Junior, o mascote que virou Dorival e que tenta levar o São Paulo ao título

O São Paulo está vivendo momentos decisivos. Falta apenas um empate diante do Flamengo no domingo para o clube conquistar a Copa do Brasil pela primeira vez e se tornar "campeão de tudo", assim como o Internacional.

A concentração da equipe é total, mesmo antes do primeiro jogo, que resultou em uma vitória por 1 a 0 no Maracanã. Basta ver os resultados ruins no Brasileiro. O time só pensava no Flamengo e o treinador Dorival Jr também. Ele nem teve tempo de acompanhar seu time de coração, a Ferroviária, que perdeu a decisão da Série D para o Ferroviário do Ceará no sábado, um dia antes do jogo no Maracanã.

"Acompanho bastante a Ferroviária, mas desta vez não foi possível", disse.

A relação afetiva começou no final dos anos 60, quando Dorival era apenas o Júnior, filho de Dorival Silvestre, diretor de futebol. O Júnior era mascote em todos os jogos, tanto em Araraquara quanto em partidas fora de casa. "Eu tinha uma ansiedade muito grande para esperar os jogos. Como eles eram nos finais de semana, não atrapalhava a escola. Eu ia em todos".

As lembranças são grandes. "Teve um jogo em que entrei de mãos dadas com Pelé". E o relacionamento com os jogadores? "Eu fui para Aparecida com eles algumas vezes. Eu era criança e fiz promessas para o time vencer os jogos".

O pai não era o único elo com o time. Ele é sobrinho de Olegário Tolói de Oliveira, o Dudu, volante que está na história do Palmeiras formando dupla com Ademir da Guia. Revelado na Ferroviária, Dudu formou outra dupla, menos famosa, mas muito presente na memória de Araraquara e do futebol paulista daquela época: Dudu e Bazzani. A mesma posição em que Júnior, que só virou Dorival quando se tornou treinador, atuou no Palmeiras. "Eu comecei como meia e só depois virei volante, mas ele sempre me orientou, além de ser um exemplo de vida".

Dorival Junior na época em que era mascote da Ferroviária
Dorival Junior na época em que era mascote da Ferroviária Imagem: Arquivo pessoal

Quando Júnior tinha 15 anos, a família Silvestre se mudou para Marília. Foi lá que ele deixou de ser mascote para se tornar jogador iniciante na base do clube. Depois, voltou para Araraquara e estreou como profissional em 21 de julho de 1982. O adversário? São Paulo Futebol Clube.

"A Copa de 82 tinha acabado havia dez dias e eles estavam recebendo os jogadores de volta. O time era muito forte, tinha Waldir, Oscar, Dario, Careca, Renato e Everton".

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No final de 1983, Dorival foi vendido para o Guarani. Só voltaria à Ferroviária em 2002, para iniciar sua carreira como treinador. E as lembranças permanecem até hoje. "Foi o início de tudo, deu uma excelente base para minha vida. Participei de um grupo em que todos se ajudavam, uns torciam pelos outros. Éramos todos garotos, com no máximo quatro anos de diferença, quando nos encontramos em 81 e escrevemos uma bela página no clube. Nós formávamos 70% da escalação com os garotos da base. Foi a última grande geração."

A Ferroviária, depois disso, entrou em decadência. E começou a se reerguer em 2003. Hoje, não há mais mascotes. Eles foram substituídos por várias crianças que entram em campo de mãos dadas com os jogadores. Talvez algum deles desenvolva um interesse pelo futebol e se torne um jogador, assim como Juninho, o mascote da Ferroviária que se tornou Dorival Júnior.

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