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Quem é a maratonista mais rápida da história que venceu a São Silvestre

Brigid Kosgei completou a Maratona de Chicago com o tempo de 2h14min04s, novo recorde mundial feminino da prova - Quinn Harris/Getty Images/AFP
Brigid Kosgei completou a Maratona de Chicago com o tempo de 2h14min04s, novo recorde mundial feminino da prova Imagem: Quinn Harris/Getty Images/AFP

Do UOL, em São Paulo

31/12/2019 08h47

Resumo da notícia

  • Maratonista mais rápida da História, a queniana Brigid Kosgei venceu a São Silvestre
  • Ela tem 25 anos e corre cerca de 200 km por semana
  • Abandonou o colégio para focar no esporte, mas deu uma pausa na carreira aos 18 anos, após engravidar
  • Em 2015, voltou com tudo e focou totalmente no atletismo enquanto o marido cuidava dos gêmeos
  • Brigid nunca teve um desempenho tão glorioso quanto em 2019: foram oito competições --e ela venceu todas

A maratonista mais rápida da História também brilhou na São Silvestre, realizada hoje (31) em São Paulo. A queniana Brigid Kosgei, de 25 anos, bateu, no último outubro, o recorde mundial dos 42,195 km da Maratona de Chicago; foi neste ano, ainda, que ela se tornou a mulher mais jovem a ganhar a Maratona de Londres. A prova de hoje foi conquistada com folga, mas desta vez sem recorde — 48min54s contra 48min48s.

Para alcançar esse resultado histórico logo em sua primeira participação, a recordista correu a distância da São Silvestre (15 km) em treinos diários no fim de tarde (que, às vezes, chegam a 20 km). Pela manhã, ela percorre outros 20 km, o que dá um volume semanal de cerca de 200 km.

O primeiro contato da atleta com a corrida aconteceu ainda na infância, época em que estudava em uma escola que ficava a 10 km da casa em que morava com os pais e seis irmãos em Elgeyo-Marakwet, uma região no Vale do Rift conhecida por ter abrigado alguns dos principais corredores do Quênia.

Infância de corredora

Em entrevista à BBC, concedida em outubro, a atleta detalha a infância e explica o que a motiva a continuar correndo —cada vez mais rápido: "Quando penso na infância humilde que tive e nas dificuldades que enfrentei, digo a mim mesma que não posso voltar a viver essa vida. E isso faz com que eu treine cada vez mais e me saia cada vez melhor", disse.

Durante as corridas para a escola, a pequena Brigid cruzava com atletas que treinavam no mesmo percurso. E, sempre que os via, pensava: "Eu posso ser como eles". E conseguiu: em outubro, ela bateu o recorde estabelecido pela britânica Paula Radcliffe, em Londres, há 16 anos, por 81 segundos.

Também à BBC, o treinador que trabalhou com a atleta durante o ensino médio contou que ela, desde criança, tinha um talento incomum; era extremamente disciplinada e competitiva, e não gostava nem um pouco de perder,

Brigid começou a competir em eventos de média distância ainda na escola. Em 2012, aos 17 anos, no último ano do ensino médio, abandonou o colégio —o valor da mensalidade estava alto e os estudos estavam ocupando um espaço cada vez menor em seu dia a dia. A maior parte dele, é claro, era destinada aos treinos de corrida.

O foco no esporte só aumentou, e Brigid começou a treinar com o então namorado Mathew Kosgei, com quem é casada atualmente. Aos 18 anos, ela deu uma pausa na carreira para ser mãe: deu à luz gêmeos, mas a corrida continuou no centro de sua vida. Em 2015, voltou a treinar intensamente em um acampamento exclusivo para corredores, no Quênia.

Esses espaços são destinados a atletas que precisam ficar longe das distrações do dia a dia. Para isso, esses competidores abrem mão da semana com a família —e até do convívio com os filhos por certo período. Foi a decisão que Brigid decidiu tomar.

"Meu marido disse que eu não deveria me preocupar, falou que cuidaria das crianças enquanto eu focasse na minha carreria", contou à BBC. "Ele disse, ainda, que elas, em breve, se acostumariam aos encontros apenas aos fins de semana".

Poucos meses depois de entrar no acampamento, a competidora correu sua primeira maratona —em novembro de 2015, em Portugal. Ela venceu a competição com larga vantagem —mais de quatro minutos à frente da segunda colocada. E, desde então, passou a treinar com homens para melhorar sua resistência. Quando dá vontade de desistir, diz a si mesma: "Continue correndo".

No ano seguinte, Brigid viveu uma temporada vitoriosa. Das quatro provas das quais participou, chegou em segundo lugar apenas na Maratona de Lisboa. Com uma carreira composta por maratonas, meia maratonas e provas ocasionais de 5 km, 10 km, 15 km e 20 km, em nenhum ano a queniana teve um desempenho tão glorioso quanto em 2019. Foram oito competições, e em todas ela ficou no ponto mais alto do pódio.

O ano de 2019 chega ao fim e, em 2020, o foco da competidora será o maior evento esportivo do mundo —os Jogos Olímpicos de Tóquio.