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Estreia da F-1 vira desastre para seu grande alvo: o mercado dos EUA

Kevin Magnussen estava em quarto quando abandonou o GP da Austrália - Morgan Hancock/Action Plus via Getty Images
Kevin Magnussen estava em quarto quando abandonou o GP da Austrália Imagem: Morgan Hancock/Action Plus via Getty Images

Julianne Cerasoli

Do UOL, em Melbourne (AUS)

27/03/2018 04h00

A primeira corrida da temporada da Fórmula 1, disputada na Austrália e vencida por Sebastian Vettel, foi um desastre dentro e fora da pista para o grande alvo comercial da categoria: o mercado norte-americano. Única equipe dos Estados Unidos, a Haas caminhava para obter o melhor resultado de sua história, mas sofreu um duplo abandono por falhas nos pit stops. E, na estreia da ESPN como detentora dos direitos de transmissão no país, a emissora teve falhas e foi duramente criticada.

Os pilotos da Haas, Kevin Magnussen e Romain Grosjean, estavam na quarta e quinta colocações quando fizeram seus pit stops. Como as posições eram reais (já levavam em consideração as paradas de adversários nos boxes), o time tinha grandes chances de conquistar 22 pontos, quase metade de toda a pontuação do ano passado.

Porém, em um espaço de poucas voltas, primeiro Magnussen, e depois Grosjean tiveram de abandonar depois de terem sido liberados de seus pit stops sem que as rodas estivessem bem fixadas. Além do abandono duplo, a falha ainda gerou uma multa de 10 mil euros (quase 40 mil reais) ao time.

“Foi apenas um pit stop ruim”, explicou o chefe da equipe norte-americana, Gunther Steiner. “A porca estava lá, mas entrou enroscada. Então ela não fica presa mas, para o mecânico, a sensação é de que estava normal. É inacreditável ter o mesmo problema em dois pit stops, um na roda dianteira, outro na traseira. Mas é real, aconteceu.”

Steiner explicou que os carros apresentaram problemas durante a sexta-feira e os mecânicos acabaram não treinando tantos pit stops quanto seria normal. “Fizemos o mínimo e essa poderia ser uma das explicações. Já discutimos que [na próxima corrida] no Bahrein teremos de começar os treinos o quanto antes.”

TV se desculpa por transmissão
Os telespectadores norte-americanos, contudo, sequer entenderam o porquê dos abandonos dos carros que representam seu país. Na estreia da ESPN como detentora dos direitos de transmissão nos EUA, houve cortes para comerciais justamente em momentos cruciais da corrida - como o abandono duplo e a relargada após o Safety Car, logo após Vettel tomar a liderança de Lewis Hamilton.

Como a opção da ESPN foi usar a narração da Sky Sports, do Reino Unido, que não tem comerciais, os narradores não tinham a necessidade de explicar o que tinha acontecido. E os norte-americanos ficaram perdidos.

Além disso, houve problemas técnicos na primeira parte da cobertura e a transmissão só começou bem perto da largada, diferentemente do que fora anunciado.

Depois de uma chuva de críticas, a emissora soltou um comunicado oficial pedindo desculpas. “Nos pedimos desculpas aos fãs de F-1 pelos problemas técnicos que fizeram com que eles perdessem os 20 primeiros minutos da programação pré-corrida do GP da Austrália. Sentimos muito que nossa transmissão não foi tão tranquila quanto gostaríamos e estamos fazendo mudanças para prevenir que essas coisas voltem a acontecer no futuro. Nós agradecemos os fãs por terem assistido e por sua incrível paixão pela F-1.”

A F-1 foi para a ESPN nesta temporada depois da NBC, que deteve os direitos nos últimos cinco anos, não aceitar os termos pedidos pela Liberty Media, que também é norte-americana e controla a parte comercial do esporte, para a renovação do contrato.

A emissora, contudo, dava um espaço muito maior: investiu apenas em 2017 5 milhões de dólares na cobertura e divulgação, com cerca de 300 horas de F-1 na programação. A ESPN terá 125 horas de transmissão, sem produzir material específico para o público dos EUA, reproduzindo o sinal da Sky britânica.

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