PM não deixa Maria Eduarda, 7 anos, ver jogo do Palmeiras de rosto pintado
Por causa de uma norma da Polícia Militar para conter torcedores violentos, Maria Eduarda, de 7 anos, considerada pelo pai uma “palmeirense fanática”, foi impedida de entrar no Allianz Parque com o rosto pintado de verde e branco.
Edgar Nepomuceno soube que a filha não poderia entrar na arena ao passar pela revista. Ele precisou levá-la ao banheiro de uma lanchonete para tirar a pintura do rosto. “Eu fiquei sem reação. Ela ficou chateada e chorou um pouco”, disse Edgar. “Só voltou a se animar quando o jogo começou. Como eu ia explicar que ela não podia entrar com o rosto pintado?”
Maria Eduarda foi barrada em razão de uma norma da polícia de impedir a entrada de torcedores com o rosto coberto. De cara limpa, eles seriam mais facilmente identificados em caso de brigas dentro do estádio. Não se tem notícia, porém, da norma já ter sido aplicada antes em uma criança.
Depois de conseguir entrar no Allianz, Edgar publicou a história na internet e o caso gerou indignação. Ao UOL Esporte, ele disse que ideia de pintar o rosto partiu da própria filha, frequentadora assídua dos jogos do Palmeiras em casa. “Comprei todo o material hoje de manhã, foi uma correria. Qualquer pai fica triste de ver seu filho chorando, ainda mais se for ela que gosta tanto do Palmeiras.”
PM fala em falta de bom senso
Procurado pela reportagem, o major da PM Mário Alves da Silva Filho, disse que não foi informado do caso específico de Maria Eduarda, mas também afirmou que barrar uma criança de entrar no estádio por estar com o rosto pintado é “falta de bom senso.”
“Pessoalmente, eu teria o bom senso de permitir que a criança entrasse com o rosto pintado”, disse o major, que está há mais de um ano no batalhão que faz a segurança de estádios de futebol. “Agora pegar cada policial e ver qual a decisão que ele toma ali na hora é difícil. A distância entre o policial que faz a vistoria para o sargento é cerca de dez metros. Então ele não pergunta, e tem que tomar a decisão ele mesmo. Às vezes, dão uma falhada.”
Segundo a polícia, a orientação geral é que torcedores não tenham o rosto completamente coberto. Esse procedimento, que não está em nenhuma legislação, não diferencia adultos de crianças. “Bom senso para nós é o que está na lei”, disse o major. “E é difícil fazer uma regra ‘criança pode, adulto não’. Mas concordo que nesse caso foi além da conta.”
Edgar, o pai da menina, disse que ela voltou a ficar alegre depois que a vitória palmeirense foi confirmada. Com 1 a 0 sobre o Botafogo, a equipe ficou a uma vitória simples de garantir o título, que pode vir já no próximo domingo, contra a Chapecoense.
“Maria Eduarda vai com o cabelo verde e o rosto pintado com listras verde e branca, porque isso parece que pode”, disse Edgar, cuja mulher está grávida.
Se o bebê for menino, se chamará Eduardo Gabriel, uma homenagem aos atacantes Dudu e Gabriel Jesus, dois dos principais jogadores da atual campanha palmeirense.
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