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Mineradoras, Serra do Curral e reformas: o que pensam pré-candidatos em MG

Do UOL, em São Paulo

14/05/2022 04h00Atualizada em 14/05/2022 10h21

O licenciamento para mineração na Serra do Curral e as condições das estradas estaduais foram os principais alvos de críticas e propostas dos pré-candidatos ao governo de Minas Gerais durante a série de sabatinas promovidas pelo UOL e pela Folha de S.Paulo.

Recentemente aprovada pela gestão de Romeu Zema (Novo), a licença para minerar um dos cartões-postais mineiros teve críticas de ambientalistas e especialistas, além de ser questionada na Justiça.

Seu principal opositor na disputa, o ex-prefeito Alexandre Kalil (PSD) prometeu proteger a serra, considerada por ele como um "escudo de proteção" para as águas da região.

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"O que precisamos é não ser office boy de mineradora. Precisamos regulamentar, regularizar. A mineração é importante, mas não pode mandar no estado."

O senador Carlos Viana (PL), pré-candidato apoiado por Jair Bolsonaro, prometeu investir em outras frentes que não a mineração, que chamou de recurso limitado, e criticou o licenciamento para mineração na Serra do Curral.

"Minas Gerais depende de mineração de forma absurda. As minas vão exaurir e a população não vai aceitar. Temos a Serra do Curral, que é cartão-postal da cidade, que, recentemente, ganhou licença à noite para começar mineração. Isso está indicando um caminho para gente. Temos que buscar outras fontes de renda para Minas Gerais."

Serra do Curral (MG), na divisa entre BH, Nova Lima e Sabará Imagem: Divulgação/CMBH

Miguel Corrêa (PDT) relembrou tragédias com mortes em Mariana e Brumadinho para criticar o projeto em local que ele chamou de "quadro que emoldura Belo Horizonte".

"O que o governo Zema faz, de não observar um pouquinho do que aconteceu e não criar um novo modelo, ele é quem está assumindo essa conta que coloca em risco muitos mineiros", disse, também prometendo regulamentar melhor essa área.

Lorene Figueiredo, do PSOL, destacou a importância da Serra do Curral e afirmou que a preservação por parte do estado é "o mínimo a se fazer".

"A Serra do Curral cumpre um papel importante do ponto de vista do equilíbrio climático, ambiental, da preservação de várias espécies que são próprias daquele bioma. Também vai impactar fortemente a barragem de Nova Lima."

Ela também prometeu rever isenções fiscais para as mineradoras. "Não podemos permitir renúncia fiscal da ordem de R$ 6,2 bilhões em 2019 a esse tipo de empresa."

Renata Regina (PCB) foi mais além e defendeu o tombamento urgente da Serra do Curral. "A gente precisa atuar contra essa lógica imposta pelo capital da mineração predatória. Essa mineração predatória que sequestra nosso território, a riqueza do nosso estado e faz com que o retorno disso vá todo para fora, que sequestra nosso meio ambiente. Lá na Serra do Curral tem espécie em extinção ameaçada, a gente sofre impactos climáticos", disse.

Marcus Pestana (PSDB) considerou a liberação um "absurdo" e cobrou consciência. "Temos que ter absoluto rigor e firmeza na política ambiental de licenciamento, e quero deixar claro que sou contra mineração na Serra do Curral. É um absurdo, é um patrimônio. Tem outros ambientes para a mineração crescer."

Como o governador não quis participar das sabatinas, não houve espaço para que ele explicasse sua decisão ou refutasse os argumentos dos demais concorrentes.

Kalil, Viana e Pestana disseram que Zema peca no diálogo com o funcionalismo público, o que ocasionou problemas como a greve recente.

"O que falta é o Executivo chamar o funcionalismo para a mesa [de negociação]. Quando 40 mil pessoas saíram às ruas em Belo Horizonte, o governador não chamou, mandou o segundo ou terceiro escalão negociar. Não adianta reinar: tem que governar", criticou Kalil.

A greve foi provocada pela irresponsabilidade, pela demagogia barata, que é a tônica desse governo."
Alexandre Kalil (PSD), pré-candidato ao governo de Minas Gerais

Já o tucano disse que Zema "não é do ramo" e não tem "tesão em política". "Ele não tem capacidade de diálogo. Você tem conflito de distribuição do orçamento público. Minas está quebrado. As reformas não foram feitas na profundidade", criticou.

O equilíbrio fiscal é a raiz de tudo. O equilíbrio fiscal é fundamental para ter capacidade de investimento, e Minas não fez reformas."
Marcus Pestana (PSDB), pré-candidato ao governo de Minas Gerais

Para Viana, Zema não tem apoio na Assembleia Legislativa para aprovar medidas e patina na gestão.

O governo de Minas é um governo de papelão. Você tem uma série de publicidade sobre eficiência administrativa, mas, no fundo, você percebe que o estado não saiu da dependência da União, não tem programa de desenvolvimento para deixar de ser estado minerador."
Carlos Viana (PL), pré-candidato ao governo de Minas Gerais

Sobre as estradas, acidentes e trechos esburacados foram as maiores preocupações dos políticos.

Kalil disse que o dinheiro foi mal-empregado. "Não há melhora: há um engodo. O governo tem R$ 35 bilhões em caixa e não consegue tapar buraco na estrada porque não sabe fazer", afirmou.

Corrêa também criticou a forma em como o atual governador utiliza recursos públicos, que, segundo o pedetista, não foi usado para manutenção de rodovias: "O Zema não tem rodado de carro nas cidades mineiras. É um absurdo a situação das estradas".

Ele defendeu inclusive parcerias com a iniciativa privada. "Essa pauta tem que estar na pauta de qualquer governador que for eleito, para ter estradas mais trafegáveis e menos perdas de vida, de prejuízo material, de atrasos que essas estradas têm causado, inclusive na nossa economia."

Para Regina, a saída é não pagar a dívida com a União e rever os impostos pagos pelas mineradoras. "Precisamos rever a questão da tributação no estado. Precisamos tributar proporcionalmente as empresas que fazem a mineração, usam muita água, contaminam a água. Elas não têm que ter subsídio, desconto, benefício na tarifa de água. Elas têm que pagar muito mais", afirmou, criticando o que chamou de "mineração predatória".

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