Allan Simon

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YouTube exalta 'democratização' no esporte e mira além de grandes eventos

Democratizar o acesso ao esporte e até mesmo servir como espaço para o surgimento de "modalidades inventadas" pelos próprios criadores. Esses são alguns dos pontos levantados pelo relatório YouTube Vibes, concluído nos últimos dias do mês agosto pela plataforma de vídeos, como sinais de um novo tempo esportivo e digital.

O YouTube realizou estudos com pesquisas online e grupos focais em seis países da América Latina (Brasil, Argentina, Chile, Colômbia, México e Peru). Os dados revelaram que 76% dos usuários jovens do Brasil gostam de assistir a desafios, jogos ou modalidades inventadas pelos canais da plataforma. É o que foi batizado como "memesports", um jogo viral.

"Durante a pandemia e pós-pandemia, a gente teve um alto consumo de 'corrida de bolinha de gude', que é um negócio que nunca ninguém imaginou. E é engraçado que outro dia eu estava olhando na ESPN, no Star+, e uma das ESPNs, com narração em português, estava transmitindo uma corrida de bolinha de gude. E tem o exemplo do Mundial de Balão, aquela brincadeira de criança que não podia deixar a bexiga cair", disse o gerente de Tendências e Cultura do YouTube no Brasil, Bruno Telloli, em entrevista à coluna.

"A gente chama isso de 'memesports', que são esportes que você acha que são um meme, uma brincadeira, mas tem uma transmissão, uma galera séria por trás envolvida", completou Telloli.

Em tempos nos quais o acesso às imagens de competições oficiais de futebol são cada vez mais restritos aos detentores de direitos de transmissão (na Libertadores, por exemplo, qualquer outra empresa é proibida de fazer imagens nos estádios), esse tipo de ação que une criatividade ao esporte é vista como um caminho interessante para os criadores.

"Por exemplo, tem a Supercopa Desimpedidos, que reúne uma galera da internet e tem uma audiência gigantesca. Os criadores vão se adaptando, principalmente essa galera que tem audiência sabe que consegue criar coisas principalmente quando não está acontecendo nada. A Supercopa Desimpedidos sempre acontece no final do ano, quando já está decidido o Campeonato Brasileiro, as competições sul-americanas já acabaram. O Mundial de Balão estourou durante a pandemia, quando não tinha nenhum esporte acontecendo", disse o gerente.

No relatório YouTube Vibes, a competição de bexigas é descrita como "algo que começou como uma piada viral de nicho" e "acabou se tornando um espetáculo multicultural, sob a liderança do lendário streamer Ibai em parceria com Gerard Piqué".

"Esses esportes virais normalmente compartilham alguns elementos com os esportes tradicionais, como atividade física, competição, habilidade e estruturação de regras competitivas, ao mesmo tempo que são consumidos como memes, replicáveis, remixáveis e viralizáveis. Também incorporam recursos dos esportes das novas culturas digitais, como interatividade, criatividade e espetáculo", diz o texto.

Mas o YouTube também comemora os resultados recentes com transmissões de grandes eventos. A CazéTV, por exemplo, transmitiu a última Copa do Mundo no Qatar em 2022, a Copa do Mundo Feminina de 2023, na Oceania, e o Mundial de Clubes da Fifa realizado em fevereiro no Marrocos. Além de diversos outros torneios importantes. Recentemente foi escolhida pela plataforma para transmitir o Paulistão 2024.

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"Essa pesquisa do Vibes apontou que 72% das pessoas entrevistadas prefere ver transmissões do seu esporte dentro do YouTube, do que no rádio ou na TV. Acho que tem ali um fator da interação com as pessoas que estão assistindo, o chat, e os próprios narradores fazendo essa interação com o superchat. Tem muito desse ganho", analisou Telloli, que citou o fato de a CazéTV conviver bem com meios mais tradicionais no mesmos eventos, como a TV Globo.

"Tem a galera mais nova que cada vez menos assiste TV, que está cada vez mais no celular e no tablet. Como no dia a dia essa galera está no online, está no celular, está nas redes sociais, então para ela é muito natural migrar da TV para assistir a uma transmissão esportiva em um canal no YouTube. Tem espaço para todo mundo. A gente tem visto esse crescimento, a gente viu grandes audiências na Copa do Mundo Feminina, foram 64 partidas, você pega um público que às vezes na televisão não estava interessado em ver, mas no online você tem esse interesse", completou. Outros exemplos além da CazéTV estão com a chegada do GOAT e do canal do narrador Galvão Bueno às transmissões.

A democratização do esporte não é citada apenas pelo acesso gratuito a eventos como esses no relatório, que segue a linha de que esportistas de qualquer modalidade podem criar conteúdo e criar uma comunidade dentro do YouTube. Segundo a pesquisa do Vibes, 89% dos brasileiros participantes da pesquisa tem essa percepção sobre a facilidade de criação de vídeos de seu esporte favorito na plataforma.

Outro ponto que o relatório aborda é a capacidade que o esporte tem de influenciar por meio das comunidades de criadores de conteúdo e atletas. Segundo a pesquisa, ficou em 66% dos entrevistados brasileiros o grupo que afirmou já ter comprado artigos esportivos por causa de um vídeo no YouTube.

Reportagem

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