Opinião

Pantoja repete longa caminhada de Do Bronx rumo ao estrelato no Brasil

A fase impressiona. Com cinco vitórias seguidas no UFC, Alexandre Pantoja manteve seu cinturão dos pesos-moscas (57 kg) neste sábado (16) em Las Vegas (EUA) e garantiu passo importante em sua busca pessoal para, como ele diz, se tornar um ídolo no Brasil. A tarefa está longe de ser fácil, mas a vitória dominante diante de Bradon Royval provou que o talento de disposição do carioca no octógono deve lhe garantir tempo de sobra para que ele brigue pela sonhada posição.

Três fatores, no entanto, pesam contra em um possível planejamento para alcançar tal status. Por morar nos EUA, onde se prepara para suas lutas, Pantoja se distancia dos principais veículos de grande mídia justamente no período de promoção de seus futuros combates. Cenário que demanda certo esforço para ser revertido, mas que está longe de ser inviável.

Outro ponto que merece destaque é o fato da sua categoria, via de regra, não ser das mais vendáveis. Vale lembrar, inclusive, que o fim da divisão chegou a ser anunciado, em decisão que durou poucas semanas. Por se tratar da categoria com os atletas homens mais leves do evento, o índice de nocautes e finalizações não é dos mais altos, o que consequentemente afasta o maior engajamento do grande público.

Por fim, sua postura menos midiática, ao menos para o padrão do grande público que passou a acompanhar o MMA mais recentemente, coloca Pantoja em uma posição de grande dependência de suas performances no octógono - neste quesito, porém, ele sobra em excelência. Ao todo são 11 triunfos no evento, sendo seis pela via rápida, índice elevado para a divisão.

Na verdade, eu passo longe de ser um crítico de sua postura. Ao seu modo, mesmo que de forma gradativa, Alexandre conquista sua base de fãs pouco a pouco e de forma sólida. A tendência, portanto, é que seus seguidores engajem de forma mais "fiel". No entanto, isso não é o suficiente para que ele alcance o objetivo de popularidade que deseja em sua terra natal.

Ao longo dos mais de dez anos de cobertura deste esporte, já vi diversos tipos de personalidades diferentes furarem a bolha e atingirem o grande público. Não há receita ou fórmula para tal, mas o principal é, sempre, manter sua própria personalidade. E o atleta brasileiro cumpre essa cartilha tranquilamente.

Mas é fato que, com estilo nada apelativo e baseado em suas performances no octógono, Pantoja demandará mais tempo para atingir o grande público. Conhece alguém que fez o caminho mais longo e que, por isso, acumulou uma base sólida de fãs e que hoje é o nome mais famoso do esporte no Brasil? Exatamente, Pantoja, assim como Charles do Bronx, segue uma caminhada que, no longo prazo, tem grande chance de se popularizar no país.

Nesse caminho, Charles adotou algumas mudanças que o ajudaram nesta caminhada. Frases de efeito como 'O campeão tem nome' e a repaginada no seu visual com ternos chamativos, proporcionada pelo polpudo aumento salarial conquistado após árduos anos na organização, tornaram Charles mais acessível e midiático para quem não acompanha o esporte no seu dia-a-dia. E algo parecido pode ser visto a partir de agora com o peso-mosca

Batalhador e de origem humilde, Pantoja superou adversidades durante toda sua carreira até chegar ao topo do MMA mundial. E se por lá permanecer, o céu é o limite. Como diria Charles do Bronx: o campeão tem nome, e ele se chama Alexandre Pantoja.

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Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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