Na base da Suíça, carro-símbolo dos tempos soviéticos é onipresente

No meio da madrugada, os pneus cantam, o motor acelera, a curva em U é feita e eles partem em disparada para a direção contrária. É tipo um racha. Estamos cansados de ver nas avenidas Brasil afora.
- Brasil estreia às 15h deste domingo; veja a tabela
- Simule os classificados e o mata-mata do Mundial
- Super-heróis: Marcelo sofreu com 7 a 1 e ganhou peso
Em Togliatti, a 1000 km de Moscou e base da Suíça para a Copa, a curiosidade é que os engraçadinhos estão em dois Ladas. Sim, aqueles. O quadradinho, que no Brasil se chamava Laika quando surgiram os primeiros carros importados a serem vendidos no país, com a abertura do início dos anos 90.
O modelo teve vários nomes mundo afora. Aqui na Rússia, o Laika chama-se Zhiguli (fala-se Jigúli). O mesmo nome das montanhas que ficam do outro lado do rio Volga e que podem ser vistas de Togliatti.
Estamos na “cidade-Lada”. O modelo mais antigo, um verdadeiro símbolo da extinta União Soviética, divide as ruas com os novos carros produzidos pela AvtoVAZ, montadora proprietária da marca Lada e que foi vendida em 2016 para o grupo Renault-Nissan.
O Niva é aquele modelo que parece um jipe. Ele também apareceu no Brasil, junto com o Laika (Zhiguli) e o Samara, que aqui tinha outro nome e também deixou de ser fabricado.
O prefeito Antashev não gosta quando se fala que Togliatti e Lada são sinônimos. “A cidade já existia antes. E temos muitas outras indústrias por aqui”.
Ele pode até não gostar, mas é impossível negar o óbvio. A arena do time de hóquei sobre o gelo chama-se Lada. Assim como um shopping, supermercados, parque, o time de futebol e até o hotel onde a Suíça está concentrada. Há outdoors e concessionárias para todos os lados e um monumento no meio de uma praça com o logotipo da Lada no alto.
A marca é onipresente, nos lembra constantemente da razão da simples existência de Togliatti, hoje com 700 mil habitantes.
De fato, como fala o prefeito, a cidade existia antes de 1966, quando a fábrica da AvtoVAZ começou a ser montada. Mas era só um vilarejo, que foi inundado pela construção de uma usina hidrelétrica no Volga. Em 64, foi planejada, reconstruída em outro lugar e rebatizada em homenagem ao histórico líder do Partido Comunista Italiano, Palmiro Togliatti.
Em 66, veio o acordo dos soviéticos com a Fiat, que cedeu maquinário e o projeto do modelo 124 da fábrica italiana para servir como base para o que viria ser o modelo 2101, o primeiro Zhiguli (ou Laika) da série.
Tudo isso está contado – só em russo, é claro – no museu da Lada, que é gratuito e relembra a história da fábrica com documentos, fotos e a exposição de muitos dos modelos que marcaram os tempos da União Soviética.
O Fiat 124, o Zhiguli número 1 milhão a ser produzido, um Niva usado para expedição na Antártida, Ladas elétricos, Ladas modernos, Ladas de competição, tem Ladas para todos os gostos. Entre 1970 e 2012, enquanto foi produzido de forma praticamente idêntica, o modelo mais tradicional gerou mais de 18 milhões de vendas.
É, junto com o velho fusquinha, o modelo de carro mais produzido e vendido da história – outros, de outras marcas, sofreram modificações enormes de desenho, motor, etc. O Lada e o Fusca se mantiveram iguais por décadas.
Com um detalhe. Todos os Ladas Zhiguli – todos – saíram de Togliatti pelas águas do Volga mundo afora. A atual fábrica, separada do museu e da antiga sede por uma larga avenida, produz 400 mil carros por ano e, com 140 km de linhas de produção, é uma das maiores do mundo e ocupa uma enorme porção de Togliatti. Segue sendo a maior empregadora da região.
“É muito legal lembrar dessas origens. Este é um símbolo de outros tempos e é importante preservar a memória”, contou Natasha Kavalenka, 24, que visitava o museu com seu namorado. No showroom que mostra a evolução dos Ladas ao longo dos anos, o namorado preferiu sair na foto com o velho Zhiguli. Natasha, com o mais esportivo de todos, um Lada que mais se parece a uma Ferrari.
O certo desprezo dos mais jovens contrasta com alguns motoristas mais velhos, que não querem desfazer o laço com os tempos soviéticos.
Enquanto isso, alheio a isso tudo, o time da Suíça segue concentrado para enfrentar o Brasil no resort Lada, treinando no estádio onde joga o... Lada.
“O hotel é lindo e tem tudo de que precisamos para nos prepararmos adequadamente. É na floresta e com vista para o Rio Volga", limitou-se a falar o goleiro Sommer.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.