afirma que as oito equipes brasileiras têm chance de chegar à regata final. "Na Rio-2016, chegamos com sete. Um excelente resultado. Um ouro, duas equipes em quarto lugar. Aqui, estamos bem confiantes, com velejadores mais jovens e alguns com muita experiência como o Robert Scheidt, a Fernanda Oliveira. Porque mesmo com o fechamento de fronteiras, nossos atletas conseguiram se preparar bem."